AS FASES DO JUÍZO
No artigo
anterior, você compreendeu que a purificação do santuário celestial consiste na
eliminação dos registros dos pecados dos livros celestiais mediante o sangue de
Jesus. Para que estes pecados sejam apagados, é necessário que se faça uma obra
de investigação na vida daqueles que professam crer no sacrifício de Jesus como
único meio de se obter a eliminação de qualquer vestígio de transgressão.
Esta obra de
investigação é necessária para que fique provado diante de todo o universo,
diante de seres santos ou pecadores, que é possível, mesmo ao homem caído, pelo
poder e graça de Deus, guardar Sua lei que é santa justa e boa (Romanos 7:12).
Com a obra do
juízo, provando que é possível guardar a lei de Deus, Cristo desmascarará
Satanás mais uma vez. Apontará seu povo, especialmente os que viveram na hora
de maior apostasia e iniquidade, e dirá: “Aqui
estão os que guardam os mandamentos de Deus” (Apocalipse 14:12). Desta
forma, não apenas Satanás será condenado, mas também todos seus seguidores, por
terem escolhido se rebelar sem motivo contra Deus e Sua santa lei. E, assim
como Noé, ao preparar a arca, condenou o mundo ímpio antes do dilúvio (Hebreus
11:7), o povo de Deus, ao ser no juízo declarado justo, automaticamente
condenará todos aqueles que desprezaram a lei de Deus e sua autoridade.
O juízo se
processa primeiramente no Céu, e depois terá então outras fases. Estudaremos todas
estas fases do juízo e como elas acontecem.
O Juízo
Investigativo
O profeta Daniel relata que após o surgimento do reino da
Babilônia, Medos e Persas, Grécia, Roma e aquela potência simbolizada pela
ponta pequena, se estabeleceria o juízo. Para chegarmos a esta irrefutável
conclusão basta lermos Daniel 7:1-10. Ora, a ponta pequena de Daniel 7:8, teve
seu cumprimento mais específico a contar do ano 538 d.C. até o ano de 1798, e
no final deste período, da supremacia da ponta pequena, segundo o livro de
Daniel, o juízo se assentaria. Assim foi relatado:
“Assentou-se o juízo e abriram-se os livros”.
No final do juízo Daniel viu que os reinos do mundo seriam
entregues ao Filho de Deus. Dan. 7:10,13-14. Desta forma, pode-se compreender
claramente que o juízo, ao qual se referiu Daniel, aconteceria depois da
supremacia da ponta pequena e antes da destruição dos reinos terrestres. Ou
seja, não antes de 1798. Se, como podemos bem notar, Jesus não tem ainda o
domínio total sobre a Terra, e os reinos desta ainda não Lhe foram entregues, é
óbvio que estamos vivendo ainda nos dias do juízo. Este é o juízo investigativo.
É o juízo que tem lugar antes que Cristo volte nas nuvens do céu, para então
destruir os reinos mundanos e implantar Seu reino de justiça.
No juízo investigativo somente tomam parte aqueles que
conhecem e professam a verdade. Analisaremos alguns textos sobre isto:
“Já é tempo que
comece o julgamento pela casa de Deus”. I Pedro 4:17.
Perceba que o julgamento começaria pelos que conhecem, os
da casa de Deus.
Eclesiastes 3:17: “Deus julgará o Justo e o ímpio”.
Repare que o sábio mencionou o julgamento do justo como
precedendo ao do ímpio. Algumas pessoas acreditam que os justos não serão
julgados, mas não é isto que a Palavra de Deus diz. Muitos se apoiam na
seguinte passagem:
“... quem ouve Minha
palavra não entra em juízo...”.
Devemos, porém entender que este juízo não se refere ao
juízo investigativo, mas especificamente ao juízo executivo, ou o juízo de
condenação. Tanto que na versão Revista e Corrigida e em outras versões, esta
passagem de João 5:24 reza:
“... não entrará em condenação...”.
No grego, a palavra correspondente, a qual foi traduzida
na versão Revista e Atualizada por juízo é (krisin)
“krisin”, que pode ser corretamente traduzida, como foi na versão
Revista e Corrigida por: “condenação,
punição.” Ou seja:
“... não entrará em punição...”.
Como veremos neste artigo, a palavra juízo pode também,
ter em muitos casos o sentido de punição ou condenação. Veja ainda estes
exemplos:
“... e os que tiveram praticado o mal, para a
ressurreição do juízo (Krisin, condenação punição)”. João 5:29.
“Mas uma certa expectação horrível de juízo
(krisin, condenação, punição) e ardor de fogo que, há de devorar
os adversários”. Hebreus
10:27.
“... Ai daquela
grande Babilônia, aquela forte cidade, pois numa hora veio o seu juízo
(Krisin, condenação, punição)”. Apocalipse 18:10.
Por este tipo de
juízo, é mais do que certo que os justos não hão de passar.
Mas sobre passarem pelo juízo de investigação a Palavra de
Deus é clara. Como vimos em Eclesiastes 3:17, “Deus julgará o justo”.
Leiamos mais algumas passagens sobre isto:
“Pois todos
havemos de comparecer ante o
tribunal de Cristo”. Romanos
14:10,12.
Quando Paulo diz “todos”, ele se inclui entre os que serão
julgados ao mencionar também: “havemos”.
O apóstolo João também se coloca entre os que serão
julgados, ao escrever:
“... para que no
dia do juízo tenhamos
confiança...” I João 4:17.
Outros textos
também são bem claros:
“Ele julgará ao teu povo com justiça...”.
Salmo 72:2.
“E foi-me dado uma
cana semelhante a uma vara: e chegou o anjo e disse: Levanta, mede
o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram”. Apocalipse 11:1.
No dicionário, o verbo medir tem também o sentido de fazer
uma vistoria, uma avaliação, estimação ou uma investigação naqueles que estão
na casa de Deus.
“E os servos, saindo
pelos caminhos, ajuntaram tantos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a
festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados,
viu ali um homem que não estava trajado com vestidos de núpcias”. Mateus 22:10-11.
“Quando o rei entrou
para ver os convivas, foi revelado o verdadeiro caráter de todos. A cada
comensal foi provido um vestido de bodas. Essa veste era uma dádiva do rei.
Usando-a, os convivas demonstravam respeito ao doador da festa. Um homem,
porém, estava com seus trajes comuns. Recusara fazer a preparação exigida pelo
rei. A veste provida por ele com grande custo, desdenhou usar. Deste modo
insultou seu senhor. À pergunta do rei: ‘Como entraste aqui não tendo veste
nupcial?’ nada pôde responder. Condenou-se a si mesmo. Então o rei disse:
‘Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores’”.
“O exame dos
comensais pelo rei representa uma
sena de julgamento. Os convivas à ceia do evangelho são os que professam servir a Deus,
cujos nomes estão escritos no livro da vida. Luc 10:20; Fil.4:3; Ap. 13:8; 20:12; etc. Nem todos, porém, que
professam ser cristãos, são discípulos verdadeiros. Antes que seja dada a recompensa final, precisa ser decidido quem está apto para
participar da herança dos justos. Essa decisão deve ser feita antes da
segunda vinda de Cristo, nas nuvens do céu; porque quando Ele vier, o galardão
estará com Ele ‘para dar a cada um segundo sua obra’. Antes de sua vinda o
caráter da obra de cada um terá sido determinado, e a cada seguidor de Cristo o
galardão será concedido segundo seus atos”
“Enquanto os homens ainda estão sobre a
Terra, é que a obra do juízo investigativo se efetua nas cortes celestes. A
vida de todos os seus professos seguidores é passada em revista perante Deus;
todos são examinados de acordo com os relatórios nos livros do Céu.
Dan. 7:10; Mal.3:16; Ne. 13:14; Sl. 56: 5,6; Jer. 2:22; etc, e o destino de
cada um é fixado para sempre de acordo com seus atos”. Parábolas de Jesus
págs. 309, 310.
Neste sentido é que se cumprirão as palavras de Cristo:
“Estando dois no
campo, será levado um, e deixado outro; estando; duas moendo no moinho será
levada uma, e deixada outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de
vir o vosso Senhor”.
Esta é a vinda de Cristo em juízo, pois o mesmo acontece
no Céu e nosso caso será analisado e decidido em uma hora em que não pensamos
nem sabemos. Compareceremos a este juízo através dos registros celestiais que contém o relato fiel de toda nossa vida, nossas ações, de nossos pensamentos ou palavras. Por isso Jesus nos exorta a vigiarmos “porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis”. Mateus
24:44.
O Juízo Retributivo
Na Bíblia existem inumeráveis provas do juízo retributivo.
Este juízo terá lugar exatamente durante a segunda vinda de Cristo. As
escrituras testificam dizendo que quando o Filho de Deus voltar Ele dará a cada
um segundo suas obras. Ap. 22:12; Mat. 16:27; Is. 40:10,11; 62:11; etc.
Paulo, falando sobre este assunto em sua carta aos Romanos
2:5-6, diz:
“Mas, segundo a tua
dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação
do juízo de Deus; o qual recompensará a cada um segundo
as suas obras”.
Notemos bem que, em Sua segunda vinda, Jesus manifestará o
resultado do juízo investigativo que já ocorreu no Céu. Mas não devemos deixar
de notar que em sua volta Ele recompensará a cada um. Ou seja, retribuirá
a cada um segundo as suas obras. Rom. 2:7,8. Este é o juízo retributivo. Judas,
escrevendo sobre o mesmo assunto, nos versículos 14 e 15, menciona este juízo que
terá lugar na segunda vinda de Jesus nas seguinte palavras:
Eis que é vindo
o Senhor com milhares de seus santos; para fazer juízo
contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as sua obras de
impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios
pecadores disseram contra Ele”.
O
juízo Vindicativo
Neste juízo somente os ímpios serão julgados. De forma
geral, o caso dos perdidos, não será avaliado no juízo investigativo, pois,
como vimos, este é para aqueles que conhecem a verdade. Durante os mil anos,
enquanto os salvos estarão no Céu e os ímpios mortos na Terra (Jeremias 25:33),
será realizado, pelos salvos, o julgamento dos ímpios, a fim de que fique
decretada a pena que cada um irá pagar no castigo final através do fogo e para
que possa eliminar de forma total alguma dúvida quanto ao caráter de Deus antes
que Ele possa de uma vez por todas eliminar o mal. A Bíblia menciona este juízo
da seguinte forma:
“E vi tronos; e
assentaram-se sobre eles, e foi-lhes
dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo
testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a
sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram,
e reinaram com Cristo durante mil
anos.” Apocalipse 20:4.
“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?
Ora, se o mundo deve ser julgado por
vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis
vós que havemos de julgar os anjos?
Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” I Corintios 6:2.
O Juízo
Executivo
O juízo executivo terá lugar na Terra depois dos mil anos,
quando os ímpios cercarem a cidade santa a Nova Jerusalém. Mas descerá fogo do
céu e os devorará. Ap. 20:8-10.
O salmista Davi, escrevendo sobre este assunto, disse o
seguinte no salmo 11:6:
“Sobre os ímpios
fará chover laços, fogo, enxofre, e vento tempestuoso: eis a porção
do seu corpo”.
Podemos também, corretamente, traduzir este salmo assim:
“... eis a recompensa
do seu corpo”.
Este será o juízo executivo.
O apóstolo Pedro esclareceu ainda mais esta verdade ao
escrever:
“Mas os céus e a Terra que agora existem pela mesma palavra se reservam
como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo,
e da perdição dos homens ímpios”. II Pedro 3:7.
Notemos bem que o apóstolo relaciona o dia do juízo com a
destruição da Terra pelo fogo juntamente som os ímpios. Este não pode ser de
forma alguma um juízo de investigação, nem o juízo que Cristo exercerá em Sua
segunda vinda, pois nestas ocasiões a Terra não será ainda queimada com fogo
como se acha registrado neste juízo ao qual Pedro se refere.
Sim, a palavra de Deus faz referência a quatro fases do
juízo, a saber: O investigativo que tem lugar antes da segunda vinda de Cristo,
o vindicativo que ocorrerá no Céu durante mil anos enquanto a Terra está vazia,
realizado pelos salvos, o retributivo que terá lugar na vinda de Cristo, e o
executivo, que acontecerá na destruição final dos ímpios pelo fogo.
Não podemos confundir estas quatro fases do juízo. Alguns
cometem este erro citando textos da Bíblia que mencionam um juízo no futuro e
pensam tratar-se do juízo que decidirá cada caso para a vida ou para a morte. Porém,
este juízo ocorre em nossos dias e por isto devemos vigiar, pois quando Jesus
voltar Ele virá já com o resultado ou com a sentença desse juízo que se passa no santuário celestial,
onde aceita-se nomes e rejeita-se nomes.
Devemos lembrar que, para os Israelitas, o dia da expiação
significava o “dia de juízo”, pois neste dia Deus julgava seu povo, escolhendo
se os pecados seriam ou não removidos do santuário.
O dia antitípico da expiação, ou seja, a realidade daquela
cerimonia judicial expiatória do Antigo Testamento, é a obra que Jesus está realizando
no lugar santíssimo do santuário celestial desde 1844, decidindo se os pecados
permanecem ou não nos registros celestiais.
“De tudo o que se
tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os Seus mandamentos; porque este é o
dever de todo o homem. Porque Deus há de
trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom
ou mal”. Ecl. 12:13,14.
Continua...
cristiano_souza7@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário