Foi a lei de Deus abolida? Precisamos ainda guardar
todos os dez mandamentos registrados em Êxodo 20:3-17? Jesus eliminou a lei
quando morreu? Neste estudo serão respondidas estas e outras perguntas.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Gálatas:
“Todos aqueles, pois, que são das obras da
lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que
não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para
fazê-las.” Gálatas 3:10.
No versículo 13 do mesmo capítulo lemos:
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está
escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” Gálatas 3:13.
Muitos concluem então que a lei era maldita, que
Jesus nos livrou dela, e, se alguém hoje guarda a lei, está então debaixo da
maldição.
A Bíblia nos dá um conselho muito importante.
Ei-lo:
“Vedes
aqui, isto achei, diz o pregador, conferindo uma coisa com a outra para achar a
razão delas.” Eclesiastes 7:27.
Então, vamos conferir ou comparar estas passagens
encontradas nas cartas aos Gálatas com outras passagens! Se dirigindo aos
Romanos, o mesmo apóstolo Paulo escreveu:
“E
assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.” Romanos 7:12.
Então perguntamos: Como pode uma lei que coloca a pessoa debaixo de maldição ser ao mesmo tempo santa justa e boa? Sem dúvida que, se Paulo está mencionando
a mesma lei, então ele se contradisse, e não pode ter escrito sob a orientação
do Espírito Santo. Isto nos levaria a descrer da Bíblia como sendo a Palavra de
Deus.
Com base nestes textos citados, podemos perguntar:
A lei trás maldição ou é santa justa e boa?
Na carta aos Hebreus também encontramos:
“Que
não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a
virtude da vida incorruptível.” Hebreus 7:16.
Segundo esta passagem a lei não é espiritual, ela é
carnal. Mas, vejamos o que encontramos na carta aos Romanos:
“Porque
bem sabemos que a lei é espiritual;
mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Romanos 7:14.
Afinal, a lei de Deus, a lei dos dez mandamentos, é
carnal ou espiritual?
A Bíblia também diz:
“Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a
lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo
dos dois um novo homem, fazendo a paz.” Efésios 2:15.
Teria Jesus vindo e desfeito a lei de Deus, a lei
dos dez mandamentos? Vejamos:
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os
profetas: não vim ab-rogar, mas
cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei,
sem que tudo seja cumprido.” Mateus 5:17-18.
Nesta passagem Jesus deixou claro que Ele não
desfez e nem veio para desfazer a lei dos 10 mandamentos. Ele enfatizou que
enquanto existirem céus e Terra da lei não sairá sequer uma única palavra ou
letra. Então, a lei de Deus foi desfeita ou dela não se omitiu sequer um jota
ou til?
Como podemos harmonizar estas aparentes
contradições? Sabemos que Deus não muda (Malaquias 3:6; Hebreus 13:8), que Ele
não pode contradizer a Si mesmo, que Ele não pode falar uma coisa aqui e depois
desfazer o que disse!
Vamos, portanto, com o auxílio do Espírito Santo
compreender estas passagens. O primeiro ponto que devemos entender é: Qual é o
propósito da lei de Deus? Qual é seu objetivo? Paulo esclarece-nos esta questão
com as seguintes palavras:
“Que
diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a
concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado,
tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o
pecado.” Romanos 7:7-8.
Segundo este texto sagrado o objetivo da lei é
mostra o pecado, a única maneira de sabermos o que é pecado, é através da lei
de Deus, “porquanto sei a lei estava
morto o pecado.”
Como sabemos claramente que Paulo está mencionando
a lei dos dez mandamentos nestes versículos? Porque ele cita o décimo
mandamento da lei de Deus: “Não
cobiçarás” (Êxodo 20:18). E enfatiza também que se na lei não existisse
este mandamento, não existiria a cobiça ou a concupiscência. Não seria pecado
cobiçarmos. A cobiça só é pecado porque a lei de Deus a condena!
Em outra passagem, também encontramos:
“Porque
a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão.” Romanos 4:15.
Aqueles que crêem que a lei de Deus foi abolida,
deveriam acreditar igualmente que o pecado também não existe mais, pois, “onde não há lei também não há
transgressão.”
Outro texto também é bem claro:
“Porque
até à lei estava o pecado no mundo, mas
o pecado não é imputado, não havendo lei.” Romanos 5:13.
Aqueles que acreditam que a lei de Deus foi
eliminada deveriam crer também que Deus hoje não imputa mais o pecado a nenhum
ser humano, já que “o pecado não é
imputado, não havendo lei.” Se cremos na existência do pecado, forçosamente
devemos crer na existência e na obrigatoriedade da lei.
Outro texto também é bem enfático:
“Por
isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do
pecado.” Romanos 3:20.
Apesar de sermos salvos unicamente e totalmente
pela graça, a lei mostra-nos o pecado, mostra as ações que ferem o coração
dAquele que na cruz deu a vida em nosso lugar.
Muito bem, sabemos de forma clara e inquestionável
o objetivo da lei, que é mostrar o pecado. Onde esta lei, que mostra o pecado
foi escrita e por quem?
“E
deu a Moisés quando acabou de falar com ele no monte Sinai as duas tábuas do
testemunho, tábuas de pedra, escritas
pelo dedo de Deus.” Êxodo 31:18.
A lei de Deus, que mostra o pecado, foi escrita
pelo próprio Deus em duas tábuas de pedra. Abaixo você poderá ver uma
representação figurativa dessa lei escrita em duas tábuas de pedra.
Antes de Jesus vir à Terra, no antigo Israel, o que
ocorria quando alguém transgredia a lei de Deus? Vejamos:
“Fala
aos filhos de Israel, dizendo: Quando
uma alma pecar, por ignorância, contra alguns dos mandamentos do Senhor,
acerca do que não se deve fazer, e proceder contra algum deles; Se o sacerdote
ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá
ao Senhor, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação
do pecado. E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o
Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho
perante o Senhor. Então o sacerdote ungido tomará do sangue do novilho, e o
trará à tenda da congregação.” Levítico 4:2-5.
Outra passagem também diz:
“Quando
alguma pessoa pecar, e transgredir
contra o Senhor, e negar ao seu próximo o que lhe deu em guarda, ou o que
deixou na sua mão, ou o roubo, ou o que reteve violentamente ao seu próximo,
e
a sua expiação trará ao Senhor: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à
tua estimação, para expiação da culpa trará ao sacerdote; E o sacerdote fará expiação por ela diante do
Senhor, e será perdoada de qualquer das
coisas que fez, tornando-se culpada.” Levítico 6:2,6-7.
Todo aquele, portanto, que transgredisse algum dos
mandamentos da lei de Deus, da lei que mostrava que aquela pessoa havia pecado,
esta pessoa deveria então trazer uma oferta ao Senhor, um animal devidamente
escolhido para holocausto, para que o pecado contra a santa lei de Deus fosse
expiado ou perdoado.
Esta cerimônia, de oferecer um animal em holocausto
para que a transgressão contra a lei de
Deus fosse perdoada, era chamada de que? Vejamos:
“Esta
é a lei do holocausto, (lei) da
oferta de alimentos, e (lei) da
expiação do pecado, e (lei) da
expiação da culpa, e (lei) da oferta
das consagrações, e (lei) do
sacrifício pacífico.” Levítico 7:37.
Perceba que todo aquele cerimonial, para que o
pecador fosse perdoado de sua transgressão contra a lei dos dez mandamentos,
era também chamada de lei.
É importante notarmos que, na lei de Deus, não
encontramos nenhum mandamento dizendo tais coisas ou ordenando que as pessoas
oferecessem sacrifícios para perdão de seus pecados. Algumas pessoas dizem que
esta lei de holocausto e de sacrifícios fazia parte da lei dos dez mandamentos,
da lei que mostrava o pecado, mas estão equivocadas, pois em Deuteronômio
capítulo 5:7-21, temos a repetição de todos os mesmos mandamentos que
encontramos em Êxodo 20:3-17. Depois de citar o último dos dez mandamentos,
aquele que proíbe a cobiça, no versículo 22 lemos:
“Estas
palavras falou o Senhor a toda a vossa congregação no monte, do meio do fogo,
da nuvem e da escuridão, com grande voz, e
nada acrescentou; e as escreveu em duas tábuas de pedra, e a mim mas
deu.” Deuteronômio 5:22.
Ou seja, Deus não acrescentou nada à sua santa lei
que Ele nos deu para nos mostrar o pecado. A lei dos dez mandamentos é uma lei
distinta e totalmente separada da lei de cerimônias e sacrifícios.
Então, se não encontramos na lei dos dez
mandamentos nenhum preceito adicional mandando que as pessoas sacrificassem
animais, onde então encontramos esta lei, onde ela foi escrita? A Bíblia nos dá
a resposta:
“E
aconteceu que, acabando Moisés de
escrever num livro, todas as palavras desta lei.” Deuteronômio 31:24.
Veja a diferença: Uma lei que mostra o pecado,
escrita por Deus em tábuas de pedra contendo dez mandamentos, e agora divisamos
na Bíblia outra lei que “foi dada por
causa das transgressões”, (Gálatas 3:19) por causa do pecado, escrita por
Moisés em um livro. Abaixo você pode ver uma figura representativa de um
pergaminho provavelmente semelhante àquele que foi escrito por Moisés, que
continha todas as leis de sacrifícios e holocaustos.
Temos assim, segundo a Bíblia, duas leis distintas,
com objetivos distintos, escritos em lugares distintos e por pessoas distintas.
Uma lei mostra o pecado, outra foi dada por cauda do pecado. Uma foi escrita em
tábuas de pedra, a outra escrita em um livro. Uma foi escrita por Deus, a outra
foi escrita por Moisés. Uma contém apenas dez mandamentos, a outra mais de 600
leis e ordenanças.
É interessante notarmos também que o local onde
estas duas leis foram colocadas eram lugares diferentes. Falando da lei de
Deus, os dez mandamentos, lemos:
“E
virei-me, e desci do monte, e pus as
tábuas na arca que fizera; e ali estão, como o Senhor me ordenou.” Deuteronômio
10:5.
Enquanto que a lei de Deus, que mostra o pecado,
foi colocada por Moisés dentro da arca, onde e por quem foi colocada a lei do
livro que foi dada por causa do pecado?
“Deu
ordem aos levitas, que
levavam a arca da aliança do Senhor, dizendo: Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da
aliança do Senhor vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.” Deuteronômio
31:25.
Veja que a lei do livro foi colocada pelos levitas
ao lado da arca, bem distinta, portanto, da lei de dos dez mandamentos.
Existe ainda uma diferença muito importante entre
estas duas leis que não poderíamos deixar de mencionar aqui. A lei de Deus que
mostra o pecado, que contém dez mandamentos, entre estes mandamentos existe um
que menciona o sétimo dia da semana, o santo sábado. Este mandamento nos diz
que todo sétimo dia é um dia sagrado, um dia santo ao Senhor. É um dia semanal que
devemos dedicar exclusivamente a Deus. O mandamento diz:
“Lembra-te
do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua
obra. Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua
filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor
os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou;
portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo
20:8-11.
Mas afinal, na lei cerimonial, continha algum
sábado ou dia de descanso? Sim, continha sete sábados anuais, que ocorriam uma
vez em cada ano. Nas seguintes passagens, você poderá constatar a existência de
cada um deles.
- O primeiro dia da semana da páscoa (Êxodo
12:15,16; Levítico 23:6,7).
- O sétimo dia da semana da páscoa (Números
28:17,18,25).
- O primeiro dia do sétimo mês (Levítico
23:24,25; Números 29:1-6).
- O décimo dia do sétimo mês (Levítico 16:29-31;
23:27,28,31,32; Números 29:7).
- O décimo quinto dia do mês (Números 29:12).
- O vigésimo segundo dia do mesmo mês (Levítico
23:39).
- O quinquagésimo dia (Pentecostes), também
chamado ‘festa das semanas’ (Levítico 23:15,16,21; Êxodo 34:22).
Não iremos mencionar aqui detalhadamente todos
estes sábados cerimoniais, mas para que você tenha uma melhor idéia de como
eles funcionavam, vamos citar de forma mais clara pelo menos um. Iremos utilizar
como exemplo o sábado cerimonial que ocorria no décimo dia do sétimo mês.
Leiamos uma das passagens que o focaliza:
“E
isto vos será por estatuto perpétuo: no
sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o
estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação
por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados
perante o Senhor. É um sábado de
descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo.” Levítico
16:29-31.
Segundo esta passagem, todo dia dez do mês sétimo
era um sábado. Este dia dez poderia cair em qualquer dia da semana e deveria
ser guardado e santificado. Era como se fosse um feriado nacional, assim como o
dia 7 de setembro, por exemplo. Se em um determinado ano o dia 7 de setembro
caiu em uma quarta-feira, no outro ano ele cairá em uma quinta-feira e assim
sucessivamente. Da mesma maneira eram estes sábados cerimoniais, não importava
o dia da semana que eles caiam, este dia deveria ser guardado. Se algum destes
dias caísse em uma quarta-feira, aquele dia era sábado, ou seja, um descanso. Se
ocorresse em uma sexta-feira, igualmente a sexta-feira deveria ser observada e santificada.
Com certeza, várias vezes alguns sábados cerimoniais
coincidiram com o sábado moral da lei dos dez mandamentos. Mas a Bíblia
menciona uma ocasião em
especial. No evangelho segundo João lemos:
“E
era a preparação da páscoa, e quase
à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei.” João 19:14.
Pelo que já mencionamos aqui, a páscoa era um
desses sábado cerimoniais. Jesus foi
crucificado na véspera ou na preparação do sábado cerimonial da páscoa. Lemos
também que este dia anterior à páscoa era a sexta-feira, o dia da preparação
também para o sábado do sétimo dia da semana:
“E,
havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa
penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e
amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia,
seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando
elas, prepararam especiarias e ungüentos; e
no sábado repousaram, conforme o mandamento.” Lucas
23:52-56.
A Bíblia é clara em mostrar que Jesus morreu em uma
sexta-feira. A inspiração identifica este dia como sendo o dia da preparação
para o sábado segundo o mandamento da lei de Deus, o quarto mandamento.
Aquela sexta-feira era a preparação para dois
sábados: O Sábado cerimonial pascoal e o sábado do sétimo dia da semana. O
apóstolo João relata alguns acontecimentos que tiveram lugar naquela
sexta-feira fatídica e inesquecível:
“Os
judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era
a preparação (pois era grande o dia
de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e
fossem tirados.” João 19:31.
Por que a inspiração chama aquele sábado de “grande”?
Sim, exatamente porque naquela ocasião dois sábados coincidiram, a saber, o
sábado cerimonial pascoal, ocorreu no sábado do sétimo dia semanal, por isso
esta expressão bíblica: “pois era grande o dia de sábado”.
Abaixo a distinção resumida destas duas leis:
É impossível confundirmos estas duas leis, pois as
mesmas são extremamente distintas. Como já vimos, a lei de Deus, a lei que
mostra o pecado, é totalmente separada da lei cerimonial (Deuteronômio 5:22). O
fato da lei dos dez mandamentos ser citada algumas vezes juntamente com a lei
cerimonial não pode significar que ambas as leis são uma só, pois como vimos, existe
uma distinção gigantesca entre uma e outra. Se pelo fato destas duas leis serem
algumas vezes citadas juntas podemos concluir que se trata então de uma única
lei, que diríamos dos textos que citam o Pai o Filho e o Espirito Santo?[1]
Seriam então uma só pessoa?
Já vimos o objetivo da lei moral que é mostrar o
pecado. Mas qual era o objetivo da lei cerimonial? Com que propósito foi ela
dada? Já mencionamos que ela foi dada por causa do pecado ou da transgressão
(Gálatas 3:19). Isto ocorreu logo que o pecado foi introduzido no mundo e Deus
então instituiu o sistema de sacrifícios de animais. Temos exemplo desse tipo
de cerimônia logo no início do livro de Gênesis.[2]
Depois, durante a peregrinação no deserto, Deus pediu que Moisés escrevesse
então em um livro regras sobre estes sacrifícios e delineou outras leis
cerimoniais para impressionar e ensinar de forma simbólica o Seu povo.[3]
Além disso, também pediu que fosse erigido um santuário onde seriam realizados estes
sacrifícios. O escritor aos Hebreus esclarece um fato muito importante sobre a
lei cerimonial. Escreveu ele:
“Porque
tendo a lei a sombra dos bens futuros,
e não a imagem exata das coisas,
nunca, pelos mesmos sacrifícios
que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” Hebreus 10:1.
A Bíblia identifica claramente que lei era “sombra
dos bens futuros”, a lei de “sacrifícios”.
Esta lei não era a realidade dos fatos, mas apenas uma sombra, um simbolismo de
algo que estava por acontecer.
Se a lei era uma sombra ou um simbolismo, o que ela
representava? Não iremos aqui detalhar todos os aspectos da lei cerimonial, mas
apenas o fato mais importante. A Palavra de Deus, ao mencionar o sacrifício de
Abel, diz que ele “trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas” (Gênesis 4:4). O que representavam aqueles
cordeiros imolados frequentemente? Por ocasião do batismo de Jesus, João
Batista, ao olhar para Jesus, disse:
“...Eis o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo.” João 1:29.
Com o sistema de sacrifícios Deus desejava impressionar
o povo com o sacrifício de seu Filho como de um cordeiro imaculado. Falando de
Jesus, a Palavra de Deus no, impressiona com as seguintes palavras:
“Ele
foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os
seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.” Isaías 53:7.
O apóstolo Pedro também escreveu:
“Mas
com o precioso sangue de Cristo, como
de um cordeiro imaculado e incontaminado.” I Pedro 1:19.
Toda a lei cerimonial era uma sombra ou um
simbolismo da obra do Filho de Deus em dar sua vida inocente em nosso lugar.
Até quando esta lei durou? O evangelista Mateus
relata um acontecimento singular no momento da morte de Jesus:
“E
Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de
alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. “Mateus
27:50, 51.
Como já mencionamos, o templo ou santuário era o
local onde eram realizados diversas cerimônias e sacrifícios da lei cerimonial.
Este templo possuía dois compartimentos separados por uma rica cortina ou véu,
a qual separava o lugar santo do lugar santíssimo do tabernáculo. Quando Jesus
morreu, às 15:00 daquela sexta-feira, era o momento em que no templo era realizado
o sacrifício da tarde. Ao bradar Jesus: “Pai
nas Tuas mãos entrego Meu espírito”, “o véu do templo se rasgou em dois, de
alto a baixo.” O significado desse acontecimento ficou claro: Findara-se
aquele sistema de sacrifícios que apontavam para a morte do verdadeiro Cordeiro
de Deus. Não era mais necessário que a lei cerimonial, que apontava para a
morte de Jesus, fosse obedecida. Todo aquele sistema cerimonial havia cumprido
seu propósito, e, por ocasião da morte de Jesus, fora abolido.
Paulo, escrevendo sobre a abolição da lei
cerimonial, disse:
“Havendo
riscado a cédula que era contra nós
nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do
meio de nós, cravando-a na cruz... Portanto, ninguém vos julgue pelo
comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos
sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Colossenses
2:14,16-17.
Paulo enfatiza que, com a morte de Jesus, a cédula
de ordenanças foi tirada do meio de nós. De forma nenhuma esta expressão é uma
referencia à lei de Deus, pois a lei dos dez mandamentos não foi escrita em
cédula, mas em tábuas de pedras. Outros detalhes importantíssimos surgem diante
de nossos olhos nesta passagem. Esta cédula que foi riscada, tirada do meio de
nós, falava sobre “comer”, “beber”, “dias
de festa”, “lua nova” e “sábados”. Qual lei continha estes preceitos? A lei
dos dez mandamentos nada contem sobre estas regras de comidas, bebidos, etc. Mas
a lei cerimonial continha todos estes preceitos. E os sábados? Estes sábados
mencionados aqui não poderiam ser o sábado da lei dos dez mandamentos? Não, de
forma alguma. E como sabemos disto? Simples. Estes sábados são mencionados
dentro de um contexto enfatizando unicamente a lei cerimonial e, segundo este
contexto, estes sábados devem ser e são os sete sábados anuais que foram
abolidos por ocasião da morte de Jesus. Outro detalhe importantíssimo: Paulo
deixa claro que estas comidas, bebidas, luas novas, dias de festa e os sábados
eram sombra dos bens futuros. Isto é importante, pois a única lei que era
sombra, segundo Hebreus 10:1 era a lei cerimonial, a lei de sacrifícios. Mas
além de todas estas evidências, de que estes sábados são os sábados da lei
cerimonial e não da lei dos dez mandamentos, existe ainda mais uma, também
incontestável: Estes sábados são sombras dos bens futuros. Mas perguntamos: O
Sábado do sétimo dia, é sombra dos bens futuros? Deixemos que a Bíblia nos
responda:
“Lembra-te
do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua
obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra,
nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o
teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os
céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto
abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo
20:8-11.
Segundo esta passagem, o sábado não é sombra das
coisas futuros, mas é um memorial de coisas passadas, memorial da obra da criação
realizada no princípio do mundo, mesmo antes de existir o pecado na Terra.
Portanto, nada tem a ver estes sábados de Colossenses 2:16 com o santo sábado
da lei de Deus, o sétimo dia da semana.
Você se recorda do texto de Gálatas 3:10? Aquele
texto que muitos utilizam para dizer que aqueles que estão guardando a lei de
Deus estão debaixo da maldição? Vamos rele-lo?
“Todos
aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está
escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão
escritas no livro da lei,
para fazê-las.” Gálatas 3:10.
Este texto nada tem haver com a lei dos dez
mandamentos escritas por Deus em tábuas de pedra. A lei que estaremos embaixo
da maldição se a guardarmos é a lei cerimonial, a lei do livro. E neste mesmo contexto encontramos também o texto de
Gálatas 3:13 aplicado também à lei cerimonial da qual Cristo nos resgatou, nos
livrando de mandamentos e estatutos que não eram bons ( Ezequiel 20:25).[4]
Falando, no entanto, da lei de Deus, e isto se pode
ver uma evidência no versículo 8 de romanos 7, quando é citado o décimo
mandamento, Paulo escreveu:
“E
assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.” Romanos 7:12.
Desta forma, percebemos que não existe nenhuma
contradição na lei Palavra de Deus, tudo se encaixa perfeitamente.
Os gálatas queriam, depois de terem conhecido a
Jesus, continuar a observar os preceitos da lei cerimonial, guardando “dias,
meses, tempos e anos” (Gálatas 4:10). Paulo disse que receia que houvesse
pregado Cristo debalde a eles. Queriam continuar com as formas de cerimônias,
inclusive a circuncisão, e Paulo teve que lhes advertir:
“Eis
que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos
aproveitará.” Gálatas 5:2.
Paulo chama esta lei de “jogo de servidão” a qual não devemos mais obedecer (Gálatas 5:1).
A carta aos gálatas é uma advertência àqueles que estavam procurando se
justificar por esta lei (Gálatas 3:11). Para termos uma noção da gravidade do
problema e como Paulo procurou corrigi-lo, somente na carta aos Gálatas
encontramos mais de 12 vezes referencias à circuncisão. Paulo procurou mostrar
a eles que, embora zeloso da lei (Gálatas 1:14), Cristo os havia libertado daquela lei de
cerimonias e que não deviam mais se meter debaixo do jogo da servidão (Gálatas
5:1).
Aos Hebreus lemos:
“Que
não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida
incorruptível.” Hebreus 7:16.
Se lermos os versículos anteriores, verificaremos
que a lei do mandamento carnal era a lei do sacerdócio que também pertencia à
lei cerimonial. Sobre a lei dos dez mandamentos, lemos em carta aos romanos:
“Porque
bem sabemos que a lei é espiritual;
mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Romanos 7:14.
Esta lei, como já foi provado, segundo o contexto
do capítulo 7, é a lei de Deus, a que foi escrita por Seu próprio dedo em
tábuas de pedra, a lei dos dez mandamentos. Esta lei é espiritual, não tem nada
a ver com uma lei carnal!
A lei “dos
mandamentos, que consistia em ordenanças” (Efésios 2:15), que foi desfeita pela morte de Jesus, é a lei de
cerimônias. E para demonstrar este fato o véu do templo foi rasgado em dois. Já a lei que Jesus
disse que não veio destruir, mas que também tinha vindo para cumprir, ou seja,
veio também para obedece-la, da qual não será tirado nem um jota (J) ou sequer
um til (~) é a lei moral dos dez mandamentos (Mateus 5:17-18).
Enquanto que a Bíblia é enfática em mostrar que a
lei cerimonial foi abolida, ela é igualmente enfática ao mostrar que a lei de
Deus, a lei dos dez mandamentos, que contem um sábado semanal, está em pleno
vigor e obrigatoriedade. O salmista escreveu:
“As
obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros
todos os seus mandamentos. permanecem
firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade e retidão.” Salmo
111:7,8.
Jesus também foi bem claro a respeito dessa verdade,
ao dizer:
“E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til (~) da lei.” Lucas 16:17.
A Terra e os céus são testemunhas constantes e
claras de que na lei de Deus nenhuma mudança ocorreu. Seria bom se todos
aqueles que acreditam que foi realizada alguma mudança na lei meditassem bem
nestas palavras!
“Não
quebrarei a minha aliança, não alterarei
o que saiu dos meus lábios.” Salmo 89:34.
A própria morte de Jesus, foi uma confirmação de
que a lei de Deus não pode ser alterada ou mudada, muito menos abolida. Porque
Sua santa lei foi transgredida é que precisou Jesus morrer por nós. Se a lei
pudesse, de alguma maneira, ser alterada, bastava Deus fazer tal alteração e
pouparia a vida de Seu próprio Filho.
Façamos uma recapitulação sobre as diferenças da
lei dos dez mandamentos e a lei cerimonial:
Como vimos, a lei de Deus mostra o pecado “e a força do pecado é a lei” (I
Coríntios 15:56), que “onde não há lei
também não há transgressão” (Romanos 4:15), portanto, todas as passagens da
Bíblia demonstrando a existência do pecado é uma evidência da vigência e
obrigatoriedade da lei dos dez mandamentos.
Sabemos assim, que a lei de Deus continua mostrando
o pecado. Porém, a lei cerimonial que continha cerimônias pelas quais se
obtinha o perdão, foi abolida. Como podemos hoje ser perdoados da transgressão
da lei de Deus a qual é santa justa e boa? Sabemos que a lei cerimonial
apontava simbolicamente para Cristo, cada gota do sangue daqueles animais
simbolizava o sangue do Filho de Deus a ser derramado em prol de cada pecador.
Na verdade, aqueles sacrifícios e toda a lei cerimonial por si só não possuíam
valor algum sem que o transgressor manifestasse fé no Messias prometido (Isaias
1:11-18). Pois “em nenhum outro há
salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4:12. O escritor aos Hebreus
destacou:
“Porque,
se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os
imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se
ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das
obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”
Hebreus 9:13-14.
Cristo é o único meio pelo qual todo pecador pode
obter o perdão. Sua lei é o único meio pelo qual enxergamos nossas impurezas e
pecaminosidade, pois “pela lei vem o
conhecimento do pecado” (Romanos 3:20).
Através da lei, o Espírito Santo nos convence do pecado ou da
transgressão dos mandamentos de Deus (João 16:8). Aqueles que crêem que a lei
foi abolida ou alterada obstruem o único meio pelo qual podemos ver-nos
pecadores e necessitados de um Salvador o “qual
não cometeu pecado nem na sua boca se achou engano.” I Pedro 2:22. Quando
divisamos a perfeição da lei de Deus (Salmo 119:7), quando olhamos para sua
santidade (Romanos 7:12) e a comparamos com nosso caráter, percebemos que
precisamos de um poder do alto para perdoar nossa transgressão e nos capacitar
a sermos obedientes a esta lei pela qual seremos julgados (Tiago 2:10-12).
Se hoje já não temos mais a lei cerimonial para que,
através dela, possamos obter o perdão, Deus hoje nos oferece algo infinitamente
melhor do que sangue de bodes e carneiros, Ele nos oferece o sangue de Seu
próprio Filho para expiação de todos os nossos pecados:
“Mas,
se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo o pecado.” I João 1:7.
O apóstolo João ainda escreveu:
“Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados,
e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1:9.
Aceitarás o sacrifício do Salvador em seu favor?
Exercerás fé naquele sangue que por ti foi derramado na cruz erguida no
calvário? Jesus deseja te limpar de toda transgressão e de todo pecado. Ele te
diz:
“Eu,
Eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim, e dos teus
pecados não me lembro mais.” Isaias 43:25.
A obra de Jesus não é apenas nos livrar dos pecados
já cometidos, mas veio também para nos salvar do poder do mesmo. Veio para nos
dar poder para sermos fieis a Sua santa lei (Mateus 1:21).
Aceitarás que Ele faça esta obra por você e em
você?
“Meus
filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o
mundo. E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.
Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e
nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus
está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele
que diz que está nele, também deve andar como ele andou.” I João 2:1-6.
Se você deseja esclarecer dúvidas ou quer conhecer mais, entre em contato:
cristiano_souza7@yahoo.com.br
Ou pelo Blog.
Teremos imensa satisfação em atender você!
[1] Mateus
28:19; II Coríntios 13:13; etc.
[2] Veja
Gênesis 4:4.
[3] Todo o
livro de Levítico.
[4] Este texto de Gálatas 3:13 tem, no entanto, outro significado diferente
desse comumente aplicado a ele, ou seja, de que Jesus nos livrou da lei. Se
esta passagem está citando a lei dos dez mandamentos, a Bíblia é clara em dizer
que “Cristo nos resgatou da maldição da lei” e não da lei em
si. Ou seja, Cristo nos livrou da pena de morte que recaia sobre o pecador
culpado em transgredir a santa lei de Deus. Desta pena de morte que recaia
sobre o culpado pela transgressão da lei, desta maldição, é que Cristo nos
resgatou fazendo-se maldição em nosso lugar!
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