segunda-feira, 6 de maio de 2013

“Por Que Deus Permitiu e Ordenou Matar Tanta Gente?”



O 6° mandamento proíbe ao ser humano tirar a vida (Êxodo 20: 13). No entanto, a vida de toda a carne está nas mãos de Deus, todas a Ele pertencem (Ezequiel 18:4). Ele deu a vida e a Ele pertence tira-la quando e como bem desejar. Portanto, nada há de complicado nesta questão. As pessoas que questionam o sentido de no passado Deus permitir que pessoas fossem mortas pelo povo de Israel naquelas guerras na conquista de Canaã, deveriam não esquecer de que Deus ainda continua tirando a vida de milhões de pessoas em nosso tempo, através da morte comum.

“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Romanos 5:12.

Mas, vamos “mergulhar” mais profundamente nesta questão. Porque Deus não apenas permitiu, mas também ordenou que se matassem pessoas de outras nações? A resposta é simples. Reflitamos no seguinte texto:

 “E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida dos amorreus não está ainda cheia.” Gênesis 15:15-16.

Por este texto verificamos que Deus havia dado uma medida de misericórdia àqueles povos pagãos, e quando eles ultrapassassem esta linha da misericórdia Divina, não haveria mais salvação para eles. Se Deus os deixasse vivos, a vida de pecados e rebeldia contra Deus que continuariam a levar traria ainda mais sofrimento a eles mesmo e a seus semelhantes e descendentes. Tudo isto apenas faria que sofressem mais no dia do juízo para pagar todo mal que ainda continuariam a fazer:

“Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; O qual recompensará cada um segundo as suas obras.” Romanos 2:5,6.

“Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados.” II Pedro 2:9.

Para que isto não ocorresse, a fim de que a quantidade de pecados e consequentemente o castigo daquelas pessoas fosse menor, Deus então decidiu destruir aquelas nações pagãs que haviam ultrapassado todos Seus apelos de misericórdia e graça. A Palavra de Deus diz:

“Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; Retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais.” Números 14:9.

"Retirou-se deles o Seu amparo." Núm. 14:9. Isto é, os cananeus tinham enchido a medida de sua iniqüidade, a divina proteção foi retirada deles...” História da Redenção pág. 160.

Perceba, portanto, que Deus, que até então estivera amparando e protegendo aqueles povos, não os podia mais proteger. O auxilio Divino, devido aos pecados daquelas nações seria retirado delas.

Mas a pergunta é: A misericórdia e o conhecimento de Deus foram estendidos àqueles povos pagãos para que fosse salvos? Sim, sem dúvida alguma e de forma maravilhosa. Raabe, que morava em Jericó, cidade pertencente a um daqueles povos pagãos, disse:

“Porque temos ouvido que o Sennhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Siom e a Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes. O que ouvindo, desfaleceu o nosso coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima nos céus e em baixo na terra.” Josué 2:10-11.

Raabe que compreendeu o poder de Deus e O reconheceu como o Deus acima dos Céus e em baixo na Terra, foi salva, pois aceitou ela Sua misericórdia e graça.

“A destruição total do povo de Jericó não era senão um cumprimento das ordens previamente dadas por intermédio de Moisés, concernentes aos habitantes de Canaã: ‘Quando... o Senhor Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás.’ ‘Das cidades destas nações... nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida.’ Deut. 7:2; 20:16. Para muitos estas ordens parecem ser contrárias ao espírito de amor e misericórdia estipulado em outras partes da Bíblia; mas eram na verdade os ditames da sabedoria e bondade infinitas. Deus estava para estabelecer Israel em Canaã, desenvolver entre eles uma nação e governo que fossem uma manifestação de Seu reino na Terra. Não somente deveriam ser os herdeiros da verdadeira religião, mas deveriam disseminar seus princípios por todo o mundo. Os cananeus haviam-se entregado ao mais detestável e aviltante paganismo; e era necessário que a terra fosse limpa daquilo que de maneira tão certa impediria o cumprimento dos graciosos propósitos de Deus.
 
Aos habitantes de Canaã havia sido concedida ampla oportunidade para o arrependimento. Quarenta anos antes, a abertura do Mar Vermelho e os juízos sobre o Egito haviam testificado do poder supremo do Deus de Israel. E agora a destruição dos reis de Midiã, de Gileade e Basã, tinha ainda mostrado que Jeová era superior a todos os deuses. A santidade de Seu caráter e Sua aversão à impureza haviam sido demonstradas nos juízos que recaíram sobre Israel pela sua participação nos ritos abomináveis de Baal-Peor. Todos estes fatos eram conhecidos dos habitantes de Jericó, e muitos havia que participavam da convicção de Raabe, embora se recusassem a obedecer à mesma, convicção esta de que o Deus de Israel "é Deus em cima nos Céus e embaixo na Terra". Semelhantes aos homens antediluvianos, os cananeus apenas viviam para blasfemar do Céu e contaminar a Terra. E tanto o amor como a justiça exigiam a imediata execução destes rebeldes a Deus, e adversários do homem.” Patriarcas e Profetas, pág. 492.

Deus poderia haver colocado fim aquelas vidas de pecados de muitas formas, como muitas vezes o fez.  Veja estes exemplos:

 “E, quando começaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pôs Emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá, e foram desbaratados.” II Crônicas 20:22.

 “E sucedeu que fugindo eles de diante de Israel, à descida de Bete-Horom, o Senhor lançou sobre eles, o céu, grandes pedras, até Azeca, e morreram; e foram muitos mais os que morreram das pedras da saraiva do que os que os filhos de Israel mataram à espada.” Josué 10:11.

Desta forma, Deus não só utilizava o povo de Israel para colocar fim a uma vida de rebeldia, mas Ele mesmo muitas vezes o fazia. E isto para que a felicidade e a paz de muitas pessoas fossem preservadas. Diversas vezes Deus permitia que os israelitas mesmos se empenhassem na guerra por vários motivos, um deles era para que aprendessem que dependiam inteiramente de Deus para sua conquistas e que Deus era Quem na verdade guerreava por eles.

“E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão.” I Samuel 17:47

Como vemos, era uma guerra de Deus contra o pecado, e tudo aquilo que podia interferir na felicidade da humanidade. Por isso, em diversas passagens lemos falando das GUERRAS DO SENHOR.

 “Por isso se diz no livro das guerras do Senhor: O que fiz no Mar Vermelho e nos ribeiros de Arnom.” Números 21:14.

 “Por isso Saul disse a Davi: Eis que Merabe, minha filha mais velha, te darei por mulher; sê-me somente filho valoroso, e guerreia as guerras do Senhor (porque Saul dizia consigo: Não seja contra ele a minha mão, mas sim a dos filisteus).” I Samuel 18:17.

Por este motivo é que a Bíblia enfatiza que os Israelitas apenas guerreavam as guerras de Deus.

“Perdoa, pois, à tua serva esta transgressão, porque certamente fará o Senhor casa firme a meu senhor, Porque meu senhor guerreia as guerras do Senhor, e não se tem achado mal em ti por todos os teus dias,” I Samuel25:28. 

Hoje, portanto, não precisamos guerrear já que a graça de Deus ainda esta aberta a todo pecador em toda nação que se arrepende e quer viver (Atos 10:34-35). Outro detalhe é que os israelitas eram uma nação unida, onde israelita estava de um lado, e, do outro lado inimigo, estavam apenas pessoas que não eram israelitas. Hoje, a igreja de Deus esta em todo o mundo. Se um determinado país fizesse uma guerra contra algum outro país, seria cristão matando cristão, ou pior, no caso daqueles que professam fé na mensagem do terceiro anjo, adventistas matando adventistas!! Isto seria inadmissível. Isto não acontecia naquelas guerras de Israel contra um povo totalmente idólatra, e que havia escolhido o mal no lugar do bem.

Talvez, se o presidente A.G. Daniells conhecesse um pouco mais a Bíblia, não teria dito aos irmãos representantes do Movimento Opositor em 1920 que se eles vivessem no tempo de Moisés eles teriam acusado Moisés de assassinato pelo fato de estarem defendendo que um jovem adventista não devesse ir a guerra. As palavras do então presidente adventista é de fazer qualquer crente sincero tremer:

“Cremos que os pontos de vista (a não participação na guerra) que defendeis são totalmente errôneos... Que haveríeis dito de Moisés se ele, alguns dias depois de lhe ser dada a lei, no Sinai, vos houvesse encarregado de matar o rei de Basã e todos os homens, mulheres e crianças? Vós o teríeis acusado de assassinato? Não obstante, Deus lhe deu a ordem de violar o sexto mandamento.” Protocolo da Discussão com o Movimento Opositor, pág. 93.

Seria bom também se Daniells tivesse comparado certas ordens de Deus no passado com as palavras de Jesus, que disse:

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5:43-44.

Como pode um cristão amar seu inimigo em um campo de batalha?? Este princípio do evangelho é impossível de ser obedecido em um campo de guerra. Por isso a inspiração diz:

“No exército eles não podem obedecer à verdade e ao mesmo tempo obedecer às ordens de seus superiores.” -Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 361.

Paulo também escreveu: 

“Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” Romanos 12:20.

Com certeza, no exército ou na guerra, a ordem é totalmente inversa a de auxiliar o inimigo!

Lamentamos certas decisões que foram tomadas pela liderança da igreja Adventista no passado, precisamente de 1914 a 1918 durante a primeira guerra mundial, contrariando os princípios do evangelho e a própria obra de Jesus que assegurou que “o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las”. Lucas 9:56.

No passado, foi necessário que algumas nações pagãs fossem riscadas do mapa para que não continuassem com suas práticas abomináveis e seus cultos idólatras, onde muitas vezes crianças eram sacrificadas de forma dolorosa e ímpia à Moloque, o deus dos Amonitas (II reis 23:10; Jeremias 32:35).  Fossem todas aquelas nações pagãs poupadas e sua influencia negativa sobre o povo de Deus teria sido muito mais devastadora.

Assim como Deus se enfadou do mundo antediluviano a ponto de destruí-lo com água (Gênesis 6:1-7; II Pedro 3:6), Deus se enfadou daquelas nações a ponto de algumas vezes, através de seu povo, também extingui-las da face da terra. E com Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas não foi diferente (Judas 1:7). Estas cidades ultrapassaram os limites da misericórdia e tolerância Divina.


No entanto, por Deus utilizar certos métodos para por fim àquelas vidas de pecados, iniquidades e abominações através de seu povo ou outros meios que Ele achou melhor, não deve isto ser motivo para duvidarmos de Seu amor e Onisciência, ou mesmo para nos levar a tirar a vida de nossos semelhantes em uma guerra sobre circunstâncias totalmente diferentes e diversas daquelas do passado. Devemos entender hoje que Satanás deleita-se na guerra; pois esta excita as mais vis paixões da alma, arrastando então para a eternidade as suas vítimas engolfadas no vício e no sangue. É seu objetivo incitar as nações à guerra umas contra as outras; pois pode assim desviar o espírito do povo de preparo para estar em pé no dia de Deus” - O Grande Conflito, pág. 593.

Devemos ter em mente que Deus sabe o que faz, como faz e quando faz. Regras estipuladas por Ele no passado podem ser diferentes hoje segundo certas circunstâncias no presente e segundo Sua soberana e santa sabedoria. Deus nos adverte:

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Isaias 55:8,9.

“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” Romanos 9:20.

cristiano_souza7@yahoo.com.br



4 comentários:

Levi Matheus disse...

Realmente, uma coisa era guerrear as guerras do Senhor e outra é guerrear as guerras dos homens. Deus sempre dá o tempo necessário para que o ímpio possa arrepender-se do seu mau caminho e as vezes só vemos um lado da moeda, como no caso dos quarenta anos de peregrinação dos filhos de Israel pelo deserto. Deus estava provando à Israel realizando Seus sinais e maravilhas, mas também estava dando tempo para que os habitantes de Canaã soubessem dos Seus feitos e se convertessem ao verdadeiro Deus. Ótimo estudo, parabéns!

Unknown disse...

Inacreditável ainda se pensar em matança com a conivência de Deus! Por acaso se imagina, em qualquer época da humanidade, a expressão "as guerras de Jesus "?

Levi Matheus disse...

Josué Mendonça - Permita-me esclarecer sua pergunta sobre as "guerras de Jesus". As guerras de Israel no Antigo Testamento são figuras para nós, isto é, o que aconteceu no passado dos israelitas foi-nos deixado como exemplo de batalhas espirituais e não combates físicos; quando escrevi: "uma coisa era guerrear as guerras do Senhor e outra é guerrear as guerras dos homens"; eu estava me referindo justamente a isto: Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque "não temos que lutar contra a carne e o sangue", mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos... (Efésios 6:11-18).
Entendeu?

Unknown disse...

Boa tarde
Vi o vídeo do pr. Alfredo Carlos Sas e digo ' muito extraordinário'.
Gostaria de saber: quais diferenças doutrinárias existe entre os adventista e o movimento da reforma?
Desde já agradeço a atenção.
Prefiro receber a resposta se possível pelo ZAP(061-9.9961-9818)
Um feliz sábado e Fiquem com DEUS!