quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A LEI CRAVADA NA CRUZ






Foi a lei de Deus abolida? Precisamos ainda guardar todos os dez mandamentos registrados em Êxodo 20:3-17? Jesus eliminou a lei quando morreu? Neste estudo serão respondidas estas e outras perguntas.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos Gálatas:

Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” Gálatas 3:10.

No versículo 13 do mesmo capítulo lemos:

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” Gálatas 3:13.

Muitos concluem então que a lei era maldita, que Jesus nos livrou dela, e, se alguém hoje guarda a lei, está então debaixo da maldição.

A Bíblia nos dá um conselho muito importante. Ei-lo:

“Vedes aqui, isto achei, diz o pregador, conferindo uma coisa com a outra para achar a razão delas.” Eclesiastes 7:27.

Então, vamos conferir ou comparar estas passagens encontradas nas cartas aos Gálatas com outras passagens! Se dirigindo aos Romanos, o mesmo apóstolo Paulo escreveu:

“E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.” Romanos 7:12.

Então perguntamos: Como pode uma lei que coloca a pessoa debaixo de maldição ser ao mesmo tempo santa justa e boa? Sem dúvida que, se Paulo está mencionando a mesma lei, então ele se contradisse, e não pode ter escrito sob a orientação do Espírito Santo. Isto nos levaria a descrer da Bíblia como sendo a Palavra de Deus.

Com base nestes textos citados, podemos perguntar: A lei trás maldição ou é santa justa e boa?

Na carta aos Hebreus também encontramos:

“Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.” Hebreus 7:16.

Segundo esta passagem a lei não é espiritual, ela é carnal. Mas, vejamos o que encontramos na carta aos Romanos:

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Romanos 7:14.

Afinal, a lei de Deus, a lei dos dez mandamentos, é carnal ou espiritual?

A Bíblia também diz:

Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz.” Efésios 2:15.

Teria Jesus vindo e desfeito a lei de Deus, a lei dos dez mandamentos? Vejamos:

Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.” Mateus 5:17-18.

Nesta passagem Jesus deixou claro que Ele não desfez e nem veio para desfazer a lei dos 10 mandamentos. Ele enfatizou que enquanto existirem céus e Terra da lei não sairá sequer uma única palavra ou letra. Então, a lei de Deus foi desfeita ou dela não se omitiu sequer um jota ou til?

Como podemos harmonizar estas aparentes contradições? Sabemos que Deus não muda (Malaquias 3:6; Hebreus 13:8), que Ele não pode contradizer a Si mesmo, que Ele não pode falar uma coisa aqui e depois desfazer o que disse!

Vamos, portanto, com o auxílio do Espírito Santo compreender estas passagens. O primeiro ponto que devemos entender é: Qual é o propósito da lei de Deus? Qual é seu objetivo? Paulo esclarece-nos esta questão com as seguintes palavras:

“Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado.” Romanos 7:7-8.

Segundo este texto sagrado o objetivo da lei é mostra o pecado, a única maneira de sabermos o que é pecado, é através da lei de Deus, “porquanto sei a lei estava morto o pecado.”

Como sabemos claramente que Paulo está mencionando a lei dos dez mandamentos nestes versículos? Porque ele cita o décimo mandamento da lei de Deus: “Não cobiçarás” (Êxodo 20:18). E enfatiza também que se na lei não existisse este mandamento, não existiria a cobiça ou a concupiscência. Não seria pecado cobiçarmos. A cobiça só é pecado porque a lei de Deus a condena!

Em outra passagem, também encontramos:

“Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão.” Romanos 4:15.

Aqueles que crêem que a lei de Deus foi abolida, deveriam acreditar igualmente que o pecado também não existe mais, pois, “onde não há lei também não há transgressão.”

Outro texto também é bem claro:

“Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei.” Romanos 5:13.

Aqueles que acreditam que a lei de Deus foi eliminada deveriam crer também que Deus hoje não imputa mais o pecado a nenhum ser humano, já que “o pecado não é imputado, não havendo lei.” Se cremos na existência do pecado, forçosamente devemos crer na existência e na obrigatoriedade da lei.

Outro texto também é bem enfático:

“Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” Romanos 3:20.

Apesar de sermos salvos unicamente e totalmente pela graça, a lei mostra-nos o pecado, mostra as ações que ferem o coração dAquele que na cruz deu a vida em nosso lugar.

Muito bem, sabemos de forma clara e inquestionável o objetivo da lei, que é mostrar o pecado. Onde esta lei, que mostra o pecado foi escrita e por quem?

“E deu a Moisés quando acabou de falar com ele no monte Sinai as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.” Êxodo 31:18.

A lei de Deus, que mostra o pecado, foi escrita pelo próprio Deus em duas tábuas de pedra. Abaixo você poderá ver uma representação figurativa dessa lei escrita em duas tábuas de pedra.



Antes de Jesus vir à Terra, no antigo Israel, o que ocorria quando alguém transgredia a lei de Deus? Vejamos:

“Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma alma pecar, por ignorância, contra alguns dos mandamentos do Senhor, acerca do que não se deve fazer, e proceder contra algum deles; Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao Senhor, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado. E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho perante o Senhor. Então o sacerdote ungido tomará do sangue do novilho, e o trará à tenda da congregação.” Levítico 4:2-5.

Outra passagem também diz:

“Quando alguma pessoa pecar, e transgredir contra o Senhor, e negar ao seu próximo o que lhe deu em guarda, ou o que deixou na sua mão, ou o roubo, ou o que reteve violentamente ao seu próximo, e a sua expiação trará ao Senhor: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação, para expiação da culpa trará ao sacerdote; E o sacerdote fará expiação por ela diante do Senhor, e será perdoada de qualquer das coisas que fez, tornando-se culpada.” Levítico 6:2,6-7.

Todo aquele, portanto, que transgredisse algum dos mandamentos da lei de Deus, da lei que mostrava que aquela pessoa havia pecado, esta pessoa deveria então trazer uma oferta ao Senhor, um animal devidamente escolhido para holocausto, para que o pecado contra a santa lei de Deus fosse expiado ou perdoado.

Esta cerimônia, de oferecer um animal em holocausto para que a transgressão contra  a lei de Deus fosse perdoada, era chamada de que? Vejamos:

“Esta é a lei do holocausto, (lei) da oferta de alimentos, e (lei) da expiação do pecado, e (lei) da expiação da culpa, e (lei) da oferta das consagrações, e (lei) do sacrifício pacífico.” Levítico 7:37.

Perceba que todo aquele cerimonial, para que o pecador fosse perdoado de sua transgressão contra a lei dos dez mandamentos, era também chamada de lei.

É importante notarmos que, na lei de Deus, não encontramos nenhum mandamento dizendo tais coisas ou ordenando que as pessoas oferecessem sacrifícios para perdão de seus pecados. Algumas pessoas dizem que esta lei de holocausto e de sacrifícios fazia parte da lei dos dez mandamentos, da lei que mostrava o pecado, mas estão equivocadas, pois em Deuteronômio capítulo 5:7-21, temos a repetição de todos os mesmos mandamentos que encontramos em Êxodo 20:3-17. Depois de citar o último dos dez mandamentos, aquele que proíbe a cobiça, no versículo 22 lemos:

“Estas palavras falou o Senhor a toda a vossa congregação no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridão, com grande voz, e nada acrescentou; e as escreveu em duas tábuas de pedra, e a mim mas deu.” Deuteronômio 5:22.

Ou seja, Deus não acrescentou nada à sua santa lei que Ele nos deu para nos mostrar o pecado. A lei dos dez mandamentos é uma lei distinta e totalmente separada da lei de cerimônias e sacrifícios.

Então, se não encontramos na lei dos dez mandamentos nenhum preceito adicional mandando que as pessoas sacrificassem animais, onde então encontramos esta lei, onde ela foi escrita? A Bíblia nos dá a resposta:

“E aconteceu que, acabando Moisés de escrever num livro, todas as palavras desta lei.” Deuteronômio 31:24.

Veja a diferença: Uma lei que mostra o pecado, escrita por Deus em tábuas de pedra contendo dez mandamentos, e agora divisamos na Bíblia outra lei que “foi dada por causa das transgressões”, (Gálatas 3:19) por causa do pecado, escrita por Moisés em um livro. Abaixo você pode ver uma figura representativa de um pergaminho provavelmente semelhante àquele que foi escrito por Moisés, que continha todas as leis de sacrifícios e holocaustos.



Temos assim, segundo a Bíblia, duas leis distintas, com objetivos distintos, escritos em lugares distintos e por pessoas distintas. Uma lei mostra o pecado, outra foi dada por cauda do pecado. Uma foi escrita em tábuas de pedra, a outra escrita em um livro. Uma foi escrita por Deus, a outra foi escrita por Moisés. Uma contém apenas dez mandamentos, a outra mais de 600 leis e ordenanças.

É interessante notarmos também que o local onde estas duas leis foram colocadas eram lugares diferentes. Falando da lei de Deus, os dez mandamentos, lemos:

“E virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera; e ali estão, como o Senhor me ordenou.” Deuteronômio 10:5.

Enquanto que a lei de Deus, que mostra o pecado, foi colocada por Moisés dentro da arca, onde e por quem foi colocada a lei do livro que foi dada por causa do pecado?

“Deu ordem aos levitas, que levavam a arca da aliança do Senhor, dizendo: Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da aliança do Senhor vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.” Deuteronômio 31:25.

Veja que a lei do livro foi colocada pelos levitas ao lado da arca, bem distinta, portanto, da lei de dos dez mandamentos.

Existe ainda uma diferença muito importante entre estas duas leis que não poderíamos deixar de mencionar aqui. A lei de Deus que mostra o pecado, que contém dez mandamentos, entre estes mandamentos existe um que menciona o sétimo dia da semana, o santo sábado. Este mandamento nos diz que todo sétimo dia é um dia sagrado, um dia santo ao Senhor. É um dia semanal que devemos dedicar exclusivamente a Deus. O mandamento diz:

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo 20:8-11.

Mas afinal, na lei cerimonial, continha algum sábado ou dia de descanso? Sim, continha sete sábados anuais, que ocorriam uma vez em cada ano. Nas seguintes passagens, você poderá constatar a existência de cada um deles.

  1. O primeiro dia da semana da páscoa (Êxodo 12:15,16; Levítico 23:6,7).
  2. O sétimo dia da semana da páscoa (Números 28:17,18,25).
  3. O primeiro dia do sétimo mês (Levítico 23:24,25; Números 29:1-6).
  4. O décimo dia do sétimo mês (Levítico 16:29-31; 23:27,28,31,32; Números 29:7).
  5. O décimo quinto dia do mês (Números 29:12).
  6. O vigésimo segundo dia do mesmo mês (Levítico 23:39).
  7. O quinquagésimo dia (Pentecostes), também chamado ‘festa das semanas’ (Levítico 23:15,16,21; Êxodo 34:22).

Não iremos mencionar aqui detalhadamente todos estes sábados cerimoniais, mas para que você tenha uma melhor idéia de como eles funcionavam, vamos citar de forma mais clara pelo menos um. Iremos utilizar como exemplo o sábado cerimonial que ocorria no décimo dia do sétimo mês. Leiamos uma das passagens que o focaliza:

“E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo.” Levítico 16:29-31.

Segundo esta passagem, todo dia dez do mês sétimo era um sábado. Este dia dez poderia cair em qualquer dia da semana e deveria ser guardado e santificado. Era como se fosse um feriado nacional, assim como o dia 7 de setembro, por exemplo. Se em um determinado ano o dia 7 de setembro caiu em uma quarta-feira, no outro ano ele cairá em uma quinta-feira e assim sucessivamente. Da mesma maneira eram estes sábados cerimoniais, não importava o dia da semana que eles caiam, este dia deveria ser guardado. Se algum destes dias caísse em uma quarta-feira, aquele dia era sábado, ou seja, um descanso. Se ocorresse em uma sexta-feira, igualmente a sexta-feira deveria ser observada e santificada.

Com certeza, várias vezes alguns sábados cerimoniais coincidiram com o sábado moral da lei dos dez mandamentos. Mas a Bíblia menciona uma ocasião em especial. No evangelho segundo João lemos:

“E era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei.” João 19:14. 

Pelo que já mencionamos aqui, a páscoa era um desses sábado cerimoniais. Jesus foi crucificado na véspera ou na preparação do sábado cerimonial da páscoa. Lemos também que este dia anterior à páscoa era a sexta-feira, o dia da preparação também para o sábado do sétimo dia da semana:

“E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento.” Lucas 23:52-56.

A Bíblia é clara em mostrar que Jesus morreu em uma sexta-feira. A inspiração identifica este dia como sendo o dia da preparação para o sábado segundo o mandamento da lei de Deus, o quarto mandamento.

Aquela sexta-feira era a preparação para dois sábados: O Sábado cerimonial pascoal e o sábado do sétimo dia da semana. O apóstolo João relata alguns acontecimentos que tiveram lugar naquela sexta-feira fatídica e inesquecível:

“Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.” João 19:31.

Por que a inspiração chama aquele sábado de grande? Sim, exatamente porque naquela ocasião dois sábados coincidiram, a saber, o sábado cerimonial pascoal, ocorreu no sábado do sétimo dia semanal, por isso esta expressão bíblica: pois era grande o dia de sábado”.

Abaixo a distinção resumida destas duas leis:

  
É impossível confundirmos estas duas leis, pois as mesmas são extremamente distintas. Como já vimos, a lei de Deus, a lei que mostra o pecado, é totalmente separada da lei cerimonial (Deuteronômio 5:22). O fato da lei dos dez mandamentos ser citada algumas vezes juntamente com a lei cerimonial não pode significar que ambas as leis são uma só, pois como vimos, existe uma distinção gigantesca entre uma e outra. Se pelo fato destas duas leis serem algumas vezes citadas juntas podemos concluir que se trata então de uma única lei, que diríamos dos textos que citam o Pai o Filho e o Espirito Santo?[1] Seriam então uma só pessoa?

Já vimos o objetivo da lei moral que é mostrar o pecado. Mas qual era o objetivo da lei cerimonial? Com que propósito foi ela dada? Já mencionamos que ela foi dada por causa do pecado ou da transgressão (Gálatas 3:19). Isto ocorreu logo que o pecado foi introduzido no mundo e Deus então instituiu o sistema de sacrifícios de animais. Temos exemplo desse tipo de cerimônia logo no início do livro de Gênesis.[2] Depois, durante a peregrinação no deserto, Deus pediu que Moisés escrevesse então em um livro regras sobre estes sacrifícios e delineou outras leis cerimoniais para impressionar e ensinar de forma simbólica o Seu povo.[3] Além disso, também pediu que fosse erigido um santuário onde seriam realizados estes sacrifícios. O escritor aos Hebreus esclarece um fato muito importante sobre a lei cerimonial. Escreveu ele:

“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” Hebreus 10:1.

A Bíblia identifica claramente que lei era “sombra dos bens futuros”, a lei de “sacrifícios”. Esta lei não era a realidade dos fatos, mas apenas uma sombra, um simbolismo de algo que estava por acontecer.




Se a lei era uma sombra ou um simbolismo, o que ela representava? Não iremos aqui detalhar todos os aspectos da lei cerimonial, mas apenas o fato mais importante. A Palavra de Deus, ao mencionar o sacrifício de Abel, diz que ele “trouxe dos primogênitos das suas ovelhas” (Gênesis 4:4). O que representavam aqueles cordeiros imolados frequentemente? Por ocasião do batismo de Jesus, João Batista, ao olhar para Jesus, disse:

“...Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29.

Com o sistema de sacrifícios Deus desejava impressionar o povo com o sacrifício de seu Filho como de um cordeiro imaculado. Falando de Jesus, a Palavra de Deus no, impressiona com as seguintes palavras:

“Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.” Isaías 53:7.

O apóstolo Pedro também escreveu:

“Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado.” I Pedro 1:19.

Toda a lei cerimonial era uma sombra ou um simbolismo da obra do Filho de Deus em dar sua vida inocente em nosso lugar.

Até quando esta lei durou? O evangelista Mateus relata um acontecimento singular no momento da morte de Jesus:

“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. “Mateus 27:50, 51.

Como já mencionamos, o templo ou santuário era o local onde eram realizados diversas cerimônias e sacrifícios da lei cerimonial. Este templo possuía dois compartimentos separados por uma rica cortina ou véu, a qual separava o lugar santo do lugar santíssimo do tabernáculo. Quando Jesus morreu, às 15:00 daquela sexta-feira, era o momento em que no templo era realizado o sacrifício da tarde. Ao bradar Jesus: “Pai nas Tuas mãos entrego Meu espírito”, “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo.” O significado desse acontecimento ficou claro: Findara-se aquele sistema de sacrifícios que apontavam para a morte do verdadeiro Cordeiro de Deus. Não era mais necessário que a lei cerimonial, que apontava para a morte de Jesus, fosse obedecida. Todo aquele sistema cerimonial havia cumprido seu propósito, e, por ocasião da morte de Jesus, fora abolido.

Paulo, escrevendo sobre a abolição da lei cerimonial, disse:

“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz... Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Colossenses 2:14,16-17.

Paulo enfatiza que, com a morte de Jesus, a cédula de ordenanças foi tirada do meio de nós. De forma nenhuma esta expressão é uma referencia à lei de Deus, pois a lei dos dez mandamentos não foi escrita em cédula, mas em tábuas de pedras. Outros detalhes importantíssimos surgem diante de nossos olhos nesta passagem. Esta cédula que foi riscada, tirada do meio de nós, falava sobre “comer”, “beber”, “dias de festa”, “lua nova” e “sábados”. Qual lei continha estes preceitos? A lei dos dez mandamentos nada contem sobre estas regras de comidas, bebidos, etc. Mas a lei cerimonial continha todos estes preceitos. E os sábados? Estes sábados mencionados aqui não poderiam ser o sábado da lei dos dez mandamentos? Não, de forma alguma. E como sabemos disto? Simples. Estes sábados são mencionados dentro de um contexto enfatizando unicamente a lei cerimonial e, segundo este contexto, estes sábados devem ser e são os sete sábados anuais que foram abolidos por ocasião da morte de Jesus. Outro detalhe importantíssimo: Paulo deixa claro que estas comidas, bebidas, luas novas, dias de festa e os sábados eram sombra dos bens futuros. Isto é importante, pois a única lei que era sombra, segundo Hebreus 10:1 era a lei cerimonial, a lei de sacrifícios. Mas além de todas estas evidências, de que estes sábados são os sábados da lei cerimonial e não da lei dos dez mandamentos, existe ainda mais uma, também incontestável: Estes sábados são sombras dos bens futuros. Mas perguntamos: O Sábado do sétimo dia, é sombra dos bens futuros? Deixemos que a Bíblia nos responda:

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo 20:8-11.

Segundo esta passagem, o sábado não é sombra das coisas futuros, mas é um memorial de coisas passadas, memorial da obra da criação realizada no princípio do mundo, mesmo antes de existir o pecado na Terra. Portanto, nada tem a ver estes sábados de Colossenses 2:16 com o santo sábado da lei de Deus, o sétimo dia da semana.

Você se recorda do texto de Gálatas 3:10? Aquele texto que muitos utilizam para dizer que aqueles que estão guardando a lei de Deus estão debaixo da maldição? Vamos rele-lo?

“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” Gálatas 3:10.

Este texto nada tem haver com a lei dos dez mandamentos escritas por Deus em tábuas de pedra. A lei que estaremos embaixo da maldição se a guardarmos é a lei cerimonial, a lei do livro. E neste mesmo contexto encontramos também o texto de Gálatas 3:13 aplicado também à lei cerimonial da qual Cristo nos resgatou, nos livrando de mandamentos e estatutos que não eram bons ( Ezequiel 20:25).[4]

Falando, no entanto, da lei de Deus, e isto se pode ver uma evidência no versículo 8 de romanos 7, quando é citado o décimo mandamento, Paulo escreveu:

“E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.” Romanos 7:12.

Desta forma, percebemos que não existe nenhuma contradição na lei Palavra de Deus, tudo se encaixa perfeitamente.

Os gálatas queriam, depois de terem conhecido a Jesus, continuar a observar os preceitos da lei cerimonial, guardando “dias, meses, tempos e anos” (Gálatas 4:10). Paulo disse que receia que houvesse pregado Cristo debalde a eles. Queriam continuar com as formas de cerimônias, inclusive a circuncisão, e Paulo teve que lhes advertir:

“Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.” Gálatas 5:2.

Paulo chama esta lei de “jogo de servidão” a qual não devemos mais obedecer (Gálatas 5:1). A carta aos gálatas é uma advertência àqueles que estavam procurando se justificar por esta lei (Gálatas 3:11). Para termos uma noção da gravidade do problema e como Paulo procurou corrigi-lo, somente na carta aos Gálatas encontramos mais de 12 vezes referencias à circuncisão. Paulo procurou mostrar a eles que, embora zeloso da lei (Gálatas 1:14),  Cristo os havia libertado daquela lei de cerimonias e que não deviam mais se meter debaixo do jogo da servidão (Gálatas 5:1).

Aos Hebreus lemos:

“Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.” Hebreus 7:16.

Se lermos os versículos anteriores, verificaremos que a lei do mandamento carnal era a lei do sacerdócio que também pertencia à lei cerimonial. Sobre a lei dos dez mandamentos, lemos em carta aos romanos:

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Romanos 7:14.

Esta lei, como já foi provado, segundo o contexto do capítulo 7, é a lei de Deus, a que foi escrita por Seu próprio dedo em tábuas de pedra, a lei dos dez mandamentos. Esta lei é espiritual, não tem nada a ver com uma lei carnal!

 A lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças” (Efésios 2:15), que foi desfeita pela morte de Jesus, é a lei de cerimônias. E para demonstrar este fato o véu do templo foi rasgado em dois. Já a lei que Jesus disse que não veio destruir, mas que também tinha vindo para cumprir, ou seja, veio também para obedece-la, da qual não será tirado nem um jota (J) ou sequer um til (~) é a lei moral dos dez mandamentos (Mateus 5:17-18).

Enquanto que a Bíblia é enfática em mostrar que a lei cerimonial foi abolida, ela é igualmente enfática ao mostrar que a lei de Deus, a lei dos dez mandamentos, que contem um sábado semanal, está em pleno vigor e obrigatoriedade. O salmista escreveu:

“As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus mandamentos. permanecem firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade e retidão.” Salmo 111:7,8.

Jesus também foi bem claro a respeito dessa verdade, ao dizer:

“E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til (~) da lei.” Lucas 16:17.

A Terra e os céus são testemunhas constantes e claras de que na lei de Deus nenhuma mudança ocorreu. Seria bom se todos aqueles que acreditam que foi realizada alguma mudança na lei meditassem bem nestas palavras!

“Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios.” Salmo 89:34.

A própria morte de Jesus, foi uma confirmação de que a lei de Deus não pode ser alterada ou mudada, muito menos abolida. Porque Sua santa lei foi transgredida é que precisou Jesus morrer por nós. Se a lei pudesse, de alguma maneira, ser alterada, bastava Deus fazer tal alteração e pouparia a vida de Seu próprio Filho.

Façamos uma recapitulação sobre as diferenças da lei dos dez mandamentos e a lei cerimonial:

Como vimos, a lei de Deus mostra o pecado “e a força do pecado é a lei” (I Coríntios 15:56), que “onde não há lei também não há transgressão” (Romanos 4:15), portanto, todas as passagens da Bíblia demonstrando a existência do pecado é uma evidência da vigência e obrigatoriedade da lei dos dez mandamentos.

Sabemos assim, que a lei de Deus continua mostrando o pecado. Porém, a lei cerimonial que continha cerimônias pelas quais se obtinha o perdão, foi abolida. Como podemos hoje ser perdoados da transgressão da lei de Deus a qual é santa justa e boa? Sabemos que a lei cerimonial apontava simbolicamente para Cristo, cada gota do sangue daqueles animais simbolizava o sangue do Filho de Deus a ser derramado em prol de cada pecador. Na verdade, aqueles sacrifícios e toda a lei cerimonial por si só não possuíam valor algum sem que o transgressor manifestasse fé no Messias prometido (Isaias 1:11-18). Pois “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4:12. O escritor aos Hebreus destacou:

“Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”  Hebreus 9:13-14.

Cristo é o único meio pelo qual todo pecador pode obter o perdão. Sua lei é o único meio pelo qual enxergamos nossas impurezas e pecaminosidade, pois “pela lei vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20).  Através da lei, o Espírito Santo nos convence do pecado ou da transgressão dos mandamentos de Deus (João 16:8). Aqueles que crêem que a lei foi abolida ou alterada obstruem o único meio pelo qual podemos ver-nos pecadores e necessitados de um Salvador o “qual não cometeu pecado nem na sua boca se achou engano.” I Pedro 2:22. Quando divisamos a perfeição da lei de Deus (Salmo 119:7), quando olhamos para sua santidade (Romanos 7:12) e a comparamos com nosso caráter, percebemos que precisamos de um poder do alto para perdoar nossa transgressão e nos capacitar a sermos obedientes a esta lei pela qual seremos julgados (Tiago 2:10-12).

Se hoje já não temos mais a lei cerimonial para que, através dela, possamos obter o perdão, Deus hoje nos oferece algo infinitamente melhor do que sangue de bodes e carneiros, Ele nos oferece o sangue de Seu próprio Filho para expiação de todos os nossos pecados:

“Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I João 1:7.

O apóstolo João ainda escreveu:

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1:9.

Aceitarás o sacrifício do Salvador em seu favor? Exercerás fé naquele sangue que por ti foi derramado na cruz erguida no calvário? Jesus deseja te limpar de toda transgressão e de todo pecado. Ele te diz:

“Eu, Eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim, e dos teus pecados não me lembro mais.” Isaias 43:25.

A obra de Jesus não é apenas nos livrar dos pecados já cometidos, mas veio também para nos salvar do poder do mesmo. Veio para nos dar poder para sermos fieis a Sua santa lei (Mateus 1:21).

Aceitarás que Ele faça esta obra por você e em você?



“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.” I João 2:1-6.

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[1] Mateus 28:19; II Coríntios 13:13; etc.
[2] Veja Gênesis 4:4.
[3] Todo o livro de Levítico.
[4] Este texto de Gálatas 3:13 tem, no entanto, outro significado diferente desse comumente aplicado a ele, ou seja, de que Jesus nos livrou da lei. Se esta passagem está citando a lei dos dez mandamentos, a Bíblia é clara em dizer que “Cristo nos resgatou da maldição da lei” e não da lei em si. Ou seja, Cristo nos livrou da pena de morte que recaia sobre o pecador culpado em transgredir a santa lei de Deus. Desta pena de morte que recaia sobre o culpado pela transgressão da lei, desta maldição, é que Cristo nos resgatou fazendo-se maldição em nosso lugar!

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