quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A Parábola do Trigo e do Joio



As Escrituras Sagradas são fonte de conhecimento e vida. Jesus mesmo disse que Suas palavras eram vida. Jo. 6:63. Na Bíblia encontramos uma fonte inesgotável de sabedoria. Quanto mais cavamos as escrituras, mais jóias preciosas encontramos. Muitas dessas jóias são encontradas nas palavras de nosso Salvador quando aqui andou entre os homens. Através de ilustrações Jesus introduzia a verdade na vida das pessoas de tal forma que seus ensinamentos jamais seriam esquecidos. As parábolas eram uma ferramenta nas mãos do poderoso Mestre com a qual ele abria corações e ensinava lições que seriam imortalizadas. Neste estudo abordaremos uma dessas parábolas e algumas das preciosas lições que a mesma encerra.

AS TRÊS APLICAÇÕES DA PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO

A Parábola do trigo e do joio tem sido mal interpretada por muitos. Dentre as piores interpretações encontra-se aquela que diz que devemos tolerar ate mesmo graves erros na igreja pois que Jesus disse que o trigo (os fiéis) e o joio (os falsos crentes) devem crescer juntos na igreja até o fim. Com esta teologia falsa e perigosa muitas igrejas procuram defender certos afastamentos da palavra de Deus. Isto e muito triste pois a Bíblia que fora escrita para corrigir o erro, esta sendo usada para defende-lo. Desta forma julgamos ser necessário a luz da inspiração esclarecermos este assunto. Leiamos, pois a parábola e aprendamos de nosso Mestre:

“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.” Mateus 13:24 –30.




1ª APLICAÇÃO: NO MUNDO

Jesus contou a parábola, contudo não deu a explicação, esta, foi dada em particular aos discípulos em casa.

“Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo. E ele, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem; O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Mateus 13:24 –39.

Resumidamente, a explicação é que:

A – O Semeador representa Jesus – Vers. 37.
B – O Campo é o mundo – Vers. 38.
C – A boa semente, o trigo, são os filhos de Deus – Vers. 38.
D – O joio, são os ímpios, os filhos do maligno – Vers. 38.
E – O semeador do joio representa Satanás – Vers. 39.
F – A colheita ou a ceifa é o fim do mundo – Vers. 39.
G – Os ceifeiros são os anjos – Vers. 41.

Desejamos esclarecer alguns detalhes nesta explicação, pois como já dissemos, existem idéias equivocadas sobre a explicação de Jesus, que aliás, fora muito clara, mas que tirada de seu verdadeiro significado pode levar algumas pessoas a consensos errados. Vejamos: “A colheita é o fim do mundo” disse Jesus. Aí alguns pensam: Se a colheita é o fim do mundo, não podemos separar ninguém da igreja, devemos esperar para o fim. Contudo, tais pessoas, que acreditamos sinceras, esquecem-se e ignoram que Jesus disse que “o campo é o mundo” e não a igreja!

Quando ocorrerá a separação neste campo? Ou seja, no mundo?

“Assim como o joio é colhido e queimado no fogoassim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre os justos.” Mateus 13:39- 43,49.

Neste campo, ou seja, no mundo, realmente o joio, os filhos do maligno, serão separados do trigo, os filhos do reino, somente quando o Filho do homem vier e pedir a seus anjos que façam esta separação. Esta separação terá lugar, portanto apenas na consumação deste mundo, ou na consumação dos séculos. Enquanto este dia não chega, teremos que conviver com pessoas ruins em diversos lugares, nos supermercados, na fila do banco, nas escolas, etc.

“Está próximo o dia em que os justos, qual semente preciosa, hão de ser ajuntados para os celeiros celestiais, enquanto os ímpios, à semelhança do joio, o serão para o fogo do grande dia. Mas o trigo e o joio deverão ‘crescer ambos juntos até a ceifa’.
“No desempenho de seus deveres cotidianos, os justos hão de estar, até o fim, em contato com os ímpios”.[1]

Não podemos, portanto confundir a explicação de Jesus e aplica-la para a igreja, pois Ele foi muito claro em dizer que nas circunstancias de Sua explicação, o campo é o mundo e não a igreja. Na igreja, podemos dizer que a historia e completamente diferente. Vejamos!




2ª APLICAÇÃO: NA IGREJA

Veremos agora como a parábola do trigo e do joio tem uma aplicação para dentro da igreja. Aqui verificaremos algumas semelhanças com a aplicação que Jesus dera a parábola. Porém veremos também algumas diferenças marcantes.

A – O Semeador representa Jesus – “O que semeia a boa semente é o Filho do homem...”.[2]

Neste ponto “A” temos a mesma aplicação que no mundo, contudo, enquanto na primeira aplicação o campo era o mundo, nesta aplicação a inspiração nos diz que:

B – O campo representa a igreja – “’O campo’ disse Cristo, ‘é o mundo’. Precisamos, porém, entender isto como significativo da igreja de Cristo no mundo”.[3]

O que ocorre, portanto, dentro da igreja?

“Ao mesmo tempo em que o Senhor traz para a igreja os verdadeiros convertidos, Satanás traz para sua comunhão pessoas não convertidas. Enquanto Cristo semeia a boa semente, Satanás semeia o joio. Duas influências oponentes se exercem continuamente sobre os membros da igreja. Uma influência opera em favor da purificação da igreja, e a outra em favor da corrupção do povo de Deus”.[4]

Neste campo, ou seja, na igreja, temos também a influencia tanto do trigo quanto do joio. Triste e dizer que na igreja também existe esta influencia má para atrapalhar a obra de Deus. Sim, dentro da igreja também existe o joio.

C – A boa semente representa os fiéis – “A boa semente são os filhos do reino. ...aqueles que são nascidos da palavra de Deus”.[5]

D – O joio são os falsos crentes – “O joio representa uma classe que é o fruto da encarnação do erro, de princípios falsos. Dói aos servos de Cristo ver misturados na congregação crentes falsos e verdadeiros”.[6]

Neste ponto pode alguém então pensar que a igreja então deve tolerar todo erro claro sem poder nada fazer. Contudo, o Espírito de Profecia nos diz que:

“O verdadeiro caráter desses pretensos crentes não é plenamente manifesto”.[7]

Este joio, portanto, que se encontra na igreja, que é membro da igreja, não tem pecados abertos, não revelou seu verdadeiro caráter diante da igreja e diante dos irmãos. Todos os que olham para tais pessoas pensam ver um verdadeiro irmão. Não o vêem cometer nada que o comprometa com os princípios da igreja. Neste caso a inspiração nos adverte:

“Se tentássemos desarraigar da igreja os que supomos serem cristãos espúrios, certamente cometeríamos erro”.[8]

Atentemos bem que não devemos agir em base de suposições. Neste caso, a igreja pode cometer erros graves em desligar alguém que pode ter cometido alguma falta com base em alguma possibilidade.  Diante de tais circunstâncias, poderia estar extirpando o trigo em lugar do joio, desde que nada fora provado. Em suma, a verdade é que a igreja jamais deve agir com fundamentos em suposições. Mas a pergunta é: E quando existem provas de que alguém não está andando segundo os princípios do evangelho? Esta resposta teremos um pouco mais adiante. Continuemos a explicação da parábola neste campo, ou seja, na igreja.

E – O semeador do joio representa Satanás – “O inimigo que o semeiou é o diabo”. [9]

“Ao mesmo tempo em que o Senhor traz para a igreja os verdadeiros convertidos, Satanás traz para sua comunhão pessoas não convertidas. Enquanto Cristo semeia a boa semente, Satanás semeia o joio.”[10]

F – A colheita representa o fim do tempo da graça – “O joio e o trigo devem crescer juntos até a ceifa; e a colheita é o fim do tempo da graça”.[11]

Lembremo-nos que quando estudamos a aplicação da parábola no mundo, vimos que a colheita se realizará apenas na consumação dos séculos, ou seja, no fim do mundo, quando Jesus voltar a esta Terra. Na igreja, porém, temos dois períodos de colheita. A primeira será realizada no fim do tempo da graça. Por que, pois a colheita na igreja não será apenas no fim do mundo mas bem antes? Exatamente porque a igreja precisa ser purificada de falsos irmãos antes que esteja preparada para concluir a obra de pregação. Estes falsos crentes que se misturaram nas congregações se passando por bons cristãos serão eliminados da igreja antes que a porta da graça se feche e Jesus volte. Desta forma, enquanto que no mundo a separação será feita apenas no fim, na igreja, a separação do trigo e do joio, será realizada bem antes.

G – O que realizará esta colheita ou ceifa será a sacudidura, uma grande prova para a igreja.

No mundo, quem realizará a colheita serão os anjos. Na igreja, em se tratando do joio que ainda não deu fruto, será realizado pela sacudidura ou por uma grande prova que testará os verdadeiros propósitos e sentimentos de cada um. Aquele joio, portanto, que estava escondido se passando por trigo, será eliminando da igreja por esta prova.

 Em se tratando mesmo do trigo e do joio literal, ambos são bem semelhantes. A diferença se nota apenas quando aparecem os frutos. O trigo dá sua espiga de fruto tombado, penso, apontando o chão. O joio, porém, por conter apenas palha, sem fruto algum, dá sua espiga em sentido vertical, apontando o céu. Na igreja, o trigo e o joio são muito semelhantes. Nada há que indique visivelmente que entre os membros da igreja exista o joio. Mas ele está ali, aparentando ser trigo. Antes que a igreja seja batizada com o Espírito Santo, este joio terá que ser removido da igreja. Neste caso, o Senhor fará pela igreja o que ela não pode fazer com bases apenas em suposições. Deus enviará então um peneiramento, um dificuldade muito grande, para que este joio venha se manifestar e abandone então as fileiras dos verdadeiros crentes. Leiamos algumas passagens sobre isto.

“Disse o anjo: ‘Olha’. Minha atenção foi então dirigida ao grupo que eu vira e estava fortemente sendo sacudido. Foram-me mostrados os que eu antes vira chorar e orar com agonia de espírito. A multidão de anjos da guarda ao seu redor fora duplicada, e estavam revestidos de uma armadura da cabeça aos pés. Marchavam em perfeita ordem, semelhantes a um grupo de soldados... Haviam alcançado a vitória...”.
“Diminuíra o número dos que faziam parte desse grupo. Ao serem sacudidos, alguns tinham sido arrojados fora do caminho. Os descuidosos e indiferentes , que não se união com os que prezavam suficientemente a vitória  e a salvação, para por elas lutar e angustiar-se  com perseverança, não as alcançaram, e foram deixados para traz, em trevas, e seu lugar foi imediatamente preenchido pelos que aceitavam a verdade e ala se filiavam”.[12]

“E por aquele tempo a classe dos superficiais, conservadores, cuja influência tem retardado decididamente o progresso da obra, renunciará a fé e tomará sua posição com os fracos inimigos dela, para os quais havia muito tempo tendiam as suas simpatias”.[13]

Todos os que desejarem abandonar a congregação, terão oportunidade. O grande tempo do peneiramento está justamente diante de nós. Os ciumentos e os descobridores de faltas, que praticam o mal serão sacudidos para fora”.[14]

“A prosperidade multiplica a massa dos que professam. A adversidade expurga-os da igreja. Como uma classe, não tem o espírito firme em Deus. Saem de nós, porque não são de nós, pois quando surge tribulação ou perseguição por causa da Palavra, muitos se escandalizam”.[15]

“A grande questão que está tão próxima eliminará aqueles a quem Deus não designou, e Ele terá um ministério puro, leal, santificado e preparado para a chuva serôdia... ”.[16]

“Não vem distante o tempo em que toda alma terá de ser provada... Por esse tempo o ouro será separado da escória, na igreja. A verdadeira piedade distinguir-se-á então claramente daquela que consiste na aparência. Muitas estrelas cujo brilho temos admirado, então se apagarão transformando-se em trevas. A palha, como nuvem, será levada pelo vento, mesmo de lugares onde só vemos ricos campos de trigo”.[17]

Na igreja, portanto, a separação ou a colheita do joio que ainda permanece na igreja sem revelar seu verdadeiro caráter, aparentando ser trigo quando na verdade é joio será na sacudidura. Este, como já dissemos e voltamos a repetir, será o caso do joio que ainda não revelou sua verdadeira natureza, não tem pecados conhecidos pela igreja, Todos o julgam trigo. Este será eliminado nesta terrível sacudidura. Neste ponto cabe a todos nós uma pergunta importantíssima:


QUAL DEVE SER A ATITUDE DA IGREJA DIANTE DO PECADO ABERTO E DECLARADO?


“E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa.” Marcos 4:29.

“Cristo ensinou claramente que aqueles que perseveram em pecado declarado devem ser desligados da igreja; mas não nos confiou a tarefa de ajuizar sobre caracteres e motivos”.[18]

Estas passagens são bem claras sobre a posição que a verdadeira igreja de Deus deve ter com respeito a pecados declarados. Não cabe a igreja julgar os motivos ou condenar alguém, ou julga-lo um joio. O caráter de cada um cabe a Deus apenas o julga-lo, porém o pecado não deve ser tolerado, “aqueles que perseveram em pecado declarado devem ser desligados da igreja”.

É aqui que muitas igrejas erram. Confundem a aplicação da parábola. Aplicam a explicação de Jesus para a igreja e o erro acaba por ser tolerado e infelizmente até defendido. Neste caso que estamos considerando, a colheita não é somente no fim do mundo, nem apenas no fim da graça, mas quando o pecado se torna público. Neste caso, na igreja, como já dissemos, existem dois períodos de colheita. Uma no fim da graça para o joio que não revelar seu fruto até aquela ocasião, e outra quando por ocasião do pecado. Não queremos dizer aqui que todo aquele que peca é joio, como já lemos não podemos “ajuizar sobre caracteres e motivos”, porém a igreja cabe esta dura obra de purificar seu acampamento. Leiamos mais alguns textos sobre esta questão:

Mat. 18:17. “E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.”

O Espírito de Profecia explica estas palavras de Jesus da seguinte forma:

“’Se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano’. V. 17. Se ele não escutar a igreja, se recusar os esforços envidados para reconquistá-lo é a igreja que deve tomar a si a responsabilidade de excluí-lo da sua comunhão. Seu nome deverá então ser riscado do livro. O bem estar e a pureza da igreja devem ser salvaguardados para que possa estar sem mancha diante de Deus, revestida da justiça de Cristo. À igreja foi conferido o poder de agir em lugar de Cristo. Ela é a instrumentalidade de Deus para a conservação da ordem e da disciplina entre o Seu povo. Nela o Senhor delegou poderes para diremir todas as questões concernentes à sua prosperidade, pureza e ordem. Sobre ela impoz a responsabilidade de excluir de sua comunhão aos que são indignos dela, que pela sua conduta anticristã acarretam desonra à causa da verdade. Tudo quanto a igreja fizer de acordo com as direções dadas na palavra de Deus será sancionado no Céu”.[19]

“Ele quer ensinar a Seu povo que a desobediência e o pecado são excessivamente ofensivos a Seus olhos, e não devem ser considerados levemente. Ele nos mostra que, quando Seu povo se encontra em pecado, devem-se tomar imediatamente medidas positivas para tirar esse pecado do meio deles, a fim de que Seu desagrado não fique sobre todos”.
“Se, porém, os pecados do povo são passados por alto por aqueles que se acham em posições de responsabilidade, o desagrado de Deus estará sobre eles, e Seu povo, como um corpo, será responsável por esses pecados. No trato do Senhor com Seu povo no passado, Ele mostra a necessidade de purificar a igreja de erros”.[20]

“Limpai o campo dessa corrupção moral, atinja ela os mais altos homens nas posições mais elevadas... Muito há que nunca saberemos, mas o que é revelado torna a igreja responsável e culpada a menos que revele determinado esforço para erradicar o mal. Limpai o acampamento, pois nele há anátema”.[21]

Existem casos que desconhecemos. Talvez algum pecado até mesmo conhecido por outras pessoas, mas não pela igreja. De tais pecados a igreja não será culpada por não corrigi-los, pois os desconhece. Porém, pecados declarados, onde os membros e a direção da igreja tem conhecimento, se tais pecados não forem tratados segundo os padrões que aqui temos considerado, então a igreja será culpada diante de Deus.

“E quando alguma pessoa pecar, ouvindo uma voz de blasfêmia, de que for testemunha, seja porque viu, ou porque soube, se o não denunciar, então levará a sua iniqüidade.” Levítico 5:1.

“Deus escolheu nestes últimos dias um povo a quem fez depositários de Sua lei; e este povo terá sempre desagradáveis tarefas a executar. ‘Eu sei as tuias obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e pusestes à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achastes mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo Meu nome, e não te cansaste. Ap. 2:2, 3. Exigirá muita diligência e contínua luta o manter o mal fora de nossas igrejas. É preciso haver rígido  e imparcial exercício de disciplina; pois alguns que tem uma aparência de religião, procurarão minar a fé de outros e, às ocultas, trabalharão para se exaltar a si mesmos”.[22]

“Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado.” Levítico 19:17.

O que a inspiração nos esta dizendo é que se a igreja não faz um esforço para eliminar o mal de entre suas fileiras e preservar sua moral, o pecado de apenas um recai sobre todos como se todo o corpo eclesiástico tivesse cometido aquele mesmo pecado!

“Deus responsabilizou Eli , como sacerdote e juiz de Israel, pela condição moral e religiosa de Seu povo e, em sentido especial, pelo caráter de seus filhos. Ele devia a princípio ter tentado restringir o mal por medidas brandas; mas, se estas não dessem resultado, devê-lo-ia ter subjugado pelos meios mais severos. Incorreu no desagrado do Senhor por não reprovar o pecado e executar a justiça no pecador. Não se pôde contar com ele para que Israel fosse conservado puro. Aqueles que tem muita pouca coragem para reprovar o mal, ou que pela indolência ou falta de interesse não fazem um esforço ardoroso  para purificar a família ou a igreja de Deus,  são responsáveis pelos males que possam resultar de sua negligência ao dever. Somos precisamente tão responsáveis pelos males que poderíamos ter obstado nos outros pelo exercício da autoridade paterna ou pastoral, como se esses atos tivessem sido nossos”.[23]

“Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena. Se tu deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, e aos que estão sendo levados para a matança; Se disseres: Eis que não o sabemos; porventura não o considerará aquele que pondera os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme a sua obra?” Provérbios 24:10-12.

Quando mostramos a alguém que a igreja então deve fazer o trabalho de disciplina, muitas imaginam fazer este trabalho, pois que o adúltero, o homicida, e todos aqueles que cometem pecados graves são excluídos da igreja. No entanto a inspiração nos assegura que alem de fazer este trabalho, existem pecados considerados pecados leves, quando na verdade não o são, que devem também ser considerados pela igreja e tomadas medidas para que males sutis não entrem na igreja. Vejamos alguns destes pecados e qual deve ser a atitude da igreja diante de tais dificuldades:

“Ao darem evidência de que compreendem plenamente sua posição, devem ser aceitos. Mas quando mostram que estão seguindo os costumes, modas e sentimentos do mundo, devem-se lidar fielmente com eles. Se não sentem a responsabilidade de mudar seu procedimento, não devem ser conservados como membros da igreja”. [24]

A pergunta é: O que deve portanto a igreja fazer diante de irmãos e principalmente irmãs que são influenciadas a utilizar certas modas que estão de choque contra os princípios da palavra de Deus? A resposta e bem clara: “não devem ser conservados como membros da igreja”. Desta forma, não são apenas pecados “cabeludos” que devem ser extirpados, mas também a moda quando contraria os princípios do evangelho, assim como outros pecados também semelhantes, infelizmente considerados leves. Dentre este pecados da deusa tirana, a moda, podemos, por exemplo, citar um dos mais comuns: O uso de calças por pessoas do sexo feminino. O que Deus declarou ser abominável – o que soa como algo muito terrível – é tolerado por muitas igrejas, e até mesmo defendido como roupa própria para certas atividades. Ou seja, a razão do homem é colocada em lugar da sabedoria de Deus, e muitos pseudos pastores incentivam seus membros a seguir por um caminho de destruição e imoralidade. Gostaríamos de utilizar este pouco espaço que temos para lermos algo a respeito:

“Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus.” Deuteronômio 22:5.

“Minha atenção foi chamada para o seguinte verso: ´Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus.´” Deut. 22:5. Deus não deseja que Seu povo adote essa pretensa reforma de vestuário. Trata-se de um vestuário ousado, completamente inadequado ás modestas e humildes seguidoras de Cristo.[25]

“Há um crescente tendência de as mulheres usarem vestuário e adotarem aparência mais semelhantes aos do sexo oposto e escolherem seus trajes bem parecidos com os dos homens. Mas Deus declara que isto é abominação. ´Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia. Deus determinou que houvesse clara distinção entre trajes masculinos e femininos.”[26]

“Mas, aqueles que professam ter sido lavados no sangue de Jesus, por eles derramado, vestem-se com ostentação e enfeitam seu pobre corpo mortal e ainda ousam dizer que   são seguidores  do santo, abnegado e humilde Modelo. Oh, que todos pudessem ver como Deus observa essa questão e a revelou a mim! Ao contempla-la , foi-me muito difícil de suportar e de resistir à angústia de coração que experimentei. Disse o anjo: ‘O povo de Deus é peculiar. Ele o está purificando para Si mesmo’. Vi que a aparência exterior é indicativo do coração. Quando o exterior é enfeitado com laços, golas e artigos supérfluos, isso mostra claramente que o amor por todas estas coisas está no coração. A manos que tais pessoas sejam purificadas de sua corrupção, nunca verão a Deus; pois somente ‘os limpos de coração... verão a Deus’. Mat. 5:8.
“Vi que o machado precisa ser posto à raiz da árvore. Esse tipo de orgulho não deveria ser tolerado na igreja”. ...
“Deus terá um povo separado e diferente do mundo. Se alguém sentir o desejo de imitar as modas do mundo e não subjuga-lo de imediato, Deus prontamente deixará de reconhece-lo como filho. Esse é filho do mundo e das trevas”.[27]

“Foi-me mostrado que devem ser feitos esforços decididos para mostrar os erros àqueles que não são verdadeiros cristãos, e que se eles não se transformarem, serão separados dos preciosos e santos; que Deus pode ter um povo puro e perfeito no qual deleitar-se. Não o desonrem os homens mesclando ou unindo o puro com o impuro”.[28]

Prestemos toda atenção agora na seguinte passagem:

“Fazer jugo com os que não são consagrados e ainda ser leal à verdade, é simplesmente impossível. Não podemos unir-nos com os que se estão servindo a si mesmos, que estão trabalhando conforme planos mundanos sem perdermos nossa ligação com o Conselheiro celestial”. [29]

Algumas pessoas imaginam que certas dificuldades da igreja não devem fazer parte de suas preocupações. Que basta falar a alguns e que estão livres de suas responsabilidades para manter a igreja pura. Que podem então conviver pacificamente na igreja cumprindo seu “dever de cristãos.” Contudo, a inspiração nos diz que isto e impossível. Por que? Porque a Bíblia diz que se alguém pecar deve ser feito todo um trabalho para recuperar e reformar tal pessoa, porem se tal pessoa continua no pecado, então deve levar ao conhecimento da igreja para que a igreja tome as devidas providencias disciplinares para eliminar a má influencia de seu meio. Mas se o cristão sincero faz todo este trabalho, em ir ter com a alma, aconselhar, e, ao levar ao conhecimento da igreja, a mesma não toma as medidas corretivas para manter o mal fora de suas fileiras? O que deve o cristão fazer então? A inspiração nos diz que tal igreja não deve mais ser considerada como sendo a igreja de Deus, a coluna e firmeza da verdade, pois Cristo disse que sobre a igreja as portas do inferno não prevaleceriam. Se a igreja se encontra então defendendo o pecado, não deve mais ser considerada como igreja de Deus.

“Não poderiam considerar os que procuravam excluir o testemunho da palavra de Deus como constituindo a igreja de Cristo.”[30]

“Preferi a pobreza, a ignomínia, a separação dos amigos ou qualquer outro sofrimento, a manchardes vossa vida com o pecado. Antes a morte que a desonra ou a transgressão da lei de Deus – este deve ser o moto de cada cristão. Como um povo que professa ser reformador, de posse das mais solenes e purificadoras verdades da palavra de Deus, devemos elevar a norma, muito mais do que está acontecendo agora. Deve-se tratar prontamente com o pecado e os pecadores na igreja, para que outros não sejam contaminados. A verdade e a pureza exigem que façamos uma obra completa para purificar o acampamento de Aças. Que os que ocupam posições de responsabilidade não sofram pecado num irmão. Mostrai-lhe que ele, ou tira o pecado, ou é separado da igreja”.[31]

A colheita neste caso não é no fim do tempo da graça, muito menos podemos esperar até o fim do mundo. De acordo com o que vimos acima, deve ser efetuada no ato do pecado. Os ceifeiros são os homens, ou seja, a igreja.



3ª APLICAÇÃO: NO CORAÇÃO

Existe também outra aplicação desta parábola, que como já notamos é no coração, ou seja, em nossa mente. Vejamos:

A – O Semeador representa Jesus – “O Semeador semeia a palavra. Cristo veio para semear o mundo com a verdade”.[32]

Nesta aplicação o campo não e o mundo nem a igreja, mas o coração.

B – O campo é o coração – “Satanás nunca dorme. Está vigilante, e aproveita todo ensejo para fazer seus agentes disseminarem erros, que encontram solo propício em muitos corações não santificados”.[33]

A boa semente não são pessoas cristãs, mas é a verdade que se encontra na palavra de Deus.

C – A boa semente representa a verdade – “A semente lançada ao pé do caminho representa a palavra de Deus quando cai no coração de um ouvinte desatento”.[34]

O joio não são os ímpios no mundo, nem falsos crentes na igreja, mas nesta terceira aplicação o joio é o erro.

D – O joio são doutrinas errôneas – “(Satanás) aproveita todo ensejo para fazer seus agentes disseminarem erros, que encontram solo propício em muitos corações não santificados”.[35]

E – O semeador do joio representa Satanás – “Caso houvesse sido mantida fidelidade e vigilância, se não houvesse havido sono ou negligência por parte de alguém, o inimigo não teria tido tão favorável ensejo de semear joio entre o trigo”.[36]

Quando deverá ser feita a colheita do joio neste campo, ou seja no coração? Poderemos, assim como na aplicação do mundo deixá-lo para ser colhido apenas na segunda vinda de Jesus? Ou quem sabe, como vimos na segunda aplicação, deixá-lo para ser tirado do coração apenas no fechamento da porta da graça? A inspiração nos diz que por este tempo será tarde demais para se suprirem as necessidades da alma. [37] Quando então devemos fazer esta colheita?

F - A colheita deve ser feita hoje, agora! Heb. 3:7. “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz,...”.

“Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável E socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Coríntios 6:2.

G – Os ceifeiros somos nós mesmos, a própria pessoa.

“Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS. E estes três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem a filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam livres, e a terra seria assolada.” Ezequiel 14:14, 16.

Que Nosso pai celestial tenha de nós misericórdia e nos dê graça para que possamos fazer esta obra em nossas vidas. Que tudo aquilo que possa nos separar de Seu indescritível amor, seja eliminado de nós. Lembremo-nos de que Jesus fez tudo para que pudéssemos através dEle ter poder para vencer a maior batalha, a batalha que é travada contra nós mesmos, contra o mal que está arraigado em nossos corações. Ele pode fazer a limpeza de alma tão necessária para nossa felicidade presente e futura. Ele diz: “Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele Comigo”. Apoc. 3:20. Amém!

cristiano_souza7@yahoo.com.br

ABREVIATURAS

TS – Testemunhos Seletos – Casa Publicadora Brasileira
TM – Testemunhos para Ministros – Casa Publicadora Brasileira
PJ – Parábolas de Jesus – Casa Publicadora Brasileira
PE – Primeiros Escritos – Casa Publicadora Brasileira
PP – Patriarcas e Profetas – Casa Publicadora Brasileira
I T – Testemunhos para a igreja – Casa Publicadora Brasileira
ME – Mensagens Escolhidas – Casa Publicadora Brasileira
EF – Eventos Finais – Casa Publicadora Brasileira
OE – Obreiros Evangélicos – Casa Publicadora Brasileira
BC – Comentário Bíblico – Casa publicadora Brasileira
GC – Grande Conflito – Casa Publicadora Brasileira




[1] II TS 12, 13.
[2] PJ 70.
[3] PJ 70.
[4] TM 46.
[5] PJ 70.
[6] PJ 70, 71.
[7] PJ 72, 73.
[8] PJ 71.
[9] PJ 71.
[10] TM 46.
[11] PJ 72.
[12] PE 270, 271.
[13] II TS 164.
[14] I T 251.
[15] I TS 479.
[16] III ME 385.
[17] SC 49.
[18] PJ 71.
[19] OE 495, 496.
[20] I TS 334.
[21] TM 427, 428.
[22] II TS 210.
[23] PP 618, 619.
[24] TM 128.
[25] I TI 457.
[26] I TI 460.
[27] I T 136, 137.
[28] I TI 117, 118.
[29] 5 BC 1086.
[30] GC 376.
[31] II TS 37, 38.
[32] PJ 37.
[33] I TS 311.
[34] PJ 44.
[35] I TS 311.
[36] I TS 311.
[37] PJ 412.