terça-feira, 26 de março de 2013

Análise Clínica dos Sofrimentos de Cristo



Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante toda a minha carreira estudei anatomia a fundo. Posso portanto escrever sem presunção a respeito de morte como aquela. Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou como gotas de sangue a escorrer pela terra. O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue ou hematidrose, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo corpo até a terra.
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes.
Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura.
Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia. Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo). Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado a multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos.
Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. Os soldados tiram sua túnica. Os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. E ao tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere a carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descobertas pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apóiam-no sobre as mãos de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira.
Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que difundiu pelos dedos, e espalhou-se peles ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provocar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não.
O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha a cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes.
Um suplício que durará seis horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam a Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo tombar para trás. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira.
Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas Ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em uma bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijem em uma contração que vai se acentuando: Os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômem se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Sente necessidade de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequeno golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
Porque este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Logo em seguida o corpo começa a afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça.
Foram transmitidas sete frases pronunciadas por Ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio os pregos dos pés.
Inimaginável!
Atraídas pelo sangue que ainda escorre pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde. Derrepente a temperatura diminui.
Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura seis horas.
Todas as dores, a sede, as câimbras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”.
Jesus grita “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz:
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E morre. Em meu lugar e no seu.

Dr. Barbet, médico francês: colaboração: Pastor Celso Augusto Saraiva




“Toda dor suportada pelo Filho de Deus sobre a cruz, as gotas de sangue que corriam de Sua fronte, Suas mãos e pés, as convulções de agonia que sacudiam Seu corpo, e a indescritível angústia que enchia Sua alma ao dEle ocultar o Pai a face, falam ao homem, dizendo: Foi por amor de ti, que o Filho de Deus consentiu em levar sobre Ele esses odiosos crimes; por ti Ele rompeu o domínio da morte, e abriu os portões do Paraíso e da vida imortal.” Ellen White – História da Redenção 225. 


Pense Nisso!

Um comentário:

Unknown disse...

É interessante o fato de ainda pensarmos que Deus não se importa conosco,quando Ele mandou o Seu único Filho ao mundo para salvá-lo.