sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Devemos ou Não, Fazer da Carne, uma Prova de Comunhão?














Neste artigo desejamos esclarecer uma das questões de suma importância, a qual tem sido frequentemente levantada: Por que o Movimento de Reforma faz da carne, mesmo as consideradas limpas, uma prova de comunhão?

Esta pergunta tem sido feita ao longo dos anos, e, apesar do assunto oferecer espaço para diversas considerações, queremos destacar os pontos principais e responder esta questão de uma vez por todas.

Na Bíblia, nós encontramos o suficiente para esclarecermos este ponto. Mas iremos verificar também alguns textos do Espírito de Profecia. Então, vamos lá!!

“Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor. E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus. Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu povo.” Levítico 23:26-29.

“E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo.” Levítico 16:29-31.

Bem, estas leis deviam ser seguidas estritamente. Não era tolerado que um israelita no dia da expiação quebrasse ou desobedecesse nenhuma destas normas. O indivíduo que não as seguisse, era eliminado de Israel.

Não vamos pormenorizar aqui todas as obrigações exigidas no dia da expiação, mas apenas a que estiver relacionada ao assunto aqui proposto, a saber, o dia em que toda alma devia afligir-se ou seria então separada do povo de Deus.

“O dia da expiação era também um dia de juízo, porque qualquer que não afligia sua alma, era ‘cortado (ver com. 17:14; Exo. 12:15).” - Comentário Bíblico Adventista, Tomo 1, pág. 820.

“Cortado. Existem 36 casos nos quais um indivíduo que havia negligenciado algum dever religioso particular, era ameaçado de ser ‘cortado’ do povo escolhido. Não se sabe o que pode haver acontecido em realidade em um caso tal, pois não se registra nenhum exemplo específico sobre isto, nem foi dado instruções sobre a forma em que se levaria a cabo a ameaça. Alguns têm pensado que significa uma morte violenta, uma morte prematura, ou talvez a morte eterna. Com toda probabilidade, simplesmente significava perder os direitos e privilégios pertencentes a um israelita. Depois de haver sido ‘cortada’, a pessoa era considerada como estrangeira e não tinha mais parte em nenhuma das bênçãos do pacto.” - Comentário Bíblico Adventista, Tomo 1, pág. 564.

Este ponto é muito importante e nos ajudará a entender por que o Movimento de Reforma faz hoje da carne uma prova de comunhão.

O que entendemos por aflição de alma? Duas questões estavam intimamente envolvidas neste princípio, a saber, uma avaliação interior e a abstenção de alimento. Stephen N. Haskell, contemporâneo de Ellen White, escreveu:

“Cada indivíduo devia ‘afligir’ sua alma – examinar seu coração e remover cada pecado, passando muito tempo em oração. Com isso estava ligado o segundo requisito: abstinência de alimento. Essa determinação foi tão poderosamente inculcada na mente do antigo Israel que, mesmo no tempo presente, os judeus jejuam no décimo dia do sétimo mês.” - Stephen N. Haskell, a Cruz e Sua Sombra, págs. 229, 230.

A Revista Adventista confirma este fato nas seguintes palavras:

“... o Rosh Hashaná, marca o despertamento para a necessidade de arrependimento, expiação dos pecados e o perdão, com a inscrição do nome no livro da Vida e o selamento deste, comemorado com um dia inteiro de jejum, no Yom Kippur.” - Revista Adventista, Dezembro de 2011, pág. 26.

Outro texto, comentando Levítico 23:27,28, diz:

“Devia o povo deixar toda atividade secular, e jejuar e orar, examinando o coração, em procura de qualquer pecado inconfessado.” - Revista Adventista, Junho de1962, pág. 10.

O Espírito de Profecia, também enfatiza:

“Toda ocupação era posta de lado, e toda a congregação de Israel passava o dia em humilhação solene perante Deus, com oração, jejum e profundo exame de coração.” - Ellen G. White – Patriarcas e Profetas, pág. 355.

Bem, vimos as obrigações do povo de Deus no dia da expiação que ocorria do décimo dia do mês sétimo. Vimos principalmente que, no dia da expiação, era requerido um jejum e, quem não se afligisse ou que não jejuasse, era então excluído do povo de Deus. Este era o tipo, ou seja, o simbolismo. Mas vejamos:

“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” Hebreus 10:1.

Todo bom adventista sabe que a lei cerimonial era apenas uma sombra de uma realidade bem maior. Então, perguntamos: O que significa ou o que simboliza o fato de todo o povo de Israel jejuar no dia da expiação? Que significado tem isto para nós que vivemos no dia antitípico da expiação quando Cristo, nosso sumo sacerdote faz expiação por nós no santuário celestial?

“O único jejum reconhecido pela lei era o do dia da expiação (Lev. 16:29, onde a frase ‘afligireis as vossas almas’ se refere ao jejum. Mais tarde foram designados outros dias de jejum, mas, como se mencionou acima, o jejum do dia da expiação era o único reconhecido por lei.) Isto é interessante, visto como o capítulo todo tem aplicação especial ao tempo presente, e vivemos no antitípico dia da expiação.” - Revista Adventista, Março de 1956, pág. 17.

Ou seja, o jejum exigido no dia da expiação era referente ou simboliza o jejum que precisamos fazer nos dias de hoje, ou melhor, desde 1844, quando começou o dia da expiação no santuário celestial.

Sobre isto lemos:

“O dia antitípico da expiação abrange um período de anos. No símbolo, exigia-se um jejum de 24 horas. Durante esse dia requeria-se um completo controle do apetite. Isso era um símbolo da abstinência que deve ser praticada durante o antitípico período de anos. - Stephen N. Haskell, a Cruz e Sua Sombra, pág. 230.

Que jejum Deus exige que façamos no dia da expiação? Quais alimentos não podemos provar ou comer de forma alguma?

“Em 1844 adentramos o dia antitípico da Expiação. Durante o Dia da expiação o povo de Israel jejuava,... O Senhor recomendou-nos uma dieta restrita (comedida, moderada) por nos encontramos no dia antitípico da Expiação, e creio que essa seja uma das principais razões pelas quais Ele não deseja que Seu povo remanescente consuma chá, café, estimulantes de qualquer natureza, e a carne.” - Revista Adventista, Setembro de 1982, pág. 8.

“O verdadeiro jejum que se deve recomendar a todos, é a abstinência de toda espécie de alimento estimulante, e o uso apropriado de alimentos simples e saudáveis, por Deus providos em abundância. Os homens precisam pensar menos sobre o que comer e o que beber, com relação a alimentos temporais, e muito mais com respeito ao alimento do Céu, que dará tono e vitalidade a toda a experiência religiosa.” - Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 90.

A carne á altamente estimulante! - Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 396; Orientação da Criança, pág. 384; etc.

Se o jejum que Deus exige de nós é que não consumamos alimento cárneo, deveria a igreja de Deus manter dentro de sua comunhão aqueles que não jejuam e que não estão cumprindo as exigências antitípicas da lei, já que aquele que não jejuasse no dia da expiação, não poderia pertencer ao povo de Deus? Deveria então a igreja de Deus proceder diferente disso, nós que vivemos em momentos mais solenes do que no dia da expiação do antigo Israel?

“No serviço simbólico, quando era efetuada a obra da expiação pelo sumo sacerdote no lugar santíssimo do santuário terrestre, requeria-se do povo que afligisse sua alma diante de Deus, e confessasse seus pecados, para que fossem expiados e apagados. Será exigido menos de nós neste dia antitípico de expiação, quando Cristo está intercedendo por Seu povo no santuário celeste, e deverá ser proferida a decisão final, irrevogável sobre cada caso? – Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 125.

Se o jejum no dia da expiação referia-se a nos abstermos hoje de um regime estimulante, e segundo a Bíblia, principalmente da alimentação cárnea (Isaias 22:12-14), o que significaria hoje para nós o fato de que um israelita, que não jejuasse, teria que ser excluído do povo, sendo eliminado, perdendo todos os privilégios, sendo então considerado um estrangeiro? Significaria que no dia antitípico da expiação devemos manter como membros pessoas que não estão jejuando, mas que comem carne e usam outros alimentos prejudicais como chá e café? Reflita.

Podemos resumir este paralelo da seguinte forma:

·   Jejum no dia da expiação é igual ao jejum de alimentos prejudiciais em nossos dias, com um destaque para a carne e bebidas alcoólicas, segundo Isaias 22:12-14.

·  Se algum israelita não jejuasse, era então excluído de Israel, perdia os privilégios de um israelita. Esta era a sombra, o simbolismo. A realidade para o dia antitípico da expiação, dia mais solene, encontramos apenas no fato de que se alguém comer carne, não pode ser membro da igreja de Deus, perde os privilégios de membro ou não pode ser batizado. Ou ficaria alguma parte da lei cerimonial, feita por um Deus tão criterioso e detalhista, sem nenhum significado?

“Deus convida Seu povo a não tornar-se escravo do apetite, mas sim mantê-lo sob controle, a fim de que possam ter mentes mais claras para compreender verdades divinas e acompanhar a obra de seu Sumo sacerdote no santuário celestial.

“Quão poucos estão desejosos de renunciar as coisas que seu apetite anseia, mesmo quando reconhecem os reclamos de Deus! O profeta Isaías, olhando através dos séculos, descreve o estado das coisas como segue: ‘E o Senhor, o Senhor dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, para raspar a cabeça e cingir com o cilício. Porém, é só gozo e alegria que se vê; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho’. Isaias 22:12-13. Que quadro vívido da presente condição do mundo! Deus convida Seu povo a afligir a alma, controlar o apetite e prover-se apenas dos alimentos que produzem um bom sangue e mente clara para discernir verdades espirituais. Mas, em lugar de obedecer, estão empenhados em ‘comer carne e beber vinho’. O profeta registra o resultado final desse curso: ‘O Senhor dos Exércitos se declara aos meus ouvidos, dizendo: Certamente esta maldade não será perdoada, até que morrais.’ Isaías 22:14.” - Stephen N. Haskell, a Cruz e Sua Sombra, pág. 231.

Na Bíblia, edição revista e Corrigida, a parte final deste verso diz: “Esta maldade não será expiada, até que morrais, diz o Senhor Jeová dos exércitos.”

Por que não será expiada? Porque estamos vivendo no dia da expiação desde 1844!!

Algumas pessoas indagam se comer carne de animal limpo em nossos dias é pecado. Respondo: leia Isaias 22:12-14 onde se diz que comer carne de vacas e ovelhas, animais considerados limpos, é sim considerado um pecado que não será perdoado!! É o Senhor quem diz!!

“Não disfarcei o assunto numa partícula que fosse. Disse que trouxessem os de nosso Lar de Saúde carne de animais mortos para a mesa, e mereceriam o desagrado de Deus. Contaminariam o templo de Deus, e necessitaria que lhes fossem dirigidas as palavras: Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá.” - Ellen G. White, Conselhos sobre Regime Alimentar, pág. 414.

Mereceriam o desagrado de Deus ou destruiria Deus pessoas por não haverem cometido nenhum pecado??

No entanto, como podemos claramente ver, esta mensagem é para os que vivem nos dias da expiação. Ela não era para os dias de Jesus, nem para os que viveram antes de 1844!

Se estudarmos com atenção o capítulo 22 de Isaías, verificaremos que esta mensagem é exatamente para os que vivem nos dias da expiação que começou em 1844, e não antes disso.

Como vimos, o versículo 12 de Isaias inicia-se dizendo: “O Senhor vos convidará naquele dia...” Que dia é este? Vejamos o que diz o versículo 20:

“E será que naquele dia que chamarei a meu servo Eliaquim, filho de Hilquias;...”

Devemos perceber que a expressão do início do versículo 12 é a mesma do versículo 20. Que dia é este mencionado como o naquele dia? Continuemos a leitura:

“E vesti-lo-ei da tua túnica, e cingi-lo-ei com o teu cinto, e entregarei nas suas mãos o teu domínio, e será como pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá. E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro, e abrirá, e ninguém fechará; e fechará, e ninguém abrirá.”

Quando ocorreu isto? Quando esta chave de Davi abriu algo que ninguém poderia fechar e quando foi que esta porta foi fechada a qual ninguém poderia abri-la? Comparemos esta profecia com outro texto, para verificarmos à que tempo ela se refere:

“E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre.” - Apocalipse 3:7.

O período de Filadélfia se estendeu de 1833 até 1844. Perceba a expressão do versículo 8: “Eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar...”

Que porta aberta estava então diante da igreja, a qual seria aberta em 1844  e que ninguém poderia fechar? Qual porta seria então fechada e ninguém mais poderia abri-la? Leiamos:

“No dia 24 de março de 1849, sábado, tivemos uma reunião agradável e muito interessante com os irmãos de Topsham, Maine. O Espírito Santo foi derramado sobre nós e eu fui levada pelo Espírito à cidade do Deus vivo. Mostrou-se-me então que os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus Cristo com referência à porta fechada não podiam ser separados, e que o tempo para os mandamentos de Deus brilharem em toda a sua importância, e para o povo de Deus ser provado sobre a verdade do sábado, seria quando a porta fosse aberta no lugar santíssimo do santuário celestial, onde está a arca que contém os Dez Mandamentos. Esta porta não foi aberta até que a mediação de Jesus no lugar santo do santuário terminou em 1844. Então Jesus Se levantou e fechou a porta do lugar santo e abriu a porta que dá para o santíssimo, e passou para dentro do segundo véu, onde permanece agora junto da arca e onde agora chega a fé de Israel.

Vi que Jesus havia fechado a porta do lugar santo, e que nenhum homem poderia abri-la; e que Ele havia aberto a porta para o santíssimo, e que homem algum podia fechá-la (Apoc. 3:7 e 8); e que uma vez que Jesus abrira a porta para o santíssimo, onde está a arca, os mandamentos têm estado a brilhar para o povo de Deus, e eles estão sendo testados sobre a questão do sábado.

“Vi que a presente prova do sábado não poderia vir até que a mediação de Jesus no lugar santo terminasse e Ele passasse para dentro do segundo véu; portanto os cristãos que dormiram antes que a porta fosse aberta no santíssimo, quando terminou o clamor da meia-noite no sétimo mês, em 1844, e que não haviam guardado o verdadeiro sábado, agora repousam em esperança, pois não tiveram a luz e o teste sobre o sábado que nós agora temos, uma vez que a porta foi aberta. Eu vi que Satanás estava tentando alguns do povo de Deus neste ponto. Sendo que grande número de bons cristãos adormeceram nos triunfos da fé e não guardaram o verdadeiro sábado, eles estavam em dúvida quanto a ser isto um teste para nós agora.” - Ellen White, Primeiros Escritos, pág. 43.

Fica claro assim que a profecia de Isaias 22 tem aplicação apenas para depois de 1844, quando Jesus fechou a porta do lugar santo e abriu a porta para o santíssimo, a qual homem algum poderia fechar. E, assim como os cristãos das gerações passadas, antes de 1844, não foram provados com respeito ao sábado, assim também os que viveram antes de 1844, não foram provados sobre a questão alimentar, segundo a profecia de Isaias 22!!

Usar assim, argumentos apoiando a alimentação cárnea ou para dizer que a igreja não deve fazer da carne uma prova, com acontecimentos que ocorreram antes de 1844, mostra ignorância das profecias para estes últimos dias!

A mensagem para os que vivem depois que Jesus abriu a porta do lugar santíssimo com respeito à alimentação cárnea é: “Esta maldade não será perdoada até que morrais, diz o Senhor Jeová dos Exércitos.”

Pode a igreja aceitar em seu meio um pecado do qual é dito tão enfaticamente que será punido com a morte?

O capítulo dois do livro do profeta Joel traz sem sombra de dúvida uma mensagem para aqueles que vivem nos últimos dias da segunda vinda de Jesus. Leia por favor este capítulo onde é mencionado detalhes da segunda vinda do Salvador e nossa obrigação para nos preparamos para este grande acontecimento. Ou seja, o “naquele dia” encontrado no livro de Isaias, refere-se ao mesmo período focalizado pela profecia de Joel.

Um detalhe interessante neste capítulo encontramos no versículo 15 e 16:

“Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição, convocai uma assembléia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento.”

Como parte de um preparo para o encontro com Jesus, o qual virá como “um fogo que consome” (Joel 2:3), diante do qual “tremerão os povos” (Joel 2:6), é exigido:

Santificai um jejum, proclamai um dia de proibição.”

Percebe-se que a mensagem de Isaias 22;12-14, 20-22, é exatamente a mesma de Joel capítulo 2. Em Isaias o pecado de comer carne não será perdoado da vida daqueles que conhecem a mensagem pregada a partir de 1844. Já em Joel, este dia é focalizado como um dia de jejum, um dia de proibição!!

Quando alguém nos pergunta se no Movimento de Reforma um membro pode comer carne, respondemos; Logicamente que não, pois é proibido. Vivemos no dia antitípico da expiação e santificamos ao Senhor um jejum, um período de proibição, enquanto Cristo está realizando a expiação por nós, Seu povo!

Devemos perceber que este jejum deve atingir a todos os que julgam estarem esperando a volta de Jesus, a tanto velhos como jovens e até mesmo crianças. Ninguém do povo de Deus deve usar carne!

“Agora, que o dia da vinda de Jesus está tão perto, tornou a vir a mensagem. ‘Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição... congregai o povo... congregai os filhinhos.’ Mesmo as criancinhas são incluídas nesta chamada.” - Revista Adventista, Novembro de 1949, pág. 35.

Cremos que a decisão tomada pelo Movimento de Reforma baseada nestas verdades, cumpriu várias profecias Bíblicas e também a seguinte:

Entre os que estão aguardando a vinda do Senhor, deve a alimentação cárnea ser finalmente abandonada; a carne deixará de fazer parte de seu regime alimentar. Devemos ter isto sempre em mente, e procurar agir firmemente nesse sentido.” - Ellen G. White, Conselhos sobre Saúde, pág. 450.

Estas são algumas das razões bíblicas pelas quais o Movimento de Reforma tem a carne como prova de comunhão. Mas existem outras, mas para as almas sinceras, cremos ser suficiente.

Verificaremos agora nos livros do Espírito de Profecia onde temos base para ter e manter a decisão de que “carne alguma será usada por Seu povo.” - Ellen G. White, Conselhos sobre Regime Alimentar, pág. 407.

Antes de estudarmos alguns textos, iremos começar por um muito mal interpretado e compreendido. Ei-lo:

“Não nos compete fazer do uso da alimentação cárnea uma prova de comunhão.” - Ellen G. White, Testemunhos Seletos vol. 3, pág. 359.

Bem, a primeira coisa que devemos ter em mente é que, se cremos no dom profético de Ellen White, esta passagem não pode contradizer tudo o que até aqui tempo visto pela Palavra de Deus, correto? Correto.

Perguntamos àqueles que não fazem das carnes limpas prova de comunhão, segundo eles baseados nesta passagem, por que fazem de outras carnes uma prova, se igualmente está escrito no mesmo livro, na mesma página, pela mesma profetiza, o seguinte:

“Não estabelecemos regra alguma para ser seguida no regime alimentar”. - Ellen G. White, Testemunhos Seletos vol. 3, pág. 359.

Em outra passagem ela também escreveu:

“Ao passo que diríamos aos que estão dispostos a importunar os que cultivam lúpulo e fumo e criam porcos entre nosso povo que eles não têm o direito de fazer destas coisas, em qualquer sentido, uma prova de comunhão cristã,...”. - Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 338. Veja também Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 206, 207).

Um texto deve ter tanto peso quanto o outro, não acha? Claro que sim. Se aqueles que nos acusam de ir contra a inspiração porque Ellen White escreveu que não deveríamos fazer da carne uma prova, deveriam respeitar também o outro texto e não estabelecer nenhuma regra na questão do regime alimentar, nem fazer da carne de porco prova de comunhão. Mas não é assim que se portam, e nisto mostram grande incoerência.

Mas a pergunta é: Por que Ellen White escreveu que não devia ser estabelecida regra nenhuma, de que a carne não poderia ser uma prova de comunhão? Vejamos o que ela mesma explicou:

“Porventura os ministros do evangelho, que estão a proclamar a verdade mais solene já enviada aos mortais, devem constituir-se exemplo no regresso às panelas de carne do Egito? É lícito que os que são sustentados pelos dízimos dos celeiros de Deus se permitam a condescendência que tende a envenenar a corrente vivificadora que lhes flui nas veias? Desprezarão a luz que Deus lhes deu e as advertências que lhes faz?” - Ellen G. White, Testemunhos Seletos vol. 3, pág. 359.

Percebe-se claramente que o motivo pelo qual a igreja não poderia fazer da carne uma prova de comunhão era porque os próprios ministros ou pastores não davam exemplo nesta questão, eram carnívoros. Como um pastor poderia disciplinar ou excluir um membro que estava comendo carne se ele mesmo comia? Por este motivo, segundo o texto, era que a igreja não podia naquele tempo fazer da carne uma prova.

Para confirmarmos esta questão, eis a explicação de um renomado adventista. Ao ser perguntado sobre em que ele gostaria de dar ênfase, ele respondeu:

“EKB: Eu sempre recalco o alimento cárneo. A irmã White disse realmente no vol. 3 de Testemunhos Seletos que não se deve fazer de comer carne uma prova de comunhão, mas devemos considerar a circunstância em que ela declarou esse testemunho. Os pastores comiam carne e exigiam dos que ingressavam na igreja que não comessem. Não é justo. Mas em continuação ao mesmo trecho cita o testemunho: ‘Mas como podem aqueles que são pagos pelo sagrado dízimo continuar a envenenar a corrente de vida e dar exemplo para os outros’? – Revista Adventista, Junho de 1974, pág. 11.

Sendo este o único motivo pelo qual a igreja não poderia naquele tempo fazer da carne uma prova, perguntamos: O que Ellen White teria escrito se não existisse o empecilho ou o motivo mencionado? Sem dúvida ela não se oporia. O texto de Testemunhos Seletos, volume 3, pág. 359, portanto, ao contrário de dizer que não se deve fazer da carne uma prova, diz que se deve fazer, caso os pastores deem o exemplo!!

Quando Ellen White não tinha este empecilho em sua mente, ela era clara em dizer:

“Não somente nosso povo deve ser educado, mas os que não receberam a luz acerca da reforma de saúde devem ser ensinados no que respeita a viver saudavelmente, segundo o plano de Deus. Se, porém, não temos nós mesmos uma norma nesse sentido, que necessidade há de incorrer em tão grande dispêndio para estabelecer uma instituição de saúde? Onde entrará a reforma?” -  Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 406.

Ellen White clamava por uma norma sobre o regime alimentar na igreja. Ela ainda escreveu:

“Foi-me mostrado claramente que o povo de Deus deve assumir atitude firme contra o comer carne. Daria Deus por trinta anos a Seu povo a mensagem de que, se quiser ter sangue puro e mente clara precisa abandonar o uso da carne, se Ele não quisesse que eles dessem ouvidos a essa mensagem?” Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 383.

O que seria assumir uma atitude firme contra o comer carne? Seria porventura falar assim: Olha, não é bom comer carne, mas se comer, não é pecado. Ou seria falar assim: Bom é não comer carne, mas se comer não tem problema. Não! A atitude que temos a tomar e que graças a Deus já foi tomada pela igreja remanescente foi esta:

A alimentação cárnea não está nos planos originais de Deus e come-la hoje no dia da expiação constitui um pecado para o qual não haverá perdão. E a igreja por ser a depositária da verdade para estes últimos dias, crê que deve ser uma igreja vegetariana, porque está escrito que o povo de Deus não come carne. Portanto, a igreja não pode ter em sua comunhão aqueles que ainda não venceram o apetite nesta questão tão importante. A igreja embasada pela palavra profética tomou a atitude firme que a profecia indicava que devia tomar, e hoje, pela graça de Deus, se conserva uma igreja mundialmente vegetariana!

Outra passagem é também enfática:

Não posso pensar que estejamos em harmonia com a luz que Deus tem sido servido de nos dar, nessa prática de comer carne. Todos quantos se acham ligados a nossas instituições médicas, em especial, devem estar-se educando para viver de frutas, cereais e verduras. Se, nessas coisas, procedermos movidos por princípios, se como reformadores cristãos educamos nosso próprio gosto, e pomos nosso regime em harmonia com o plano de Deus, então podemos exercer influência sobre outros nessa questão, o que será agradável a Deus. Christian Temperance and Bible Hygiene, pág. 119”. - Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 381.

“Maiores reformas devem-se ver entre o povo que professa aguardar o breve aparecimento de Cristo. A reforma de saúde deve efetuar entre nosso povo uma obra que ainda não se fez. Há pessoas que devem ser despertadas para o perigo de comer carne, que ainda comem carne de animais, pondo assim em risco a saúde física, mental e espiritual. Muitos que são agora só meio convertidos quanto à questão de comer carne, sairão do povo de Deus, para não mais andar com ele”. Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 382.

“Atitude firme”, “movidos por princípios”, “carne alguma será usada por seu povo”, os “meio convertidos quanto à questão de comer carne, sairão do povo de Deus, para não mais andar com ele”, etc. São expressões que mostram que a única forma da igreja conseguir fazer com que estes textos se cumpram seria tomando uma atitude firme na questão alimentar. Ou alguém pode indicar outra maneira? É simplesmente impossível que o povo de Deus como igreja mundial não utilize carne caso esta não seja colocada como prova. Os meios convertidos quanto à questão de comer carne, sairão do povo de Deus, para não mais andar com ele. Ou seja, o povo de Deus como organização é um povo vegetariano, porque o meio convertido não permanece na igreja, pela sua intemperança e ação ele se coloca em uma posição onde não poderá ser membro da igreja e acaba saindo. Isto só é possível em uma igreja que tem um princípio claro nesta questão alimentar.  Algumas pessoas pensam que esta atitude será tomada por ocasião da prova final, contudo, vimos que a carne afeta a espiritualidade e neste tempo da sacudidura será tarde demais para se tomar tais decisões.

“A grande prova final virá no fim do tempo da graça, quando será tarde demais para se suprirem as necessidades da alma.” - Ellen G. White, Parábolas de Jesus, pág. 412.

A Palavra de Deus diz:

“O regime cárneo é a questão séria. Hão de seres humanos viver da carne de animais mortos? A resposta, segundo a luz dada por Deus, é: Não, decididamente Não.”- Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 388.

“Não, decididamente Não”. Que igreja hoje está dando eco à esta voz do Espírito de Deus em nossos dias? Que igreja quando indagada sobre a questão da carne diz Não, decididamente Não”? A única igreja que tem esta atitude é conhecida como “Igreja Adventista do 7° Dia - Movimento de Reforma!

Quando nos é perguntado quantos gramas de carne pode um reformista comer, nossa resposta é:

“Verduras, frutas e cereais, devem constituir nosso regime. Nem um grama de carne deve entrar em nosso estômago. O comer carne não é natural. Devemos voltar ao desígnio original de Deus ao criar o homem. Manuscrito 115, 1903”. Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 380.

Antes de encerrarmos este assunto, precisamos esclarecer por que o Movimento de Reforma não tem uma posição tão firme com respeito a outros “alimentos” como tem com respeito à carne.

A princípio, queremos dizer que a respeito da carne temos provas irrefutáveis na Bíblia e uma mensagem direta neste sentido, como vimos em diversos textos. Já sobre outros “alimentos” não temos mensagens tão enfáticas como a que aparece em Isaias 22 ameaçando de morte eterna aqueles que se aventuram a provar carnes de animais, mesmo sendo animais limpos.

Cremos que a reforma de saúde deve ser progressiva (Provérbios 4:18; Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 349; 366), no entanto, não podemos colocar, por exemplo, o leite, o açúcar e outros alimentos em igualdade com a carne.

Leite, ovos e manteiga não devem ser classificados como alimento cárneo. Nalguns casos o uso de ovos é proveitoso. Não chegou ainda o tempo de dizer que deva ser inteiramente abandonado o uso de leite e ovos. ...” - Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 365.

Tiago White escreveu:

Com relação ao uso do fumo, do chá, café, alimentos cárneos e também ao vestuário, há geral acordo. Atualmente, porém, ela não se acha preparada a tomar atitude extrema quanto ao sal, açúcar e leite. Caso não houvesse outras razões para avançar cautelosamente no que respeita a essas coisas de uso tão comum e abundante, uma existe, suficiente, no fato de não se encontrar preparada a mente de muitos, mesmo para receber os fatos referentes a essas coisas. A completa derrota de indivíduos, e a quase destruição de algumas de nossas igrejas, podem ser claramente rastreadas a algumas atitudes extremistas no regime desavisadamente dado na Review algum tempo atrás. Maus foram os resultados. Ao passo que alguns rejeitaram o assunto da reforma de saúde, devido a haver sido mal apresentado, outros, pronta e conscienciosamente, têm tomado posições extremas, grandemente prejudiciais à própria saúde, e consequentemente à causa da reforma de saúde.”- Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 496.

A posição que o Movimento de Reforma possui e defende, é uma posição equilibrada e baseada nos Escritos Sagrados. Não podemos ir além do que está escrito (I Coríntios 4:6).

Alguns de nossos membros já estão mais avançados na reforma de saúde, outros estão andando segundo podem com respeito a outros “alimentos”. O que podemos dizer, é o que Tiago White escreveu, ao refletir a posição de Ellen White e também nossa posição como igreja:

“Com relação ao uso do fumo, do chá, café, alimentos cárneos e também ao vestuário, há geral acordo.”

Que Deus seja louvado por isto!!!

Indicamos também o seguinte artigo:

http://adventistas-reformistas.blogspot.com.br/2012/08/por-que-igreja-remanescente-de-deus-e.html

 cristiano_souza7@yahoo.com.br



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Os “Separatistas” de 1914.
























Ao longo dos anos, diversos textos tem surgido denominando o Movimento de Reforma de um grupo separatista. Dezenas de textos do prelo adventista, semelhantes ao título desse artigo, têm feito questão de deixar esta impressão na mente das pessoas, a saber que por decisão e livre vontade nos afastamos da igreja Adventista e desejamos então formar outra denominação independente. A impressão que tais textos transmitem é que os líderes adventistas não apoiavam tal separação e que os mesmos estavam dispostos a manter a unidade.

Antes de chegarmos ao ponto principal desta questão e mostramos que os separatistas não somos nós mas sim a igreja Adventista do Sétimo dia, desejamos relembrar alguns detalhes que muitas vezes esquecemos.

Se muitos adventistas atuais vivessem nos dias de Jesus, principalmente aqueles que tem nos acusado de sermos separatistas, se pudessem voltar ao passado e viverem naqueles momentos em que Jesus instituiu uma “nova religião”, estes adventistas ficariam do lado de Jesus ou do lado dos judeus e fariseus?

Bem, com certeza você que lê este artigo está dizendo para si mesmo: “Mas que pergunta mais absurda, claro que eu ficaria do lado de Jesus!” Bem, então neste caso, os judeus com uma aparente razão poderiam te acusar de pertencer a um grupo separatista, correto? Afinal a Bíblia diz que Jesus veio para seu povo, o povo de Deus, mas ele não O recebeu ( João 1:11). Lembre-se que os israelitas só foram finalmente rejeitados por Deus no ano 34, ano em que Estevão foi apedrejado, um incidente que selou a rejeição do povo Judeu. Portanto, com certeza, você e o grupo de Jesus poderiam ser acusados de serem separatistas, isto do ponto de vista judaico! Mas, olhando através do vidro da verdade, quem na realidade estava com espírito separatista, era o povo de Israel que escolheu não andar na vereda da justiça!

“Como a luz e a vida dos homens foi rejeitada pelas autoridades eclesiásticas nos dia de Cristo, assim tem sido rejeitado em todas as subseqüentes gerações. Amiúde se tem repetido a história da retirada de Cristo da Judéia. Quando os reformadores pregavam a palavra, não tinham idéia alguma de se separar da igreja estabelecida; os guias religiosos, porém, não toleravam a luz, e os que a conduziam eram forçados a buscar outra classe, a qual estava ansiosa da verdade. Em nossos dias, poucos dos professos seguidores da reforma são atuados pelo espírito da mesma. Poucos estão à escuta da voz de Deus, e prontos aceitar a verdade, seja qual for a maneira por que se apresente. Muitas vezes os que seguem os passos dos reformadores são forçados  a retirar-se da igreja que  amam, a fim de declarar o positivo ensino da palavra de Deus. E muitas vezes os que estão à procura da luz são, pelos mesmos ensinos, obrigados  a deixar a igreja de seus pais, a fim de prestar obediência”. White, Ellen G. O Desejado de Todas as Nações, pág. 127.

“O Senhor Jesus sempre terá um povo escolhido para servi-Lo. Quando o povo judeu rejeitou a Cristo, o príncipe da vida, Ele tirou-lhes o reino de Deus  e entregou-o aos gentios. Deus continuará lidando com cada ramo de Sua obra de acordo com este princípio”. White, Ellen G. Eventos Finais, pág. 53.

Outro “movimento separatista” ocorreu quando a igreja cristã se uniu ao paganismo. Sobre isto lemos:

“Depois de longo e tenaz conflito, os poucos fiéis decidiram-se a dissolver toda a união com a igreja apóstata, caso ela ainda recusasse libertar-se da falsidade e idolatria. Viram que a separação era uma necessidade absoluta se desejavam obedecer à palavra de Deus. Não ousavam tolerar erros fatais a sua própria alma e dar exemplo que pusesse em perigo a fé de seus filhos e netos. Para assegurar a paz e a unidade, estavam prontos a fazer qualquer concessão coerente com a fidelidade para com Deus, mas acharam que mesmo a paz seria comprada demasiado caro com sacrifícios dos princípios. Se a unidade só se pudesse conseguir comprometendo a verdade e a justiça, seria preferível que prevalecessem as diferenças e as conseqüentes lutas”.  White, Ellen G. O Grande Conflito, pág. 43.

Interessante é notar que os romanistas tem sempre acusado os protestantes de serem um movimento separatistas, mas eles se esquecem que são eles quem constituem tal movimento.

“Os romanistas tem persistido em acusar os protestantes de heresia e voluntária separação da verdadeira igreja. Semelhantes acusações, porém, aplicam-se antes a eles próprios. São eles os que depuseram a bandeira de Cristo, e se afastaram da ‘fé que uma vez foi dada aos santos’. S. Judas 3”. White, Ellen G. O Grande Conflito, pág. 49.

Seria bom começarmos a pensar se o mesmo não ocorreu ou tem ocorrido com o Movimento de Reforma com relação à igreja Adventista. Os adventistas tem, como já mencionamos, acusado os reformistas de nutrirem ideias separatistas, de terem se separado na igreja Adventista, porém, foram os adventistas como igreja que “depuseram a bandeira de Cristo, e se afastaram da ‘fé que uma vez foi dada aos santos’”.

Esta analogia é importante e reflete o que a inspiração afirma:

“A obra de Deus na Terra apresenta, século após século, uma surpreendente semelhança, em todas as grandes reformas ou movimentos religiosos. Os princípios envolvidos no trato de Deus com os homens são sempre os mesmos. Os movimentos importantes do presente têm seu paralelo no do passado, e a experiência da igreja nos séculos antigos encerra lições de grande valor para o nosso tempo”. White, Ellen G. O Grande Conflito, pág. 343.

Assim como os judeus e católicos acusaram injustamente os fiéis de manterem um sentimento separatista, os valdenses, depois de séculos de fidelidade, ao se terem unido ao papado, com certeza olharam os que permaneceram leiais a Deus com este mesmo sentimento.

“Alguns houve, entretanto, que se recusaram a ceder à autoridade do papa ou do prelado. Estavam decididos a manter sua fidelidade a Deus, e preservar a pureza e simplicidade de fé. Houve separaçãoOs que se apegaram à antiga fé, retiraram-se.” White, Ellen G. O Grande Conflito, pág. 62.

Em todos os tempos houve separação. E um detalhe interessante que nos salta à vista é que em raras exceções, como nos mostra a história, eram os fieis que acabavam tendo que abandonar a igreja a fim de manterem a verdade.

Alguns desavisados adventistas nos acusam de sermos um movimento separatista, mas parecem que ignoram ou se esquecem completamente que sua própria igreja surgiu de uma separação. Sim, separação das igrejas protestantes que se colocaram ou que não aceitaram a mensagem do breve aparecimento de Cristo nas nuvens do Céu marcado para o dia 22 de Outubro de 1844.

“Quando as igrejas repeliram o conselho divino ao rejeitaram a mensagem do advento, também o Senhor as rejeitou. O primeiro anjo é seguido por um segundo, que proclama: ‘ Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição’. Apoc. 14:8. Esta mensagem foi entendida pelos adventistas como o anúncio da queda moral das igrejas em conseqüência de sua rejeição da primeira mensagem. A proclamação ‘caiu  Babilônia’, foi dada no verão de 1844, e como resultado, cerca de cinqüenta mil abandonaram estas igrejas”. White, Ellen G. História da Redenção, pág. 364.

Foi justificável esta separação? Sim, foi. Por que? Segundo o que está escrito esta divisão de crentes foi devido as igrejas terem repelido a mensagem de Deus. Isto justifica uma separação segundo o texto que foi citado. Lembre-se:

“O Senhor Jesus sempre terá um povo escolhido para servi-Lo. Quando o povo judeu rejeitou a Cristo, o príncipe da vida, Ele tirou-lhes o reino de Deus  e entregou-o aos gentios. Deus continuará lidando com cada ramo de Sua obra de acordo com este princípio. 
“Quando uma igreja demonstra ser infiel à palavra do Senhor, seja qual for sua posição e por mais sagrada e elevada que seja sua vocação, o Senhor não pode mais cooperar com eles. Outras pessoas são então escolhidas para assumir importantes responsabilidades”. White, Ellen G. Eventos Finais, pág. 53.

O Movimento de Reforma não teria razão de existência se nossos irmãos da igreja Adventista puderem nos provar que sua organização é fiel à palavra de Deus.

Outra passagem menciona o movimento adventista que se separou das igrejas protestantes da seguinte maneira:

“Amavam suas igrejas, e repugnava-lhes o separar-se delas; mas como vissem suprimido o testemunho da palavra de Deus e negado o direito de investigar as profecias, compreenderam que a lealdade para com o Senhor lhes vedava a submissão. Não poderiam considerar os que procuravam excluir o testemunho da palavra de Deus como constituindo a igreja de Cristo, ‘coluna e base da verdade’. Daí o se sentirem justificados em desligar-se dessas congregações. No verão de 1844 aproximadamente cinqüenta mil se retiraram das igrejas”. White, Ellen G. O Grande Conflito, pág. 376.

Esta, assim como a separação ocorrida entre o Movimento de reforma com a igreja adventista, foi uma separação justificada. Possivelmente, os protestantes olhavam para aqueles fiéis adventistas como sendo um movimento rebelde de separatistas. Estavam totalmente enganados e equivocados, não estavam?

Os pecados que justificaram a separação dos adventistas das igrejas protestantes em 1844, já nos dias de Ellen White, eram uma realidade no próprio seio da igreja. Se aquela situação das igrejas protestantes culminou na separação dos fiéis, o que aconteceria se a igreja Adventista caisse na mesma situação das igrejas protestantes? Sim, ocorreria outra saída de fiéis, agora da igreja Adventista. A Palavra de Deus é bem clara:

“Foi confirmado tudo quanto declarei em Mineápolis: que precisava haver um reforma nas igrejas. Deviam ser efetuadas reformas, pois a debilidade e cegueira espirituais se apossaram das pessoas que tinham sido agraciadas com grande luz e preciosas oportunidades e privilégios. Como reformadores, elas haviam saído das igrejas denominacionais, mas desempenham agora uma parte semelhante à que desempenharam as igrejas. Tínhamos a esperança de que não haveria necessidade de outra saída”. White, Ellen G. Eventos Finais, pág. 43. Casa Publicadora Brasileira.

Em outras palavras, ela pensava ao início que a igreja Adventista seria quem concluiria a obra, mas olhando a condição da igreja, perdera esta esperança. Ela chegou à conclusão que Deus chamaria outro povo, outro movimento, para fazer a obra que a igreja Adventista havia deixado de fazer.

“Ela (Ellen White) chegou a ponto de perguntar a si mesma se Deus não iria chamar ainda outro movimento”. Revista Ministério /Maio. Junho/1988.Casa Publicadora Brasileira.

Mas, chegamos então à questão entre a igreja Adventista e o Movimento de Reforma. Como já mencionamos, temos sido injustamente acusados de manter o espírito separatista. Na mente de alguns adventistas, por vontade própria, nos separamos da igreja e organizamos outra. Mas a realidade dos fatos é bem diferente.

Antes de tudo, queremos dizer que a única maneira de permanecermos na igreja Adventista era sacrificando princípios, apoiando a quebra da lei de Deus. Isto, os reformistas não estavam dispostos a fazer. Eles criam que mais importa obedecer a Deus do que aos homens (Atos 5:29).

“Cristo pede unidade. Não pede, porém, que nos unifiquemos em práticas errôneas. O Deus do Céu traça frisante contraste entre a verdade pura, inspiradora, que enobrece, e doutrinas falsas, desorientadoras. Ele chama o pecado e a impenitência pelo verdadeiro nome. Não encobre o malfeito com uma capa de argamassa não temperada. Rogo a nossos irmãos que se unifiquem em um fundamento verdadeiro, escriturístico”. White, Ellen G. Mensagens Escolhidas vol.1, pág. 175.

Como já mencionamos, verdade é: quem manteve um sentimento separatista foi a própria igreja Adventista. Ou seja, somos acusamos de um erro que foi cometido pelos que nos acusam.

Sabemos que a separação ocorreu devido à guerra mundial de 1914 a 1918. Neste tempo, a igreja para ter o apoio político apoiou a defesa da pátria. Os que se opuseram a esta decisão foram excluídos da igreja Adventista mesmo que não desejassem isto. Sobre isto podemos ler:

“É de interesse notar que ele (Doerschler) foi a própria pessoa escolhida para representar os membros que foram desligados da comunhão da igreja diante dos irmãos da Associação Geral em 1920”. Kramer, Hermut H. Os Adventistas da Reforma, pág. 30. Casa Publicadora Brasileira.

“Esta situação levou a direção da igreja a reagir com outras ações incorretas, separando da igreja os protestadores sem o devido procedimento”. Idem pág. 28.
           
“Sendo que naquele tempo os excomungados não se tinham organizado...”. Idem pág. 29.

“... não podíamos por mais tempo tolerá-los (os reformadores) em nossas igrejas, e os excluímos do rol de membros.” Revista Adventista Dezembro de 1975.

Nesta mesma publicação encontramos:

“Por que não queriam ser excluídos de Babilônia?

Apesar de o autor do artigo tecer alguns comentários contra o Movimento de Reforma, os quais você poderá ler em sua íntegra no artigo citado, fica evidente que aqueles irmãos reformistas não desejavam serem excluídos e que não procuravam formar um movimento separado da igreja Adventista.

Na reunião entre representantes do Movimento de Reforma e líderes da igreja Adventista mundial em 1920, percebemos novamente a tentativa daqueles irmãos excluídos injustamente, “sem o devido procedimento”, em permanecerem na igreja a qual também amavam. Um dos representantes do Movimento de Reforma disse:

“Tínhamos mais perguntas, mas estas quatro nos foram respondidas ontem à noite. Agora, em primeiro lugar, tenho de fazer outra pergunta que talvez possa ser respondida com brevidade. Esta é a resposta definitiva da Conferência geral?” Protocolo da Discussão com o Movimento Opositor, pág. 85. Editora Missionária a Verdade Presente.

Presidente Mundial Adventista: “No que tange a nossas convicções e nosso juízo, cremos que esta seja nossa decisão definitiva”.

Movimento Opositor 2%: “E. Dorscheler” – “Existe instância superior para apelação?

Presidente Mundial Adventista: “A. G. Daniells” – “Não há instância mais alta,...”. Idem, pág. 86.

Movimento Opositor 2%: “E. Dorscheler” –  “Não seria muito importante que para esta resolução definitiva se reunissem irmãos de todo o mundo?” Idem, pág. 87.

Presidente Mundial Adventista: “Creio que não podemos perder tempo nem dinheiro para vos dar falsas esperanças quanto à conclusão desta questão... Porém queremos dizer-vos que em razão disso este assunto não poderá tomar rumo diferente”. Idem, pág. 88.

Devemos perceber que esta insistência por parte dos representantes daqueles que injustamente foram excluídos ou excomungados da igreja, em que a questão tomasse um rumo diferente, não parece ser de um movimento separatista, parece? Ao contrário, a forma como a liderança adventista conduziu a questão mostra que o sentimento separatista existia sim, mas por parte da igreja Adventista!

Perceba que não era desejo do Movimento de Reforma pregar a mensagem separados da igreja e para isto estavam dispostos a fazer qualquer concessão que não negar a verdade.

Já que estavam diante dos representantes da Associação Geral, que não havia uma instância mais alta para apelação, só restava uma assembleia onde pudesse se reunir irmãos do mundo todo, para que a decisão pudesse ser de forma tal onde a verdade  e a unidade pudessem ser mantidas. Mas a resposta do presidente adventista foi que não iriam perder tempo nem dinheiro com o Movimento de Reforma!  Onde estava, portanto, o sentimento separatista??

Este triste incidente ocorreu, como já mencionamos, em 1920. A igreja Adventista achou que seria gastar demais com os que não quiseram ir à guerra e preservar assim a antiga fé e a unidade. Mas mesmo depois deste incidente, a igreja se reuniu em Assembléia Geral para se reorganizar. Esta reunião ocorreu em 1922 em São Francisco, E.U.A. Os reformistas viram então, nesta reunião, a oportunidade que desejavam para conseguirem uma harmonia e permanecerem na igreja Adventista, sem que precisassem, contra sua vontade, afastarem-se para sempre dela. Mesmo tendo sido perseguidos, excomungados, taxados de fanáticos, os 2% ainda sentiam que deveriam fazer todo o possível para que a harmonia, a união, pudesse ainda ser mantida. Enviou então, à esta Assembleia Geral, dois representantes do Movimento Opositor ou Movimento de Reforma, como mais tarde foi registrado.

Em 1920 a liderança Adventista não estava disposta a gastar tempo nem dinheiro para manter a unidade. No entanto, em São Francisco, estas duas coisas já haviam sido gastas para trazer delegados, representando a igreja de várias partes do mundo. Se tempo e dinheiro eram o problema, este empecilho já estava resolvido em 1922. Porém, o resultado desta visita à Assembleia adventista por parte destes dois irmãos, é o triste relato que podemos ler abaixo:

“Em 1922, os reformistas solicitaram uma audiência na Sessão da Associação Geral, em São Francisco. Esta não foi concedida pelo pastor Daniells.” Kramer, Hermut H. Os Adventistas da Reforma, pág. 41. Casa Publicadora Brasileira.

Então, perguntamos: Entre o Movimento de Reforma e a igreja Adventista, quem é ou quem foi a igreja separatista? Quem não fez nenhum esforço para que se conservasse a unidade?

Olhando desta forma se percebe claramente que foi a igreja Adventista que se separou do Movimento de Reforma e não o contrário. Este cenário já havia sido pintado pela profecia, a saber, que a igreja Adventista abandonaria ou sairia da verdade. Ellen White profetizou:

“Muitos que são agora só meio convertidos quanto à questão de comer carne, sairão do povo de Deus, para não mais andar com ele”. White, Ellen G. Conselhos sobre o Regime Alimentar, pág. 382. Casa Publicadora Brasileira.

A igreja Adventista como maioria nunca tomou uma posição firme contra o comer carne. Esta maioria em 1914 somava 98% da igreja. Estes eram os meios convertidos na questão do regime alimentar. Na crise da primeira guerra mundial, estes 98% se separaram do povo de Deus - os 2% -  para nunca mais andar com ele.


“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

cristiano_souza7@yahoo.com.br