sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Os 144.000 e a Grande Multidão São Um e o Mesmo Grupo?

Inicialmente, a mensagem adventista apresentava uma posição bastante definida sobre os 144.000. Essa era a assim chamada “posição antiga”, como é mencionada na Revista Adventista do mês de novembro de 1973, página 31:

“É a chamada posição antiga, baseada nos escritos de Loughborough e Urias Smith, segundo a qual o Selamento começou em 1844, com santos que aceitaram a Mensagem do Terceiro Anjo. Ressuscitarão antes da volta de Cristo e, juntos com os santos vivos, formarão o grupo privilegiado, integrarão os 144.000 Quer dizer que estes, que morreram sob a Terceira Mensagem, estarão vivos e se juntarão aos que já estavam vivos, e todos formam o grupo...”

O erro nesta informação acima, está apenas no fato de que esta posição antiga e original da igreja, não estava baseada nos escritos dos citados pioneiros do adventismo. Esta posição está fundamentada na Bíblia e nos testemunhos do Espírito de Deus. Na revista, é mencionado este fato ao citar de forma implícita Daniel 12:2, fazendo uma alusão à ressurreição especial, fundamentando essa questão não apenas na Bíblia, mas também no Espírito de Profecia, da seguinte maneira:

“Citam Vida e Ensinos, p. 59, para afirmarem que a Sra . White seria um dos 144.000. Citam também Mensagens Escolhidas, livro 2, p. 263:...”

Logicamente existem outras fontes inspiradas para fundamentar tal verdade. Mas o fato é que tal posição antiga tem base na inspiração.

Continuando, é muito interessante a seguinte informação:

“Na questão doutrinaria o tempo lutou contra a igreja, que cresceu bastante em número de membros... Assim sendo, quando, hoje, alguém mais exigente pergunta quem são os 144.000, diz-se, sem muitas explicações, que são os que Cristo encontrará vivos e fiéis por ocasião de Sua volta... Já não se diz mais que nos 144.000 estão incluídos os que morreram ao som da tríplice mensagem.” - O Adventismo, pg. 101.

Como se pode notar, com o passar dos anos e o aumento prejudicial e sem qualidade espiritual no número de membros, a igreja começou a absorver, aos poucos, outra posição também mencionada na Revista Adventista:

“A outra posição — que tem mais defensores — sustenta que o Selamento é um a obra a ser realizada no fim, quando sair o decreto dominical e Cristo deixar o Santuário Celestial, e não a partir de 1844.” - Revista Adventista de novembro de 1973, página 31.

Apesar de equivocada, essa posição faz uma diferença entre os 144.000 e a grande multidão, mostrando que são dois grupos distintos e separados. Os que defendem esta ideia acreditam que, depois do fechamento da porta da graça, estes dois grupos estarão compondo o remanescente, que estará preparado para encontrar com Jesus em Sua segunda vinda.

Com o passar dos anos, diante de alguns textos claros do Espírito de Profecia, mostrado que apenas os que receberem o sinal de Deus é que estarão protegidos e que “Somente os que tem o selo do Deus vivo, serão  abrigados  da  tempestade  de  ira que brevemente cairá sobre a cabeça dos rejeitaram a verdade” (Present Truth, Setembro 1849), e diante de outros textos semelhantes, alguns não conseguiam harmonizar como que a grande multidão passaria pelo tempo de angústia, sem receber o selo de Deus (pois somente 144.000 são selados) e ainda assim sobreviver naquele tempo em que,  Unicamente os que forem selados com o selo do Deus vivo, poderão passar incólumes pela hora de crise e encontrar o Senhor em paz.” (Vitória da Igreja na Crise Final, pg. 63. Casa Publicadora Brasileira). Começou então a tomar forma na igreja outra ideia para tentar harmonizar com o número de membros que crescia diariamente: Que os 144.000 selados seriam então a mesma grande multidão, e desta forma, a grande multidão receberia o selo de Deus e estaria assim, sendo o mesmo grupo dos 144.000 selados, protegida no período da angústia de Jacó.  

 Essa posição, quando comparada com as duas anteriores, é bastante nova e ainda não é defendida por muitas pessoas no meio adventista, não somente por ser uma ideia mais atual, mas porque não encontra apoio claro na inspiração, e não suporta uma análise séria.

 Márcio Nastrine editor da Casa Publicadora Adventista, ao comentar o lançamento de um livro (Teologia do Remanescente), aponta essa argumentação, tentando unificar a grande multidão e os 144.000, como sendo um problema. Falando do escritor do livro juntamente com outros escritores, depois de dizer que realizou a revisão junto com outros colegas de trabalho, fez o seguinte comentário referente ao defensor dessa ideia:

 “...Ele colocou que os 144.000 e a grande multidão é a mesma coisa, em Apocalipse 7. Então eu pedi para colocar uma nota que essa não é a posição da igreja, vocês vão ver lá...”

 “E, às vezes tem alguns pregadores da Novo Tempo usando essa coisa por aí. Eu já chamei a atenção de uns dois já, entendeu¿ Então, é muito perigoso.”

 Ao fundo, durante a palestra, pode-se claramente ouvir alguém dizendo:

 “Pastor A, na explicação sobre os 144.000, ele fala...” e Márcio Nastrine dá a seguinte ênfase:

 “que é a mesma coisa. Eu já chamei a atenção de alguns, falei olha, vocês têm que pregar o que é a posição da igreja, o que não é, vocês podem dizer: ‘Há variações, há alguns que pensam diferente, vocês podem dizer isso. Mas tem que dar a posição da igreja.”

 No link abaixo você pode acessar o vídeo:

 https://www.youtube.com/watch?v=TFT3B9NI_ng  -- Visualizado em 17|09|2021.

 Como se pode notar, a ideia de que os 144.000 e a grande multidão constituem o mesmo grupo, é estranha no meio adventista, sendo uma ideia que encontra resistência pela grande maioria e até mesmo recebendo rejeição nas literaturas adventistas publicadas.

 Vamos considerar as diversas evidências que apontam de forma clara e insofismável a distinção entre a grande multidão e os 144.000.

O primeiro ponto a ser analisado, é o fato de que, primeiramente, estes dois grupos são mostrados sendo salvos de forma distinta e separada. Isso por si só mostra de forma inquestionável se tratar de dois grupos distintos.

Sabemos que a grande multidão será composta de todos os salvos desde Adão até 1844 e mesmo depois desse ano alguns ainda farão parte desse grupo. São pessoas que não conheciam a verdade, mas viveram a luz que tinham e que morrem antes do derramamento do Espírito Santo na Chuva Serôdia:

“... e hoje existem verdadeiros cristãos em todas as igrejas, não excetuando a comunhão católica romana, que crêem sinceramente ser o domingo o dia de repouso divinamente instituído. Deus aceita a sinceridade de propósito de tais pessoas e sua integridade... Quando, porém, a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro Sábado, ... é que, então, aqueles que continuam a transgredir hão de receber ‘o sinal da besta.” - O Grande Conflito, pg. 450.

Sobre a grande multidão ser composta desde Adão, lemos:

“Por entre as vacilações da Terra, o clarão do relâmpago e o ribombo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o céu, brada: "Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó, e surgi!" Por todo o comprimento e largura da Terra, os mortos ouvirão aquela voz, e os que ouvirem viverão. E a Terra inteira ressoará com o passar do exército extraordinariamente grande de toda nação, tribo, língua e povo... Todos saem do túmulo com a mesma estatura que tinham quando ali entraram. Adão, que está em pé entre a multidão dos ressuscitados, é de grande altura e formas majestosas, de estatura pouco menor que o Filho de Deus. Apresenta assinalado contraste com o povo das gerações posteriores...” - O Grande Conflito, pág. 644.

A expressão “toda nação, tribo, língua e povo” é uma referência direta ao texto mencionando a grande multidão, citada em Apocalipse 7:9:

“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos.”

Apesar desse fato, de que a grande multidão é composta desses salvos desde Adão, o capítulo 6 de Apocalipse traz uma ênfase aos salvos no período da era cristã, ou a partir do momento em que Jesus iniciou Seu ministério terrestre, dando assim origem à igreja cristã no primeiro século.

Em Apocalipse 6, inicia-se a abertura dos primeiros selos. O primeiro desses selos, menciona de uma forma resumida os eventos relacionados na carta à primeira das sete igrejas do Apocalipse. A maioria dos estudiosos datam o período da igreja de Éfeso ou o tempo do início dos eventos do primeiro selo, do ano 27 ao ano 100 da era cristã.

A partir do ano 27, portanto, são descritos os eventos mencionados na abertura dos 7 selos.

Neste período, são delineados eventos que descrevem a história e a experiência da igreja, tempo no qual, desde o início da igreja cristã, muitas pessoas morreram salvas. Estes milhões de salvos, especialmente os que foram mortos sob o quarto selo, são mencionados na abertura do quinto selo:

“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.” - Apocalipse 6:9.

Outro grupo de salvos, com um número específico, que se completa, também é mencionado sob a abertura deste mesmo selo:

“E a cada um foi dada uma comprida veste branca e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram.” - Apocalipse 6:11.

Note que os cristãos que haviam morrido “por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram”, serão vingados apenas quando um número específico de salvos for completado.

Essa vingança é descrita também em Ezequiel 9, mostrando que, depois que o selo de Deus for aplicado neste grupo com número específico, o anjo destruidor vai sair então para matar “velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los.” Ezequiel 9:6. Terá chegado então o momento da vingança pedida e clamada pelas almas que foram mortas por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.”

O sinal de livramento foi posto sobre aqueles "que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem". Agora sai o anjo da morte, representado na visão de Ezequiel pelos homens com as armas destruidoras, aos quais é dada a ordem: "Matai velhos, mancebos, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis.” - Meditações Matinais de 1977, pág. 294.

“O número de Seus súditos completou-se; ... Terminou a longanimidade de Deus...” -  O Grande Conflito, pág. 613.

Apocalipse 6, desta forma, aponta dois grupos de salvos: um não contado que, para ter seu sangue vingado, deve aguardar que outro grupo contado se complete.

Este segundo grupo de salvos, que precisa se completar, no entanto, não é mencionado frequentemente em Apocalipse 6. Neste capítulo, é feito apenas uma alusão a este grupo, mas em que momento ele vive na história deste mundo, isso não é mencionado, a não ser na continuação da sequência dos eventos, na abertura do sexto selo. O capítulo 6, desde seu início, se detém mais nos remidos que foram sendo salvos desde que ocorreu a abertura do primeiro selo, ou como está mencionado na carta à igreja de Éfeso, desde o início da igreja cristã no ano 27 de nossa era, quando a igreja é descrita “trabalhando e tendo perseverança” (Apocalipse 2:1-3), tempo de uma pureza simbolizada pelo cavalo branco do primeiro selo (Apocalipse 6:2).

Temos assim, o primeiro grupo de salvos identificado desde o início do primeiro selo, até a abertura do sexto selo em Apocalipse 6.

O sexto selo descreve alguns eventos muito importantes:

“E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue. E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte.” - Apocalipse 6:12,13.

Os eventos mencionados nestes versículos e o tempo em que ocorreram são:

“Um grande tremor de terra.” – “Em cumprimento desta profecia ocorreu no ano 1755 o mais terrível terremoto que já se registrou.” - O Grande Conflito, pág. 304.

“O sol tornou-se negro como saco de cilício.” – “A 19 de maio de 1780 cumpriu-se esta profecia.” - O Grande Conflito, pág. 304.

A lua tornou-se como sangue.” – “Posto que às nove horas daquela noite (19 de maio de 1780 )a Lua surgisse cheia,... Depois de meia-noite as trevas se desvaneceram, e a Lua, ao tornar-se visível, tinha a aparência de sangue.” - O Grande Conflito, pág. 308.

“As estrelas do céu caíram sobre a terra.” – “Esta profecia teve cumprimento surpreendente e impressionante na grande chuva meteórica de 13 de novembro de 1833. Aquela foi a mais extensa e maravilhosa exibição de estrelas cadentes que já se tem registrado.” - O Grande Conflito, pág. 333.

Em 1833, dois anos depois que Miller começou a apresentar em público as provas da próxima vinda de Cristo, apareceu o último dos sinais que foram prometidos pelo Salvador como indícios de Seu segundo advento. Disse Jesus: ‘As estrelas cairão do céu.’” - O Grande Conflito, pág. 333.

Os sinais mencionados, portanto, nos seis primeiros selos, alcançam o tempo da pregação da primeira mensagem angélica, e sabemos que esta mensagem alcançou força até o outono de 1844.

“A pregação de um tempo definido para o juízo, na proclamação da primeira mensagem, foi ordenada por Deus. O cômputo dos períodos proféticos nos quais se baseava aquela mensagem, localizando o final dos 2.300 dias no outono de 1844, paira acima de qualquer contestação.” - O Grande Conflito, pág. 457.

Os seis primeiros selos, desta forma, mencionados em Apocalipse 6, apontam um grupo de salvos desde o primeiro século da era cristã até o ano de 1844! Esta obra de salvação, logicamente, é descrita ocorrendo nesta Terra.

Aqui é importante destacar novamente que Apocalipse 6, menciona a abertura de 6 selos. A abertura do último selo está em Apocalipse 8. Opa, parece que pulamos um capítulo, o capítulo 7. Por que não existe uma sequencia na abertura dos 7 selos¿ Na verdade existe a sequência, o que ocorre, é que os eventos mencionados no início do capítulo 7, é a sequência do capítulo 6, ou seja, os eventos mencionados em Apocalipse 7, descrevem os eventos a partir de 1844, culminado com a abertura do último selo em Apocalipse 8, que é a volta de Jesus. Apocalipse 7, desta forma, é um parêntese entre o sexto e o sétimo selo, para explicar melhor os eventos a partir de 1844 até a segunda vinda de Jesus.

Vimos que em Apocalipse 6, sob a abertura do quinto selo, é mencionado um grupo de salvos que tem um número específico, um grupo de salvos que se completa. Esse grupo de salvos recebe uma menção e um destaque especial em Apocalipse 7, uma explicação mais detalhada de quem se trata, antes da abertura do último selo.

Apocalipse capítulo 6 termina com a seguinte pergunta:

“...porque é vindo o grande Dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” - Apocalipse 6:17.

A resposta encontrada a esta pergunta está em Apocalipse 7:1-8, e é que, a partir de 1844, os únicos que poderão subsistir diante de Jesus, em sua segunda vinda, são os 144.000!

“E, depois destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado na testa os servos do nosso Deus. E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel.” - Apocalipse 7:1-4.

A expressão “E depois destas coisas”, refere-se logicamente aos sinais descritos no capítulo anterior, sob a abertura dos seis primeiros selos. Lembremos que, depois de ser descrita a obra de salvação de milhões de pessoas, as quais muitas delas haviam sido mortas “por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram”, o capítulo terminou com a pergunta quem poderia estar vivo na segunda vinda de Jesus e não morrer. A resposta é data no texto do capítulo 7.

Apocalipse 7, assim como apocalipse 6, também mostra, logicamente, uma obra de salvação ocorrendo nos quatro cantos da Terra.

Em Apocalipse 6, não temos especificado o número de salvos redimidos na era cristã até 1844, já em Apocalipse 7 temos, a partir de 1844, um número de salvos específico: 144.000. Esse grupo de salvos é mencionado até o versículo 8 do capítulo 7. Assim, desde o capítulo 6, até o capítulo 7:8, temos duas classes de salvos sendo redimidas durante a história desta Terra: Um grupo não contado (Apocalipse 6), outro grupo contato (Apocalipse7).

A partir do versículo 9 do capítulo 7, temos então a descrição dessas duas classes de salvos já no reino de Deus.

No versículo 9 é descrita a primeira multidão de salvos, aquela que foi salva desde os dias de Adão e mencionada de uma forma especial em Apocalipse 6 do ano 27 até 1844:

“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos.” - Apocalipse 7:9.

Alguns pontos precisam ser notados neste versículo:

1º - A expressão “depois destas coisas”, revela mais uma vez a sequência dos eventos mostrados em visão a João. Ele primeiramente viu a grande multidão sendo salva na Terra (Apocalipse6), e também os eventos de um grupo contado sendo escolhido também nesta Terra (Apocalipse7). E depois de ver estas coisas, ele começa então a visualizar estes dois grupos no Céu. E seguindo a mesma sequência dos eventos mostrados na Terra, ele vê primeiramente “uma multidão, a qual ninguém podia contar”, e, respeitando o contexto de Apocalipse 6, a mesma grande multidão que foi salva durante a abertura dos primeiros seis selos antes de 1844.

2º - Essa grande multidão não é o mesmo grupo dos 144.000. A grande multidão é descrita sendo composta de “todas as nações, e tribos, e povos, e línguas”, os 144.000 são descritos pertencendo às doze tribos de Israel (Apocalipse 7:4). A grande multidão é mencionada como não podendo ser cotada de tão numerosa (Apocalipse 7:9), já os 144.000 podem ser contados e numerados (Apocalipse 7:4).

3º - Esta grande multidão é descrita estando “diante do trono e perante o cordeiro.” Alguns entendem que este trono se encontra no templo onde a grande multidão estará e se, somente os 144.000 entram no templo, isso deve significar que os 144.000 e a grande multidão são um e o mesmo grupo. No entanto, o local do trono de Deus, diante do qual estará a grande multidão e o templo no qual apenas os 144.000 entram, são lugares bem distintos e diferentes. Veremos isso agora.

O trono de Deus e do Cordeiro se encontra na Cidade Santa, dentro da Nova Jerusalém:

“E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.” - Apocalipse 22:1.

Na cidade havia um trono gloriosíssimo, do qual provinha um rio puro de água da vida, claro como cristal. Em cada lado desse rio estava a árvore da vida, e nas margens do rio havia outras belas árvores, produzindo fruto.” - Meditações Matinais de 1995, pág. 102.

“Por meio de um viver cristão, deve o povo do Senhor testificar que Deus tem na Terra um povo que representa o grupo puro e santo que se encontrará ao redor do trono de Deus quando os redimidos forem reunidos dentro da Cidade Santa.” - Medicina e Salvação, pág. 48.

“Meu pensamento dirigiu-se à praia do lado de lá, ao tempo em que haverá uma grande reunião na cidade de Deus, ao redor do grande trono branco, e os remidos hão de cantar ali de triunfo e de vitória, e de louvor a Deus e ao Cordeiro.” - Meditações Matinais de 1980, pág. 331.

“A gloriosa cidade de Deus tem doze portas, engastadas com as mais deslumbrantes pérolas. Também tem doze fundamentos de várias cores. As ruas da cidade são de ouro puro. Nessa cidade está o trono de Deus, de onde procede um rio belo e puro, claro como cristal. Sua cintilante pureza e beleza alegram a cidade de Deus. Os santos beberão livremente das águas curadoras do rio da vida.” - Meditações Matinais de 1953, pág. 357;

Nesta cidade, na qual está o trono de Deus, não há nenhum templo:

E nela (na cidade) não vi templo, porque o seu templo é o Senhor, Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.” - Apocalipse 21:22.

O fato da grande multidão, portanto, ser descrita estando diante do trono, nunca vai significar que esta grande multidão estará no templo de Deus.

Os 144.000, todavia, são descritos entrando em um templo no qual apenas eles podem penetrar:

O Monte Sião estava exatamente diante de nós, e sobre o monte um belo templo, em cujo redor havia sete outras montanhas, sobre as quais cresciam rosas e lírios. E vi as crianças subirem, ou, se o preferiam, fazer uso de suas pequenas asas e voar ao cimo das montanhas e apanhar flores que nunca murcharão. Para embelezar o lugar, havia em redor do templo todas as espécies de árvores; o buxo, o pinheiro, o cipreste, a oliveira, a murta, a romãzeira e a figueira, curvada ao peso de seus figos maduros, embelezavam aquele local. E quando estávamos para entrar no santo templo, Jesus levantou Sua bela voz e disse: ‘Somente os 144.000 entram neste lugar’, e nós exclamamos: ‘Aleluia’!” - Primeiros Escritos, pág. 19.

Onde fica este templo, no qual apenas os 144.000 entram¿ O texto acima é claro em mostrar que este templo estará sobre o Monte Sião. Já a cidade Santa, a Nova Jerusalém, ficará em um lugar separado. Veja:

Depois de contemplar a beleza do templo, saímos, e Jesus nos deixou e foi à cidade. Logo Lhe ouvimos de novo a delicada voz, dizendo: "Vinde, povo Meu; viestes da grande tribulação, e fizestes Minha vontade; sofrestes por Mim; vinde à ceia, pois Eu Me cingirei e vos servirei." Nós exclamamos: ‘Aleluia! Glória’! e entramos na cidade.” Primeiros Escritos, pág. 19.

A cidade Santa ficará em meio ao monte das Oliveiras:

“E, naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele, para o sul.” Zacarias 14:4

"A cidade! a grande cidade! vem descendo de Deus, do Céu!" E ela desceu em todo o seu esplendor e deslumbrante glória, e fixou-se na grande planície que, para ela, Jesus havia preparado.” - História da Redenção, pág. 417.

Já o templo, como está escrito, ficará localizado sobre o monte Sião, que atualmente está diante do monte das Oliveiras. Essa topografia ou algo semelhante a ela, será mantida de alguma maneira em o Novo Céu e Nova Terra.


Monte Sião com o monte das Oliveiras começando a aparecer no canto superior direito da foto. Perceba a igreja da Agonia, localizada no jardim do Getsêmani, ao pé do Monte das Oliveiras

Essa igreja, localizada ao pé do monte das oliveiras e no Jardim do Getsêmani, aparece de forma mais destacada na seguinte foto:

Monte das Oliveiras e o Jardim do Getsêmani.

Os judeus têm a esperança de que em breve irão construir o terceiro templo no Monte Sião, quando o Messias descer sobre o Monte das Oliveiras. Mal sabem eles que, o Messias já veio e quando Ele voltar, já pela terceira vez a esta Terra, Ele mesmo criará o terceiro templo sobre o Monte Sião, renovado e restaurado, no qual apenas os 144.000 ali entrarão. Então, a profecia de que no Monte Sião estaria a casa ou templo de Deus (Gênesis 28:17-22), terá um cumprimento completo e eterno!

Diante do trono, dentro da cidade Santa, não se encontrará, todavia, apenas a grande multidão, ali também estará os 144.000 que, assim como a grande multidão, também terão vestes brancas. As vestes brancas serão dadas a todos os vencedores:

“O que vencer será vestido de vestes brancas.” - Apocalipse 3:5.

Depois de contemplar o primeiro grupo de salvos, constituído de uma multidão que não se podia contar, salvos antes de 1844, a atenção do apóstolo João foi chamada para outro grupo de remidos:

“E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vieram?” - Apocalipse 7:13.

Esta pergunta não pode estar se referindo à grande multidão, pois esta João identificou e sabia de onde a grande multidão tinha vindo:

“...uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas.” - Apocalipse 7:9.

Mas agora foi apontado a ele um grupo de salvos, também vestidos de vestes brancas, que ele não tinha ideia de onde tinha vindo. A resposta foi:

“E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” - Apocalipse 7:14.

Não precisamos nós mesmos tentarmos identificar que grupo é este mencionado neste versículo. A própria inspiração o faz da seguinte maneira:

“No mar cristalino diante do trono, naquele mar como que de vidro misturado com fogo - tão resplendente é ele pela glória de Deus - está reunida a multidão dos que "saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome". Apoc. 15:2. Com o Cordeiro, sobre o Monte Sião, "tendo harpas de Deus", estão os cento e quarenta e quatro mil que foram remidos dentre os homens; e ouve-se, como o som de muitas águas, e de grande trovão, "uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas". E cantavam um "cântico novo diante do trono - cântico que ninguém podia aprender senão os cento e quarenta e quatro mil. É o hino de Moisés e do Cordeiro - hino de livramento. Ninguém, a não ser os cento e quarenta e quatro mil, pode aprender aquele canto, pois é o de sua experiência - e nunca ninguém teve experiência semelhante. "Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai." "Estes, tendo sido trasladados da Terra, dentre os vivos, são tidos como as primícias para Deus e para o Cordeiro." Apoc. 14:1-5; 15:3. "Estes são os que vieram de grande tribulação" (Apoc. 7:14); passaram pelo tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo da angústia de Jacó; permaneceram sem intercessor durante o derramamento final dos juízos de Deus. Mas foram livres, pois "lavaram os seus vestidos, e os branquearam no sangue do Cordeiro". "Na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis" diante de Deus. "Por isso estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra." Apoc. 7:15. Viram a Terra devastada pela fome e pestilência, o Sol com poder para abrasar os homens com grandes calores, e eles próprios suportaram o sofrimento, a fome e a sede. Mas "jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o Sol,  nem ardor algum. Pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima". Apoc. 7:16 e 17.” - O Grande Conflito, pág. 649.

Perceba que a grande tribulação pela qual passa os 144.000, é diferente da grande tribulação pela qual qualquer outro salvo passa. Existe uma tribulação que é descrita da seguinte maneira, pela qual todos os salvos passaram e têm passado:

“Todas as classes, todas as nações, tribos, povos e línguas estarão perante o trono de Deus e do Cordeiro, com suas vestes imaculadas e coroas gloriosas. Disse o anjo: Estes são os que vieram de grande tribulação, e lavaram suas vestiduras e as branquearam, ao passo que aqueles que são amantes de prazeres mais do que amantes de Deus, os condescendentes consigo mesmos e desobedientes, perderam ambos os mundos. Não têm nem as coisas desta vida nem a vida imortal. Aquela multidão triunfante, com cânticos de vitória, e coroas e harpas, provaram a ardente fornalha de aflições terrestres - fornalha aquecida intensamente. Vieram da pobreza, da fome e tortura, da profunda abnegação e amargas desilusões.” Meditações Matinais de 1968, pág. 371.

Mas a grande tribulação mencionada em Apocalipse 7, pela qual passam os 144.000 é diferente da descrita no texto acima. Não é apenas uma grande tribulação causada pela “pobreza, pela fome ou tortura, ou pela profunda abnegação e amargas desilusões”, não, os 144.000 passam por uma grande tribulação diferenciada de qualquer outra. Além de sentirem todas as dificuldades acima descritas, foram somadas a elas outras probantes e terríveis circunstâncias:

“...passaram pelo tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo da angústia de Jacó; permaneceram sem intercessor durante o derramamento final dos juízos de Deus...Viram a Terra devastada pela fome e pestilência, o Sol com poder para abrasar os homens com grandes calores, e eles próprios suportaram o sofrimento, a fome e a sede.” - O Grande Conflito, pág. 649.

Perceba a expressão: “angústia tal como nunca houve.” Isso indica que outras angústias e tribulações haviam ocorrido antes, como por exemplo a que ocorreu no período da idade média, durante os 1260 anos de perseguição. Aquela tribulação é também descrita com as seguintes palavras:

“E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.” - Mateus 24:29.

“Porque, naqueles dias, haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.” - Marcos 13:19.

Em termos de tempo, nunca iria ocorrer outra tribulação como os 1260 anos. Mas a tribulação pela qual os 144.000 passam, apesar de não durar tantos longos anos, todavia, a intensidade desta última grande tribulação, será maior do que a do período dos 1260 anos, como se pode ver no texto seguinte:

“E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro.” - Daniel 12:1.

A grande tribulação pela qual passarão os 144.000, será mais intensa e no período mais crítico da história da igreja. Por isso é enfatizado que eles “passaram pelo tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo da angústia de Jacó; permaneceram sem intercessor durante o derramamento final dos juízos de Deus.” - O Grande Conflito, pág. 649.

Estes detalhes fazem com que o texto de Apocalipse 7:14, se aplique de uma forma singular aos 144.000:

"... os cento e quarenta e quatro mil,... Estes são os que vieram de grande tribulação" (Apoc. 7:14).”

Além dessas evidências, mostrando que os 144.000 constituem um grupo à parte da grande multidão, existem outras, como a que podemos ver no texto a seguir:

“Mais próximo do trono estão os que já foram zelosos na causa de Satanás, mas que, arrancados como tições do fogo, seguiram seu Salvador com devoção profunda, intensa. Em seguida estão os que aperfeiçoaram um caráter cristão em meio de falsidade e incredulidade, os que honraram a lei de Deus quando o mundo cristão a declarava nula, e os milhões de todos os séculos que se tornaram mártires pela sua fé. E além está a "multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, ... trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos". Apoc. 7:9. Terminou a sua luta, a vitória está ganha.” O Grande Conflito, pág. 665.

Veja que primeiramente são descritos os 144.000 que viveram em um tempo que tiveram que lutar contra a nulidade da lei de Deus, especialmente no tempo do sinal da besta, como se pode perceber no texto:

“...Em seguida estão os que aperfeiçoaram um caráter cristão em meio de falsidade e incredulidade, os que honraram a lei de Deus quando o mundo cristão a declarava nula...”

E de forma então bem destacada, separada e distinta dos 144.000, é então mencionada a grande multidão:

“E além está a "multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, ... trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos". Apoc. 7:9.”

Os dois grupos, que a princípio foram mencionados sendo salvos na Terra segundo Apocalipse 6 e 7, agora são descritos nas glórias do Céu!

Mencionando os 144.000, que com a grande multidão estarão diante do trono, a inspiração diz:

“Por isso estão diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo.” - Apocalipse 7:15.

Perceba que os 144.000, estarão diante do trono dentro da Nova Jerusalém assim como a grande multidão, mas somente os 144.000 servem a Deus no Seu templo sobre o Monte Sião:

“... sobre o monte um belo templo, ...Jesus levantou Sua bela voz e disse: "Somente os 144.000 entram neste lugar.” - Primeiros Escritos, pág. 19.

Se não houvesse distinção da grande multidão dos 144.000, não haveria nenhuma proibição para que somente os 144.000 ali pudessem entrar!

Assim, a descrição de Apocalipse 7:13-17 é uma referência aos 144.000, distinta da grande multidão, que é mencionada no versículo 9 do mesmo capítulo.

Os 144.000 continuam sendo mencionados ao passarem pela grande tribulação, nas cenas finais, da seguinte maneira:

“Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.” - Apocalipse 7:16.

Esta promessa refere-se ao fato de terem passado pelas sete últimas pragas, onde passaram fome, sede e viram a quarta praga, onde o sol abrasa os homens com grandes calores (Apocalipse 16:8, 9).

Por isso, mencionando este número especial de salvos, menciona-se aspectos singulares da grande tribulação período que apenas esse grupo passa e sai vitorioso.

“(Os 144.000) Viram a Terra devastada pela fome e pestilência, o Sol com poder para abrasar os homens com grandes calores, e eles próprios suportaram o sofrimento, a fome e a sede.” - O Grande Conflito, pág. 649.

Consequentemente está escrito que “nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.”

“Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda lágrima.” -  
Apocalipse 7:17.

 

Para mais informações, entre em contato: cristiano_souza7@yahoo.com.br