quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O CRISTÃO E A POLÍTICA

Temos visualizado alguns artigos na internet sobre a política e a participação do cristão na mesma. Principalmente no período das eleições este assunto sempre aflora em muitas mentes, e com ele, algumas interrogações:

Qual deve ser a atitude de um adventista diante da política? Podemos defender planos políticos? Podemos nos candidatar?  Podemos votar?

politica.htm e http://prgilsonmedeiros.blogspot.com.br/2008/07/votar-ou-no-votar-eis-questo.html  você verá duas supostas respostas a estas perguntas pelos pastores Alberto R. Tim e Gilson Medeiros. Porém, parece que os pastores mencionados, apesar de desejarem transmitir uma ideia aparentemente equilibrada para muitos adventistas, ao dar palidamente a impressão de mostrar que a inspiração separa o cristão da política, no mesmo instante, eles o colocam nela. Além de terem deixado de citar textos claros sobre este ponto, ainda apoiam não somente o cristão votar, mas até mesmo a se candidatar, ao escreverem:

“Os membros da Igreja adventista do Sétimo Dia devem reconhecer ser seu dever individual escolher conscientemente em quem votar.” Pr. Alberto R. Tim. Ênfase acrescida.

“Os membros da igreja são livres para candidatarem e/ou votarem em candidatos.” Pr. Gilson Medeiros. Ênfase acrescida.

“É certo que os membros da igreja têm o direito, como cidadãos, de se candidatarem e concorrerem a cargos elegíveis.” Pr. Alberto R. Tim. Ênfase acrescida.

“Entre os direitos do cristão adventista o exercício de sua cidadania, está o de ocupar cargos políticos.” Pr. Alberto R. Tim. Ênfase acrescida.

Segundo o pastor Alberto R. Tim este direito pode ser exercido mesmo à custa da transgressão do sábado. Ele escreveu:

“Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia não discipline os membros que, por iniciativa pessoal, votem durante as horas do sábado, a recomendação é que isso seja evitado.” Ênfase acrescida.

A inspiração contradiz frontalmente tal pensamento:

“Fossem os homens livres para se apartar das reivindicações do Senhor e estabelecer uma norma de dever para si mesmos, (O pastor Tim usa a expressão: “por iniciativa pessoal”) e haveria uma variedade de normas para se adaptarem aos vários espíritos, e o governo seria tirado das mãos de Deus”. Ellen G. White, Maior Discurso de Cristo pg. 51.

Bem, Entendemos a posição dos pastores citados sobre a questão da política na igreja, eles devem ter motivos para dizerem tais coisas. Uma delas talvez é que, sempre que a igreja precisar de apoio político ela o encontrará, já que ela tem membros infiltrados em várias áreas do poder político. Outro motivo é que, assim eles se expressando, não reprova os muitos políticos influentes que existem na igreja. Sem dúvida, é um laço “bonito” de amizade criado entre a igreja e a política mundana.

Muitas pessoas de influencia nas igrejas com cargos de responsabilidade, que se sentem incitados a apoiar planos políticos ou certos políticos “cristãos”, fariam bem se atentassem para o seguinte texto:

“Os mestres, na igreja ou na escola, que se distinguem por seu zelo na política, devem ser destituídos sem demora de seu trabalho e suas responsabilidades; pois o Senhor não cooperará com eles. O dízimo não deve ser empregado para pagar ninguém para discursar sobre questões políticas. Todo mestre, pastor ou dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo desejo de ventilar suas opiniões sobre questões políticas, deve-se converter pela crença na verdade, ou renunciar à sua obra. Sua influência deve ser a de um coobreiro de Deus no conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais. Se ele não muda, há de ser nocivo, apenas nocivo.” Ellen G. White, Obreiros Evangélicos pg. 393.

Por não seguirem estes e outros conselhos semelhantes, vemos, mesmo entre professos crentes no advento, cumprir-se a seguinte profecia:

“O príncipe das potestades do ar, apresentará planos e ideias mundanos e estranhos sentimentos e princípios diretamente opostos à lei de Deus. Aqui devemos reservar toda a nossa influência para levantar bem alto a verdade. Sentimentos trazidos para a frente por políticos, serão repetidos por alguns que se dizem observadores do sábado. Que anjos os assistem no púlpito ao se levantarem para dar ao rebanho veneno em vez de trigo puro, bem joeirado? Eis a atuação de agentes satânicos para trazerem confusão, para fascinar o espírito tanto de adultos como de jovens. Os que têm andado humildemente diante de Deus, não se absorverão em advogar tanto um como o outro lado desta questão.” Ellen White, Testemunhos para Ministros pg. 334.

Este texto é interessante porque menciona não somente políticos trazendo suas ideias e opiniões para a igreja, mas que estes conceitos políticos serão repetidos por alguns que se dizem observadores do sábado.

O pastor Alberto Tim, ao mesmo tempo em que defende a participação de membros da igreja na política, parece querer mostrar que existem certas regras e regulamentos nesta questão, ao dizer:

“Candidatos adventistas que usam eventualmente o púlpito devem pregar o evangelho, sem jamais fa­lar sobre política.

No entanto, o fato simples da igreja saber que o pregador é um candidato político, torna seu sermão, por mais cristocêntrico que possa ser, uma boa palestra política. Como veremos, não pode existir terreno neutro nesta questão.

Mas vamos verificar de forma mais clara sobre o que diz a inspiração sobre este ponto. Tanto o pastor Alberto R. Tim quando Gilson Medeiros, poderiam citar mais textos sobre a questão. Albeto Tim se limitou apenas em dar a fonte de ótimas declarações do Espírito de Profecia. Escreveu:

“No capítulo "Nossa Atitude Quanto à Política” do livro Obreiros Evangélicos, págs. 391-396 (ver também Fundamentos da Educa­ção Cristã, págs. 475-484), podem ser encontradas importantes orientações sobre o não envolvi­mento de obreiros denominacio­nais em questões políticas. Já o pre­sente artigo menciona alguns con­ceitos básicos sobre a posição dos adventistas como cidadãos, candi­datos e eleitores políticos.” 

Sem dúvida ele se esquece que a maioria dos membros adventistas não conhecem, não leem e nem têm os escritos de Ellen White em casa. Alguns nem acreditam nestes escritos como fonte inspirada. Por isso, já que ele se propôs a expor o assunto “Os Adventistas e a Política”, não deveria ter deixado de citar textos tão importantes. Mas, ao contrário disso, o artigo aborda “alguns con­ceitos básicos sobre a posição dos adventistas como cidadãos, candi­datos e eleitores políticos,” dando liberdade a que seus membros votem até mesmo em dia santo, no sábado, e apoiando candidatos adventistas, como fez também o pastor Gilson Medeiros ao escrever:

“Se tiver de escolher entre um não-Adventista e um adventista, escolha o Adventista.” Ênfase do autor.

Apesar do pastor Gilson se equivocar em várias de suas colocações, ele foi mais feliz em seu artigo do que o pastor Tim, pois que o primeiro pelo menos citou alguns textos claros da inspiração sobre a questão. No entanto, existem outros textos mais conclusivos sobre este assunto que não poderiam ter faltado nestes artigos se eles desejassem mesmo transmitir ao povo a vontade clara de Deus nesta questão da política.

Este trabalho tem por finalidade mencionar o que faltou e somar mais informações neste tema. Afinal, um adventista ou um cristão, pode se envolver na política de alguma forma se candidatando ou mesmo que seja apenas votando? Sobre votar em dia de sábado, vou dispensar meu comentários, por que creio que todo adventista sincero que entender que a política não é própria para um cristão, não irá nem questionar votar em dia santo e sagrado! Então vamos lá:

Talvez se pergunte: Não devemos ter ligação alguma com o mundo? A Palavra do Senhor tem de ser nosso guia. Qualquer ligação com os infiéis e incrédulos, que nos viesse identificar com eles, é proibida pela Palavra. Temos de sair do meio deles, e ser separados. Em caso algum devemos unir-nos a eles em seus planos de trabalho.” Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã pg. 482.

Esta passagem deveria ser suficiente para mostrar a verdade. Este texto mostra que é impossível um cristão ser candidato, pois que é obrigatório pertencer a algum partido político, ligando–se assim com os incrédulos, identificando-se com eles.

Seja qual for o período eleitoral pelo qual passamos, se a eleição é para eleger candidatos ao governo do país ou de municípios, através de votos, a população de um país escolhe seus dirigentes e governantes. Isto, no entanto, nunca esteve no plano de Deus para com Seu povo. A Bíblia deixa claro que o plano de Deus para com Seu povo era que este reconhecesse apenas um governo, o Teocrático. Ou seja, o povo de Deus reconhece apenas a Deus como seu Rei e Governador.

Quando o povo de Israel começou a olhar para as nações pagãs as quais possuíam cada uma delas um rei, começou a nutrir este mesmo desejo:

“E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” I Samuel 8:5.

Percebe-se facilmente que até então o povo de Deus era governado de uma forma diferente de outras nações. O resultado desse pedido se nota no versículo seguinte:

“Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor.” I Samuel 8:6.

Lendo estes textos, não compreendemos como pode um cristão votar por alguém que o dominará, muito menos não compreendemos como uma pessoa com toda a luz que brilhou sobre nós nestes últimos dias, pode ele mesmo se envolver em algo que nunca esteve no coração de Deus.

Hoje as pessoas reclamam da administração de nosso país, por exemplo. Mas nada do que ocorre hoje, já de antemão não havia sido avisado por Deus (I Samuel 8:9-18). No entanto o povo insistiu:

“Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras.” I Samuel 8:19-20.

Diante do pedido e insistência do povo, Deus disse:

“E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.” I Samuel 8:7.

Olhamos estes textos e muitos parecem não perceber que ao votarem em algum candidato eles repetem o mesmo erro do povo de Israel em pedir um rei! A Bíblia reforça esta ideia ao mencionar novamente:

“Mas vós tendes rejeitado hoje a vosso Deus, que vos livrou de todos os vossos males e trabalhos, e lhe tendes falado: Põe um rei sobre nós. Agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, pelas vossas tribos e segundo os vossos milhares.”  I Samuel 10:19.

Quantos cristãos chegam até mesmo a entrar em discussão sobre quem será o melhor candidato para governar o país? Quantos que se dizem cristãos escolhem para eles um rei ou presidente ao votar?
Deus desejava que Seu povo entendesse plenamente esta questão, e por isso lemos:

“E vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei; sendo, porém, o Senhor vosso Deus, o vosso rei. Não é hoje a sega do trigo? Clamarei, pois, ao Senhor, e dará trovões e chuva; e sabereis e vereis que é grande a vossa maldade, que tendes feito perante o Senhor, pedindo para vós um rei. Então invocou Samuel ao Senhor, e o Senhor deu trovões e chuva naquele dia; por isso todo o povo temeu sobremaneira ao Senhor e a Samuel. E todo o povo disse a Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor teu Deus, para que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei. Então disse Samuel ao povo: Não temais; vós tendes cometido todo este mal; porém não vos desvieis de seguir ao Senhor, mas servi ao Senhor com todo o vosso coração.” I Samuel 12:12, 17-20.

Devemos estar atentos à inspiração e notar que a mesma é clara em nos dizer que não devemos cometer a mesma maldade ou o mesmo pecado do povo de Israel em escolher para nós nossos governantes.

Não devemos transigir com os princípios, para ceder às opiniões e preconceitos que talvez animássemos antes de nos unir com o povo observador dos mandamentos de Deus. Temo-nos alistado no exército do Senhor, e não nos cabe combater do lado do inimigo, mas do lado de Cristo, onde podemos ser um todo unido, em sentimento, ação, espírito e comunhão. Os que são genuinamente cristãos são ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo.” Ellen G. White, Obreiros Evangélicos pg. 393.

No caso da alimentação, ao permitir Deus que o povo de Israel, ao chegar em Canaã, comesse carne, Deus diminuiu os efeitos deste mal ao dizer quais os animais  que o povo poderia comer e não comer, e as partes que não deviam usar.(Lv 11: 7: 22-27). Estes regulamentos ajudaram a minorar o mal, mas não resolviam totalmente o problema. Semelhantemente, a questão de o povo ter um rei, não era o correto, consistia um grave pecado. Deus, no entanto, procurou diminuir este mal não permitindo que o povo mesmo escolhesse o rei, mas que Deus o indicasse, como o fez no caso de Saul, Davi e Salomão. Este sistema teocrático representativo foi eliminado quando os costumes pagãos em que o filho herdava o trono do pai suplantaram de uma vez por todas o sistema teocrático. O resultado disso foi que reis corruptos subiram ao trono de Israel e Judá, unicamente por serem descendentes ou filho de um rei como mostra claramente os livros de Reis e Crônicas.

Por não representarem a vontade de Deus, estes reis acabaram muitas vezes sendo dirigidos por reis pagãos (Neemias 9:37) como no caso de Zedequias, que reinou debaixo do jugo Babilônico (Jeremias 52:2-3), ou no caso do rei Herodes que reinava sobre os judeus, mas tinha que prestar contas ao poder romano (Mateus 2:1; Lucas 3:1).

Ficou claro através do tempo e da história que os governos humanos não resolviam os problemas da humanidade, ao contrário, mergulhava mais e mais na miséria e desilusão. As profecias, portanto, apontavam apenas a um tempo em que haveria um reino justo e cheio de equidade. Tudo o que fosse diferente desse reino não precisam os cristãos olhar com esperança, pois já havia sido provado que os planos dos seres humanos nunca os levou à felicidade real. Deus sabia dessa triste experiência já de antemão. Por isso a inspiração dizia:

“O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.” Gênesis 49:10. 

“Meu é Gileade, e meu é Manassés; Efraim é a força da minha cabeça; Judá é o meu legislador.” Salmos 60:7; 108, 8;

Cetro é símbolo de governo e este sempre estaria nas mãos de Cristo. Apesar de que seres humanos é que governam o mundo, os cristãos sabem que em verdade Deus é seu Rei e é Ele que está no comando de tudo.

“... até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.” Daniel 4:25.

“ .... até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele.” Daniel 5:21.

Por isso, não é necessário que nós nos envolvamos na política deste mundo, no qual governam reinos que são simbolizados por animais ferozes e carnívoros que precisam devorar para poderem sobreviver (Dan. 7). É Deus, o governador de todo o Universo, quem decide quem irá governar ou reinar, e não os homens, muito menos o povo de Deus, através de votos! Daniel 4:17,26; Salmo 59:13; 66:7;145:13; Provérbios 8:15; Salmos 22:28; Jeremias 27:5,6; Salmo 103:19; I Crônicas 29:11; Daniel 2:20-22,37-38; Esdras 1:2.
Existem outros fatores importantíssimos envolvidos neste assunto. Recordemo-nos do que Jesus disse:

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. João 18:36.

Perceba que o reino de Cristo não é deste mundo. Se fosse, os seus servos, os cristãos, pelejariam e batalhariam por um reino terreno melhor. Mas o reino dEle não é daqui.

“Mas Ele disse: "O Meu reino não é deste mundo." João 18:36. Não quis aceitar o trono terrestre. O governo sob que Jesus viveu era corrupto e opressivo; clamavam de todo lado os abusos - extorsões, intolerância e abusiva crueldade. Não obstante, o Salvador não tentou nenhuma reforma civil. Não atacou nenhum abuso nacional, nem condenou os inimigos da nação. Não interferiu com a autoridade nem com a administração dos que se achavam no poder. Aquele que foi o nosso exemplo, conservou-Se afastado dos governos terrestres. Não porque fosse indiferente às misérias do homem, mas porque o remédio não residia em medidas meramente humanas e externas. Para ser eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individualmente, e regenerar o coração.” Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações pg. 509.

“Por mais de uma vez Cristo foi solicitado a decidir questões políticas e jurídicas; mas recusava-Se a interferir em assuntos temporais.” Ellen G. White, Obreiros Evangélicos pg. 396.

Muitos aspectos precisam ser considerados nestes textos. Semelhante ao governo em que Jesus viveu, corrupto, vivemos hoje também. Creio que nos dias de Jesus a situação era pior. No entanto, perceba que Aquele que foi nosso Exemplo, conservou-se afastado dos governos terrestres. Não atacou, não apoiou, não se envolveu com os governos deste mundo. Se temos a Jesus como nosso exemplo, se sabemos o que isto significa, tenho certeza que também nos conservaremos afastados da política. Jesus sabia que o remédio para a humanidade não estava ou não está em medidas meramente humanas, não se encontra em promessas políticas nem em planos de governos, Ele sabia que “Para ser eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individualmente, e regenerar o coração.” Para realizar esta obra, ele não deixou a política, mas instituiu Sua igreja, uma igreja teocrática com o fim de anunciar seu reino e Seu governo eterno de paz e justiça. Para realizarmos esta obra, não precisamos fazer parte do governo secular nem dele tomarmos parte, pois sabemos que o remédio para a humanidade não está nestas medidas.

Jesus deixou claro que seu reino não é desta Terra. Ele disse diversas vezes tratar-se do reino dos céus. Mateus 13:24, etc.  Paulo confirma isto da seguinte maneira:

“E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém.” II Timóteo 4:18.

Nós, os cristãos, que constituímos o povo de Deus, somos súditos do reino celestial, por isso, neste mundo, somos estrangeiros e peregrinos.

“Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Hebreus 11:13.

Nossa pátria está no Céu (Hb 11:14-16).

Sendo que somente cidadãos do país podem fazer uso do direito de votar, nós, na qualidade de estrangeiros e peregrinos, não temos o direito de voto, muito menos de participar em planos políticos.

Quanto ao mundo, dirão os cristãos: Não nos intrometeremos na política. Dirão decididamente: Somos peregrinos e estrangeiros; a nossa cidadania é de cima. Não serão vistos escolhendo companhia para o divertimento. Dirão: Deixamos de ser apaixonados por coisas infantis. Somos estrangeiros e peregrinos e olhamos para uma cidade que tem fundamento e cujo construtor e autor é Deus.” Ellen G. White, Testemunhos para Ministros pg. 131.

Segundo os pastores Alberto Tim e Gilson Medeiros, no entanto, os cristãos tem dupla cidadania.

“... temos dupla cidadania: uma celestial e outra terrena.” Gilson Medeiros. Ênfase acrescida

Neste ponto Alberto R. Tim foi mais feliz em sua colocação. Ele parece explicar a funcionalidade de estarmos neste mundo. Apesar de teologicamente também se equivocar em dizer que temos dupla cidadania, pois a Bíblia rejeita esta ideia ao dizer: “Estão no mundo, mas não são do mundo(João 17:16), Tim escreveu:

“Um terceiro princípio funda­mental é que cada cristão adventista possui uma dupla cidadania ele é, acima de tudo, cidadão do reino de Deus e, em segundo plano, cidadão do país em que nasceu ou do qual obteve a cidadania. Conseqüente­mente, deve exercer sua cidadania terrestre com base nos princípios cristãos de respeito ao próximo....”  Alberto R. Tim. Grifo acrescido.

Neste caso, apoiamos esta explicação. Porém, ficou claramente no artigo a ideia para o apoio político a crentes adventistas, como expressada também por Gilson Medeiros.

Entendemos o que querem dizer quando dizem que temos dupla cidadania. No entanto, nossa “cidadania” do país no qual vivemos, serve apenas para uma questão de ordem legal diante do governo neste mundo e não deve, segundo o Espírito de Profecia, ser exercida na questão política:

“Rogo aos meus irmãos designados para educar, que mudem sua maneira de agir. É um engano de vossa parte o ligar vossos interesses com qualquer partido político, dar o vosso voto com eles ou por eles. Os que ocupam o lugar de educadores, de pastores, de colaboradores de Deus em qualquer sentido, não têm batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus.” Ellen G. White, Obreiros Evangélicos pg. 393.

No plano de Deus, possuímos uma única cidadania, a celestial. Não podemos ficar divididos nesta questão. Se os fieis possuíssem dupla cidadania, uma do Céu outra neste mundo, como poderiam confessar que eram peregrinos estrangeiros na Terra?

“Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos comigo.” Levítico 25:23.

Nunca consegui imaginar Jesus dizendo: “Eu tenho dupla cidadania, Meu reino é do Céu e deste mundo, vou me envolver na política, e vou votar também durante as horas do sábado.” 
  
Isto pode parecer absurdo? Ser cristão é viver diferente de Jesus?

O Espírito de Profecia esclarece mais esta questão nas seguintes palavras:

“Deus prometeu a Abraão e a sua semente depois dele que teriam posses e terras, mas ainda assim seriam apenas estrangeiros e peregrinos. A herança e as terras destinadas não só a Abraão mas aos seus filhos não lhes serão dadas antes que a Terra seja purificada. Abraão receberá então o direito de posse de sua terra, suas possessões; e os filhos de Abraão receberão o direito de propriedade de suas posses. Cada um de nós deve sempre ter em mente que esta Terra não é nossa habitação, mas que teremos uma herança na Terra renovada. A destruição de Sodoma e Gomorra simboliza para nós como este mundo será destruído pelo fogo. Não é seguro, para nenhum de nós, colocar nossas esperanças nesta vida. Desejamos em primeiro lugar buscar o reino de Deus e Sua justiça.” MM 02: 79.

Isto por si só já deveria ser o suficiente para que todo bom cristão entendesse que não deveria mesclar o puro com o impuro!

“Não devemos, como um povo, envolver-nos em questões políticas. Todos fariam bem em dar ouvidos à Palavra de Deus: Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos em luta política, nem vos vinculeis a eles em suas ligações. Não há terreno seguro em que possam estar e trabalhar juntos. O fiel e o infiel não têm terreno neutro em que possam encontrar-se.” Mensagens Escolhidas, vol.2, pág. 336.

Mas na ideologia de alguns, contradizendo frontalmente a inspiração, existe sim um terreno neutro no qual o cristão pode se envolver na política, como de pode ver claramente nos artigos escritos pelos pastores Alberto R. Tim e Gilson Medeiros. Ficaremos com a inspiração?

O que Deus então requer de seu povo na questão da política? Ellen White foi clara:

“O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloqüência.” OE 391.

A inspiração faz um advertência a qual todo adventista sincero deveria atentar. Aqueles que sabem que em breve serão legisladas leis para controlar a consciência deveriam manter-se afastados da política. Mas ao contrário disso, vemos alguns incentivando votar em políticos cristãos, como se pudesse existir harmonia entre cristianismo e a política desde mundo poluído pelo pecado!

“Que devemos então fazer? - Deixai os assuntos políticos em paz. "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" II Cor. 6:14 e 15. Que pode haver de comum entre esses partidos? Não pode haver sociedade, nem comunhão. A palavra "sociedade" importa em participação, parceria. Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo. Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas, a verdade e a injustiça? - Nenhuma, absolutamente. A luz representa a justiça; as trevas, a injustiça. Os cristãos saíram das trevas para a luz. Eles se revestiram de Cristo, e usam a divisa da verdade e obediência. São regidos pelos princípios elevados e santos que Cristo exemplificou em Sua vida.” OE393.

Vamos entender resumidamente o que a inspiração quer nos dizer:

A – A política é uma questão exercida por infiéis – O cristão é fiel.
B – Na política existe injustiça – Nós pertencemos à sociedade da justiça e da verdade.
C – A política é trevas – O cristão é luz.
D – A política é de Belial – Nós somos de Cristo.
E – Nada deve haver de comum entre cristãos e política, nem alguma sociedade. E “a palavra ‘sociedade’ importa em participação, parceria.” É impossível se candidatar sem que ocorra sociedade ou parceria com partidos ou planos políticos.

Analise com oração e muito cuidado também o seguinte texto:

“Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um sábado falso, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos.” OE 392.

Alberto Tim aplica este texto de Ellen White a políticos corruptos não a um político adventista “cristão”. Tim dá a entender que podemos conhecer as pessoas nas quais votamos, se forem pessoas “cristãs”. Ignora, porém, que o Senhor “não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (I Samuel 16:7) E na política, pastor Tim, o que conta não é a aparência, mas exatamente o que o homem não conhece, o coração. E por isso “Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos.”

Eu não quero ser culpado por tantas corrupções, crimes, e até mesmo no futuro por leis que perseguirão o povo de Deus e que implantarão leis dominicais para controlar a consciência. Através de um voto poderemos estar tocando na menina do olho de Deus. Já paramos para pensar o que isto significa?

Hoje é ventilado no meio adventista assuntos sobre política, e existem, como se pode facilmente perceber pelos artigos mencionados, políticos adventistas. Como já vimos, isto não deveria ser assim e não era no passado. Sobre isto lemos:

“Os homens da intemperança estiveram hoje no escritório, exprimindo de modo lisonjeiro sua aprovação à atitude dos observadores do sábado não votando, e exprimiram esperanças de que eles fiquem firmes nessa atitude e, como os quáqueres, não dêem seu voto.” II ME 337.

Esta era a posição da Igreja no passado e esta é nossa posição hoje como igreja de Deus.

“Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso legislador; o Senhor é o nosso rei, ele nos salvará.” Isaías 33:22.

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Isaías 9:6.

“Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai.” Lucas 1:32.

“E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” Lucas 1:33.

“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta.” Zacarias 9:9.

O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura em todas as gerações.” Salmos 145:13.

Gilson Medeiros parece conhecer pelo menos parcialmente esta verdade, ao dizer:

“Temos dupla cidadania e apenas a celestial vai prevalecer depois que tudo acabar.”

No entanto, Gilson Medeiros deve decidir de qual reino ele é cidadão. Coração dividido é perigoso.

O seu coração está dividido, por isso serão culpados; o Senhor demolirá os seus altares, e destruirá as suas estátuas.” Oséias 10:2.

Nossa relação com os governos

Antes que alguém saia por aí dizendo que o Movimento de Reforma é contra as leis existentes para proporcionar segurança e ordem, queremos dizer que, ao contrário disso, fazemos todo o possível para que leis boas e justas sejam cumpridas e obedecidas. A inspiração é clara:

“Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Mateus 22:18-20.

“Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.” Romanos 13:1-7.

“Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra; Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.” Tito 3:1-3.

No entanto, estes textos não nos dizerem que devemos para isto se envolver em política. O Espírito de Profecia esclarece esta questão nas seguintes palavras:

“Os homens mundanos são governados por princípios mundanos e não podem apreciar quaisquer outros. A política mundana e a opinião pública inclui o princípio de ação que os governa e que os leva a praticar uma aparência de retidão. O povo de Deus, porém, não deve ser governado por estes motivos. As palavras e ordens de Deus, escritas na alma, são espírito e vida. Nelas há poder para subjugar e levar à obediência. Os dez preceitos de Jeová são o fundamento de todas as leis justas e boas. Aqueles que amam os mandamentos de Deus submeter-se-ão a toda boa lei na terra.” IT 361.
                    
Cumpre-nos reconhecer o governo humano como uma instituição designada por Deus, e ensinar obediência ao mesmo como um dever sagrado, dentro de sua legítima esfera. Mas, quando suas exigências se chocam com as reivindicações de Deus, temos que obedecer a Deus de preferência aos homens. A Palavra de Deus precisa ser reconhecida como estando acima de toda a legislação humana. Um "Assim diz o Senhor", não deve ser posto à margem por um "Assim diz a igreja", ou um "Assim diz o Estado". A coroa de Cristo tem de ser erguida acima dos diademas de autoridades terrestres. Não se nos exige que desafiemos as autoridades. Nossas palavras, quer faladas quer escritas, devem ser cuidadosamente consideradas, para que não sejamos tidos na conta de proferir coisas que nos façam parecer contrários à lei e à ordem. Não devemos dizer nem fazer coisa alguma que nos venha desnecessariamente impedir o caminho. Temos de avançar em nome de Cristo, defendendo as verdades que nos foram confiadas. Se somos proibidos pelos homens de fazer essa obra, podemos então dizer como os apóstolos: ‘Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus? Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.’ Atos 4:19 e 20.”  Atos dos Apóstolos 69.

Os que se dizem crentes no breve aparecimento de Cristo nas nuvens dos céus, que foram ensinados a orar “venha o Teu reino” representariam melhor esta crença se se limitassem a dar a esta questão da política a resposta que a inspiração oferece e não aquilo que convém para suas instituições e comodismos!

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra.” Colossenses 3:2.

Desejamos e precisamos enfatizar também que as citações à outras conclusões por partes de líderes adventistas ou mesmo da igreja Adventista na questão do envolvimento na política, são citadas apenas com o objetivo de fazer com que o leitor venha a avaliar este assunto não de uma forma unilateral. Mas que, ao se deparar com outras conclusões, a visão sobre este assunto seja geral e não focada em apenas uma opinião. Porém, o mais seguro, é que toda opinião formada, deve ter base e fundamento na Palavra inspirada. É nesta que nós, da Igreja Adventista do Sétimo Dia – Movimento de Reforma, temos apoiado nossas doutrinas.

cristiano_souza7@yahoo.com.br



8 comentários:

Anônimo disse...

Ô POVIM PRA FALAR MAL DOS OUTROS, NUNCA VI IGUAL...

Cristiano disse...

Com esta sua observação,quem está falando mal de quem? Se esqueceu do texto que diz:

"Por que reparas tu o cisco no olho de teu irmão, mas não percebes a viga que está no teu próprio olho? E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco do teu olho, quando há uma viga no teu? E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco do teu olho, quando há uma viga no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão."? Mateus 73-5.

Fica a dica!

Deize disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Deize disse...

Que Deus nos ajude a continuar a manter estendida bem ao alto sua bandeira. Deus abençoe e prepare seu povo para a angustia de Jacó a nossa frente. Amém

Unknown disse...

Que loucura essa seita Só Jesus pra abrir os olhos de vcs

Adelson Nogueira disse...

Verdades claras sobre o assunto foram ditas.Já li três vezes. Obrigado meu nobre, que Deus continue te abençoando.

Anônimo disse...

Maravilhoso pensamento e muito bem baseado nas escrituras sagradas de Deus ! Sim muitas pessoas e igrejas querem justificar o fato de estarem ligadas ao mundo, a política, mas podemos observar que Deus em sua palavra é espírito de prefecia é bem claro quanto a isso. Você fes sua parte co partilhando a verdade e esclarecendo meias verdade que levam a caminhos de morte.

Filipe disse...

Excelente. Se está sendo apresentada meia verdade, e incentivo em vários outros erros, tem que falar sim, o que a Bíblia e os Testemunhos falam por completo.