quinta-feira, 15 de julho de 2021

A Sucessão Apostólica e o Movimento de Reforma

 


A igreja Adventista do Sétimo Dia Movimento de Reforma veio à existência como um movimento para erguer a lei de Deus que estava, durante a primeira guerra, sendo abandonada. O povo de Deus é identificado da seguinte forma:

“Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apocalipse 14:12.

“Assim reconhecem a Deus, e a Sua lei - fundamento de Seu governo no Céu e em todos os Seus domínios terrestres. Sua autoridade deve ser conservada distinta e clara perante o mundo; e não ser reconhecida lei alguma que esteja em oposição às leis de Jeová.” -Testemunhos para Ministros, pág. 16.

No entanto, às vezes, somos questionados se a este movimento reformatório se uniu pastores adventistas.

R. Ruhling, disse:

“De acordo com minha lembrança, nenhum de nossos ministros ordenados na Alemanha juntou-se a esta rebelião reformista durante o período da Guerra.” - Revista Adventista dezembro de 1975, pág. 27.

É importante destacar que este homem foi um dos principais opositores ao Movimento de Reforma desde sua origem, o que o torna suspeito de afirmar qualquer coisa contrária à nossa igreja.

Outro ponto claro no que Ruhling disse é que, até onde apenas ele se lembrava, na Alemanha, nenhum ministro adventista havia se unido ao Movimento de Reforma. Logicamente, outras pessoas poderiam ter informação diferente, e Ruhling, claramente ignorava a situação em outros países.

Lembrando que a primeira guerra afetou vários países, e problemas similares na exclusão de fiéis adventistas, por não portarem armas e não servirem ao exército, ocorreram em diversos lugares.

Romênia:

“À medida que lhes contava suas primeiras experiências, os irmãos o ouviram com atenção. Admitiu que, até a sua última discussão com eles, desconhecia a gravidade da situação. Como ministro adventista, havia ido para a frente de batalha e tinha sido prisioneiro dos alemães. Antes disso, havia estudado num seminário ortodoxo. Quisera tornar-se padre. Depois freqüentou o colégio missionário adventista em Friedensau, na Alemanha.

 Aquele ministro, Petru Turturica, uniu-se ao movimento de reforma, pela primeira vez, em 1918.  Mas devido alguns desentendimentos, voltou para a denominação principal. Depois, não satisfeito com essa decisão, percebendo que havia equivocado, voltou para o movimento de reforma, onde empregou os seus talentos por muitos anos juntamente com a esposa.” - História do Movimento de Reforma, pág. 333.

Rússia:

“Em 1925, a mensagem de reforma já havia sido recebida pela igreja de Alexandropol. A partir de então a luz foi disseminada em todas as direções. O irmão H. Unrau, ministro da igreja A S D, e esposa, trabalhavam ativamente na denominação quando as nossas publicações chegaram às mãos deles. Entenderam as razões, porque o movimento de reforma havia surgido, a luz da lei e do testemunho, era evidente que ocorrera afastamento em relação aos marcos antigos da tríplice mensagem. A mensagem abalou o povo adventista em Alexandropol e arredores. Muitas igrejas e grupos foram organizados.

 “No verão de 1926, os adventistas realizaram uma convenção em Orlovko. O irmão e a irmã Unrau explicaram sua posição em harmonia com a Bíblia e o Espírito de Profecia. Os líderes fizeram o possível para justificar a posição da Conferência Geral. Descreveram os fiéis observadores dos mandamentos como desordeiros. Entretanto, o irmão Unrau fez este apelo: ‘Quantos estão dispostos a tomar firme posição ao lado dos verdadeiros porta-estandartes que exaltam a lei de Deus?’ Expressando firma decisão, mais da metade dos membros se levantou.

 “O irmão Unrau foi expulso da igreja através da resolução que dizia:

 “‘Henrich Unrau está excluído por adotar atitude contraria as resoluções da igreja A S D. Não mais podemos ser responsáveis por sua opinião acerca do sexto mandamento. A conduta dele só traz dificuldade e prejuízo.’

 “É tão verdade, que o Pastor Unrau foi intimado a comparecer diante da polícia secreta no mesmo dia da sua exclusão.

 Depois de excluídos, os poucos fiéis se organizaram. O relatório sobre a organização dizia: ‘Temos sido atacados, caluniados, feridos de todos os lados, e somente a palavra escrita tem sido nosso amparo firme (Isaías 35:4) (...) Temos a satisfação de relatar que, até o fim de 1926, passamos a ser 271 membros. Confiando no Senhor, esperamos que brevemente esse número venha a ser o dobro (...) Ministro ordenando, G Oswald e H Unrau; Anciãos distritais ordenados, H Frank e R Becker; Obreiro bíblico, D Regier; Auxiliar de obreiro bíblico, G Gomanenko; Tesoureiro, Fr. Regier.’” -  História do Movimento de Reforma, págs 380, 381 e 382; Traduzido de Sabbat-Wachter, junho de 1927.

Estônia:

“O movimento de reforma na Estônia começou em 1919, quando a igreja adventista se dividiu em dois grupos. A respeito da divisão, lemos na Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia Vol. 10, ‘União das Repúblicas Socialistas Soviéticas”, Países Bálticos (1918-1940), Estônia:

 ‘A obra não prosseguiu sem dificuldades. Quando pressões externas desapareciam, dificuldades internas, causadas por diferenças entre os líderes, resultaram em divisão na igreja.

 ‘Como não possuíamos nenhum livro da irmã White em nosso idioma, o povo adventista solicitou que alguns fossem publicados em estoniano, começando com ‘Experiências e Visões.’ Mas o irmão Sproge, líder da obra na Estônia e Países Vizinhos, opôs-se dizendo que a tradução e a impressão seriam dispendiosas, não haveria muitos leitores, pois o número de membros era pequeno e que, enfim, não precisávamos desses livros. Enquanto o irmão Sproge estava em viagem a outros países, o irmão Hahn providenciou a tradução e impressão do ‘Experiências e Visões’. ‘Não havia dinheiro suficiente na tesouraria da igreja, mas um irmão vendeu sua fazenda e ofereceu o dinheiro como empréstimo. Com o livro pronto, o povo ficou muito feliz.

 ‘Todos queriam adquirir um exemplar, algumas pessoas o leram de capa a capa, dia e noite, e de uma só vez. Esse, porém foi o inicio da dificuldade. Logo que o irmão Sproge descobriu o que acontecera em sua ausência, aborreceu-se grandemente e contendeu com o irmão Hahn.

 ‘Depois houve outro problema que foi a causa real da separação. Recebemos publicações da Alemanha mostrando como os adventistas haviam agido durante a guerra. Vimos claramente que eles haviam tomado parte ativa entre os combatentes. Alguns criam que os que haviam morrido como heróis no campo de batalha, lutando em favor da pátria, iriam ressuscitar entre os justos na segunda vinda de Cristo. Além disso, lemos que a Conferência Geral havia dado ao povo adventista na Alemanha e em outros países liberdade para fazer o que fizeram, e que os líderes adventistas na Europa eram declarados fiéis apesar de terem envolvido os membros da igreja no combate.


 ‘A igreja de Reval protestou contra esse grave comprometimento de princípios. ‘O irmão Sproge, que justificava a  atitude  da  liderança  adventista,

não conseguindo convencer os membros de Reval, declarou dissolvida a igreja. ‘Saindo da reunião, disse: ‘Os que querem ser adventistas sigam-me, por favor.’

 ‘Oito membros se levantaram e o seguiram. Mais de duzentos permaneceram com Hahn.

 ‘Então Sproge alugou uma sala para as suas reuniões. Foi apoiado oficialmente pela liderança A S D. Hahn fez o que pode para restaurar a unidade, porém, sem êxito.” - História da Igreja Adventista do Sétimo dia Movimento de Reforma, págs 266,   267; Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia Vol. 10.                     

Existem indícios de que mais pastores ou ministros adventistas se uniram ao Movimento de Reforma desde o início de sua história, cremos que as informações aqui apresentadas são suficientes para provar este fato. No entanto, na Revista Adventista existe uma afirmação interessante que diz:

 

“Quando terminou a Guerra, em novembro de 1918, alguns jovens ministros não ainda ordenados juntaram-se aos reformadores.” - Revista Adventista dezembro de 1975, pág. 27.

Essa informação é mais detalhada da seguinte forma:

 

“Terminada a guerra, em novembro de 1918, alguns ministros jovens, não ordenados ainda, uniram-se aos ‘reformadores’, um deles foi Henry Spanknobel (...) Henry era orador eficiente (...) o líder dos ‘reformadores’ era então o Sr Dorschler, que anteriormente fora ancião de uma de nossas igrejas (...) visto como os ‘reformadores’ em suas publicações nos chamavam ‘Babilônia’ não podíamos por mais tempo tolera-los em nossas igrejas, e os excluímos.” - Uma Luz que Alumia, pág. 150.

 Não se sabe exatamente como estes ministros não ordenados atuavam na igreja, mas fato é que houve ministros que se uniram ao movimento de reforma, e não apenas anciãos locais, mas ministros não ordenados e ordenados:

 

“Depois que o marido Heinrich Unrau foi preso (...) a irmã Kathryn Unrau foi a Moscou, conversou com I A Janzen, o cunhado, secretário da igreja A S D. Ele ainda não podia acreditar que os líderes da igreja adventista haviam se tornado informantes e traidores. Estavam denunciando a polícia os obreiros do movimento de reforma. Um dia, porém, teve a prova. O irmão Lobsack, presidente, e o irmão Janzen, secretário, estavam no escritório quando o telefone tocou. O irmão Lobsack atendeu, e Janzen o ouviu citar os nomes de todos os ministros que haviam deixado a igreja. Quando Lobsack desligou, Janzen perguntou quem era. Respondeu:

 “’– A polícia secreta.

 “’O que o irmão fez? Forneceu o nome de nossos irmãos a polícia?

 “’– Sim para nos proteger, devemos revelar os nomes dos reformistas.’

 “O irmão Janzen ficou tão desgostoso que em seguida, saindo do escritório, disse: ‘Se é isso o que vocês fazem, vou me unir a eles’, deixou a igreja adventista e se tornou reformista”. - História dos A S D Movimento de Reforma, pág. 391.

Para entendermos como a sucessão apostólica não é um fator que determina a legitimidade de uma igreja ou organização, é um ponto interessante e digno de nota que José Bates, um dos principais pioneiros da igreja Adventista, nunca foi ordenado a nenhum ministério, e, mesmo assim, atuou como ministro, ordenando outros ao ministério e assinando suas credenciais:

“José Bates foi sempre o pioneiro e o líder dos pioneiros. Magnânimo, gentil e profundamente bondoso e atencioso, era imitado pelos pioneiros adventistas, todos eles mais jovens. Embora jamais ordenados ao ministério, José Bates e Tiago White foram os dois líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia que ordenaram e assinaram as credenciais dos primeiros ministros. Eles haviam sido ordenados por Deus.” - Revista Adventista, junho de 1976, pág. 24.

Sempre que a questão da sucessão apostólica é mencionada como sendo um problema para o Movimento de Reforma - apesar de termos visto que não é - seria interessante que nossos opositores se lembrassem também do que afirma a própria publicação inspirada adventista:

 Os fariseus haviam declarado ser filhos de Abraão. Jesus lhes disse que essa pretensão só podia ser assegurada mediante a prática das obras de Abraão. Os verdadeiros filhos de Abraão viveram, como ele próprio vivera, uma vida de obediência a Deus. Não buscariam matar Aquele que estava falando a verdade que Lhe fora dada por Deus. Conspirando contra Cristo, os rabis não estavam fazendo as obras de Abraão. Não tinha nenhum valor a simples descendência natural de Abraão. Sem ter com ele ligação espiritual, a qual se manifestaria em possuir o mesmo espírito, e fazer as mesmas obras, não eram seus filhos.

“Este princípio se relaciona com igual peso a uma questão longamente agitada no mundo cristão - a da sucessão apostólica. A descendência de Abraão demonstrava-se não por nome e linhagem, mas pela semelhança de caráter. Assim a sucessão apostólica não se baseia na transmissão de autoridade eclesiástica, mas nas relações espirituais. Uma vida influenciada pelo espírito dos apóstolos, a crença e ensino da verdade por eles ensinada, eis a verdadeira prova da sucessão apostólica. Isto é que constitui os homens sucessores dos primeiros mestres do evangelho.” - O Desejado de Todas as Nações, pág. 467.


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