sexta-feira, 22 de abril de 2022

Será a Igreja de Deus a primeira a sentir o golpe de Sua ira? (Um estudo sobre Ezequiel 9).

 

"O problema maior não está nas abominações que se


comete no meio da igreja, mas nas abominações que


 igreja comete." 



“Então me gritou aos ouvidos com grande voz, dizendo: Fazei chegar os intendentes da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão. E eis que vinham seis homens a caminho da porta superior, que olha para o norte, e cada um com a sua arma destruidora na mão, e entre eles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cintura; e entraram, e se puseram junto ao altar de bronze. 3 - E a glória do Deus de Israel se levantou de sobre o querubim, sobre o qual estava, indo até a entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua cintura. E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. 5 - E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa. E disse-lhes: Contaminai a casa e enchei os átrios de mortos; saí. E saíram, e feriram na cidade. Sucedeu, pois, que, havendo-os ferido, e ficando eu sozinho, caí sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor Deus! dar-se-á caso que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém? Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judá é grandíssima, e a terra se encheu de sangue e a cidade se encheu de perversidade; porque dizem: O Senhor abandonou a terra, e o Senhor não vê. Pois, também, quanto a mim, não poupará o meu olho, nem me compadecerei; sobre a cabeça deles farei recair o seu caminho. Eis que o homem que estava vestido de linho, a cuja cintura estava o tinteiro, tornou com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.” Ezequiel 9:1-11.

 

Ao contemplar as circunstâncias descritas neste capítulo, Ezequiel as aplicava ao seu próprio povo e a si mesmo. A cidade de Jerusalém é mencionada juntamente com o templo e outras circunstâncias contemporâneas do profeta. A conclusão a que Ezequiel poderia chegar, é que aquela obra de selamento


deveria ocorrer em seus dias e meio da cidade de Jerusalém. O profeta sente como se tudo estivesse relacionado à realidade dele naquela ocasião. Ele afirma:

 

“Sucedeu, pois, que, havendo-os ferido, e ficando eu sozinho, caí sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor Deus! dar-se-á caso que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?” Ezequiel 9:8.

 

Comentando aquele momento de destruição, a inspiração diz:

 

Vemos aí que a igreja - o santuário do Senhor - foi a primeira a sentir o golpe da ira de Deus. Os anciãos, aqueles a quem Deus dera grande luz, e que haviam ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo, haviam traído o seu depósito.” Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 65.

 

Pode-se perceber que o comentário da profetisa é sobre as circunstâncias que ocorreram no evento que aconteceu na visão de Ezequiel, onde as pessoas que compunham o santuário foram as primeiras a serem atingidas. Então, é usado esta verdade em uma aplicação mais contemporânea e individual, sobre alguns que são os líderes do povo:

 

“Colocaram-se no ponto de vista de que não precisamos esperar milagres e as assinaladas manifestações do poder de Deus, como nos dias da antiguidade. Os tempos mudaram. Estas palavras fortaleceram-lhes a incredulidade, e dizem: O Senhor não fará bem nem mal. É demasiado misericordioso para visitar Seu povo em juízos. Assim, paz e segurança é o grito de homens que nunca mais erguerão a voz como trombeta para mostrar ao povo de Deus suas transgressões, e à casa de Jacó os seus pecados. Esses cães mudos, que não querem ladrar, são aqueles que sentirão a justa vingança de um Deus ofendido. Homens, virgens e crianças, todos perecerão juntos.” Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 65 e 66.

 

Por que o santuário na visão de Ezequiel, não pode ser a igreja de Deus, que será a primeira a sentir o golpe de Sua ira? Existem vários motivos que nos levam a esta inescapável conclusão. Vejamos:

 

“Digo-vos, meus irmãos, que o Senhor tem um corpo organizado por cujo intermédio Ele irá operar.

Mensagens Escolhidas, vool.3, pág. 17.

 

Como a igreja de Deus organizada, por cujo meio Deus vai operar para concluir Sua obra e salvar almas, seria a primeira a sentir o golpe de Sua ira?

 

Apesar da ira de Deus atingir primeiramente os “que haviam ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo”, não se pode entender que estas pessoas infiéis estarão compondo a igreja de Deus no início das pragas. Por que se pode afirmar isso? Primeiro porque, como se pode notar, a inspiração fala dessas pessoas como tendo ocupado no passado o lugar de depositários do povo. Perceba: haviam ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo.” Veja este outro texto que transmite a mesma ideia:

 

"E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa." Ezeq. 9:1-6. A obra de destruição se inicia entre os que professaram ser os guardas espirituais do povo. Os falsos vigias são os primeiros a cair. Ninguém há de quem se compadecer ou a quem poupar. Homens, mulheres, donzelas e criancinhas perecem juntamente.” Meditações Matinais de 1977, pág. 294.


Em algum momento deixaram de ocupar tal posição de “depositários dos interesses espirituais do povo”

e de “serem os guardas espirituais” da igreja. Quando foi isso?

 

É importante lembrar que, por ocasião da chuva serôdia, período em que a obra de Deus será concluída pela Sua igreja organizada, naquele tempo, a igreja estará purificada. A sacudidura, que antecede a chuva serôdia, eliminará da igreja os “cães mudos, que não querem ladrar.”

 

Todos os que desejarem abandonar a congregação, terão oportunidade. O grande tempo do peneiramento está justamente diante de nós. Os ciumentos e os descobridores de faltas, que praticam o mal serão sacudidos para fora.” Testemunhos para a Igreja, vol. Pág. 251.

 

“A prosperidade multiplica a massa dos que professam. A adversidade expurga-os da igreja. Como uma classe, não tem o espírito firme em Deus. Saem de nós, porque não são de nós, pois quando surge tribulação ou perseguição por causa da Palavra, muitos se escandalizam.” – Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 479.

 

“E por aquele tempo a classe dos superficiais, conservadores, cuja influência tem retardado decididamente o progresso da obra, renunciará a e tomará sua posição com os fracos inimigos dela, para os quais havia muito tempo tendiam as suas simpatias.” Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 164.

 

“Não vem distante o tempo em que toda alma terá de ser provada... Por esse tempo o ouro será separado da escória, na igreja. A verdadeira piedade distinguir-se-á então claramente daquela que consiste na aparência. Muitas estrelas cujo brilho temos admirado, então se apagarão transformando-se em trevas. A palha, como nuvem, será levada pelo vento, mesmo de lugares onde vemos ricos campos de trigo.” Serviço Cristão, pág. 49.

 

“A grande questão que está tão próxima eliminará aqueles a quem Deus não designou, e Ele terá um ministério puro, leal, santificado e preparado para a chuva serôdia...” – Mensagens Escolhidas, vol.3, pág. 385.

 

“Até ao fim do tempo, a presença do Espírito deve ser encontrada com a verdadeira igreja.” – Atos dos Apóstolos, pág. 55.

 

Como um ministério puro, santificado, leal, cheio do Espírito Santo e unido em um corpo, poderia ser o mesmo santuário a receber as pragas, o golpe da ira de Deus depois de ter pregado o evangelho no mundo todo?

 

Ao contrário da igreja ser punida, a inspiração fala da igreja sendo guardada e coberta pela justiça de Cristo:

 

A Igreja de ser alimentada com o maná do Céu e guardada unicamente sob a proteção de Sua graça. Vestida com a completa armadura de luz e justiça ela entra em seu conflito final.” A Igreja Remanescente, pág. 14.

 

Não se pode pensar que em tal condição a igreja seja objeto da ira de Deus!


Veja estes outros textos:

 

“A hora mais negra da luta da igreja com os poderes do mal, é a que imediatamente precede o dia do seu livramento final. Mas ninguém que confie em Deus precisa temer; pois quando "o sopro dos opressores é como a tempestade contra o muro" Deus será para a Sua igreja como "um refúgio contra a tempestade". Isa. 25:4.” Profetas e Reis, pág. 725.

 

“Jesus vê na Terra a Sua igreja verdadeira, cuja maior ambição é com Ele cooperar na grande obra de salvar a humanidade. Ouve-lhes as orações, apresentadas em contrição e poder, e a Onipotência não lhes pode resistir aos rogos para a salvação de qualquer membro provado e tentado do corpo de Cristo. Jesus

sempre vive para interceder por nós. Por nosso Redentor, que bênçãos não poderá o verdadeiro crente receber? A igreja, prestes a entrar no seu mais duro conflito, será para Deus o objeto mais querido na Terra. A confederação do mal será estimulada com poder de baixo e Satanás lançará todo o opróbrio possível sobre os escolhidos que ele não pode enganar e iludir com suas invenções e falsidades satânicas. Mas, exaltado "a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados" (Atos 5:31), fechará Cristo, nosso Representante e Cabeça, o coração, ou encolherá Sua mão, ou falsificará Sua promessa? - Não; nunca, nunca.” Testemunhos Para Ministros, págs. 15, 16, 19 e 20.

 

Não se pode crer que este mesmo santuário, a igreja de Deus, Seu objeto mais querido na Terra” seja a primeira a sentir os efeitos das sete últimas pragas, o golpe de Sua ira. A aplicação desse evento é individualmente apenas sobre aqueles a quem Deus dera grande luz, e que haviam ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo, (e que) haviam traído o seu depósito” os quais haviam abandonado, portanto, tal posição e se retiraram da igreja por ocasião da sacudidura.

 

A igreja de Deus Permanece Organizada até o Fim.

 

Outro ponto a ser considerado e esclarecido, é a ideia equivocada de algumas pessoas que acreditam que, no fim de todas as coisas, a organização da igreja de Deus será desfeita e que os fiéis agirão independentes de organização religiosa ou independentes de qualquer igreja. Ou seja, durante a sacudidura, estes fiéis sairiam da igreja e os remanescentes de toda a Terra se uniriam sob a verdade, ficando a igreja que abandonaram, exposta assim à ira de Deus. A inspiração, porém, contradiz frontalmente esta teoria, com as seguintes palavras:

 

“Alguns tem apresentado a ideia de que, ao aproximar-nos do fim do tempo, cada filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta obra não isso de cada qual ser independente.” Mensagens Escolhidas, vol.3, pág. 26.

 

Apesar de que em um tempo muito próximo a organização da igreja de Deus não será mais reconhecida pelos governos terrestres, a mesma continuará existindo sob os olhos de Deus e de Seu povo:

 

“Sei que o Senhor ama Sua igreja. Ela não deve ser desorganizada ou esfacelada em átomos independentes. Não há nisto a mínima coerência; não existe a mínima evidência de que tal coisa venha a se dar.” Eventos Finais, pág. 46.


“Deus tem na Terra uma igreja que é Seu povo escolhido, que guarda Seus mandamentos. Ele está guiando não ramificações transviadas, não um aqui e outro ali, mas um povo.” – Testemunhos para a Igreja. Vol.1, pág. 207.

 

A ideia ou ensinamento de que, no tempo da sacudidura, vai sair da igreja - que guarda os mandamentos de Deus - um remanescente para concluir a obra, é uma ideia que procede de Satanás:

 

“Tomais passagens dos Testemunhos que falam do fim do tempo da graça, da sacudidura do povo de Deus, e falais da saída dentre esse povo de um outro povo mais puro, santo, que surgirá. Ora, tudo isso agrada ao inimigo.” Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 179.

 

Voltando ao texto de Ezequiel 9, a única forma de harmonizarmos esta questão, portanto, é entendermos que a inspiração faz uso de um texto aplicado ao santuário nos dias de Ezequiel para representar aqueles entre o povo de Deus que “haviam ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo, (e que) haviam traído o seu depósito... Esses cães mudos, que não querem ladrar, são aqueles que sentirão a justa vingança de um Deus ofendido. Homens, virgens e crianças, todos perecerão juntos.”

 

Ao terem se retirado da igreja, por ocasião da sacudidura, estarão perdidos e serão então os primeiros a sentirem o golpe da ira de Deus.

 

O Tempo do Selamento e o Livramento da Igreja.

 

Sabemos também que os acontecimentos no capítulo 9 de Ezequiel são proféticos. Essa visão de Ezequiel encontra seu paralelo em Apocalipse 7, onde a mesma obra de assinalamento é mostrada. Em Apocalipse 7, porém, é mencionada esta obra ocorrendo não apenas em Jerusalém, mas entre as doze tribos de Israel espalhadas no mundo, indicando uma aplicação mais ampla e vasta da visão de Ezequiel. No tempo da visão de Ezequiel e do Apóstolo João, mencionando a mesma obra do selamento, as doze tribos de Israel já não mais existiam. Essa profecia, deve assim, ter uma aplicação futura mais ampla dos eventos nela descritos, do que poderiam ocorrer nos dias de Ezequiel e João.

 

Mostrando uma obra de selamento mundial, em Apocalipse 7, lemos:

 

“E, depois destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o   poder   de   danificar   a   terra   e   o   mar, dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado na testa os servos do nosso Deus. “E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. Apocalipse 7:1-4.

 

Neste texto acrescenta-se também outro ponto importante, não encontrado em Ezequiel: o número dos que são selados. Na visão de Ezequiel - assim como Elias (I Reis 19:14;18) ele tem a sensação de ter ficado sozinho (Ezequiel 9:8), mas em Apocalipse 7, lemos de 144.000 que não dobram os joelhos a Baal. A inspiração afirma, mostrando a relação da obra do selamento com a certeza da proteção Divina sobre a igreja:


Esse selamento dos servos de Deus é o mesmo que foi mostrado em visão a Ezequiel. João também

fora testemunha dessa tão assustadora revelação.” Testemunhos para Ministros, pág. 445.

 

“São João vê os elementos da natureza - terremoto, tempestade, e lutas políticas - representados como sendo retidos por quatro anjos. Esses ventos estão sendo controlados, até que Deus a ordem para serem soltos. Nisto está a segurança da igreja de Deus. Os anjos de Deus obedecem às Suas ordens, controlando os ventos da Terra, para que não soprem sobre a Terra, nem no mar, nem nas árvores, até que os servos de Deus sejam assinalados na fronte. O poderoso anjo é visto subindo do Oriente (ou nascente do Sol). O mais poderoso dos anjos tem na mão o selo do Deus vivo, ou dAquele que é o único que pode dar a vida, que pode gravar nas frontes o sinal ou inscrição, dizendo a quem será concedida a imortalidade, a vida eterna. É a voz desse mais elevado dos anjos que tem autoridade para ordenar aos quatro anjos que segurem os quatro ventos até que se realize esta obra, e até que ele ordene que os soltem.” Testemunhos para Ministros, pág. 444.

 

Assim, portanto, as profecias e as informações nelas encontradas se somam. A revelação de Deus a Seu povo é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais (Provérbios 4:18). Desta forma, sabemos que essa profecia do selamento ou assinalamento tem um cumprimento após 1844 e não nos dias de Ezequiel ou do Apóstolo João:

 

“Esta porta não foi aberta até que a mediação de Jesus no lugar santo do santuário terminou em 1844... Vi que a presente prova do sábado não poderia vir até que a mediação de Jesus no lugar santo terminasse e Ele passasse para dentro do segundo véu; portanto os cristãos que dormiram antes que a porta fosse aberta no santíssimo, quando terminou o clamor da meia-noite no sétimo mês, em 1844, e que não haviam guardado o verdadeiro sábado, agora repousam em esperança, pois não tiveram a luz e o teste sobre o sábado que nós agora temos, uma vez que a porta foi aberta    Satanás está agora usando cada artifício neste tempo de selamento a fim de desviar a mente do povo de Deus da verdade presente e levá-los a vacilar. Vi que Deus estava estendendo uma cobertura sobre o Seu povo a fim de protegê-lo no tempo de angústia; e que cada alma que se decidia pela verdade e era pura de coração devia ser coberta com a proteção do Todo-poderoso   Satanás estava procurando lançar mão de todas as suas artes a fim de

mantê-los onde estavam, até que o selamento passasse, até que a proteção fosse tirada de sobre o povo de Deus e este ficasse desprotegido da ardente ira de Deus nas sete últimas pragas. Deus está começando a estender a cobertura sobre o Seu povo, e ela logo será estendida sobre todos os que devem ter um abrigo no dia da matança.” Primeiros Escritos, págs. 43 e 44.

 

A matança mencionada no final do texto é uma referência à visão de Ezequiel 9, onde serão mortos

“velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los.”

 

No texto acima, vemos quando Deus começou a estender este sinal ou “cobertura sobre o Seu povo, a Sua igreja, Seu Santuário, a fim de protegê-lo no tempo de angústia” e da matança, foi após Jesus passar do lugar santo para o santíssimo em 1844 e a prova do sábado começasse a vigorar.

 

“Nossos pioneiros viram o tempo da expiação final (de 1844 até o fim do tempo da graça) como o tempo do selamento. E divisaram a mensagem que pregavam, convidando o povo a prestar obediência a todos os mandamentos de Deus, como a mensagem do selamento.” – Revista Adventista semana de Oração 5-12 de Outubro de 1988.


“O tempo do selamento é muito curto, e logo passará. Agora, enquanto os quatro anjos estão contendo os ventos, é o tempo de fazer firme a nossa vocação e eleição.” White, E. G. Primeiros Escritos, pg. 58.

 

As Abominações.


 Um ponto que tem trazido também alguns questionamentos, é que na visão de Ezequiel, a obra do selamento, assim como a obra de destruição, ocorre em Jerusalém, e, tomando Jerusalém como símbolo de igreja, se conclui que a igreja, na qual ocorre o selamento, é a mesma na qual se cometem as abominações, e que, por isso, acaba recebendo as pragas ou o golpe da ira de Deus. Já vimos que esta conclusão contradiz diversos textos da inspiração. Mas tal ideia deriva do entendimento do seguinte texto:

 

“Notai cuidadosamente este ponto: Os que receberem o puro sinal da verdade, neles gravado pelo poder do Espírito Santo, representado pelo sinal feito pelo homem vestido de linho, são os que, "suspiram e gemem por todas as abominações que se cometem" (Ezeq. 9:4) na igreja.” - Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 336.

 

Logicamente, a igreja de Deus durante todo o tempo teve que lutar contra abominações. Isso não significa, no entanto, que a igreja aceita e convive tranquilamente com tais abominações e pecados em seu meio.

 

A igreja verá ainda dias trabalhosos. Profetizará vestida de saco. Mas se bem que tenha de enfrentar heresias e perseguições, embora tenha de combater contra infiéis e apóstatas, pelo auxílio de Deus, ainda ela está esmagando a cabeça de Satanás.” Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 590.

 

Note que a igreja de Deus enfrenta as heresias e combate contra infiéis e apóstatas, e, nesta luta, ela tem saído vitoriosa, tem esmagado a cabeça de Satanás. As abominações na igreja podem surgir, mas a igreja, além de gemer e suspirar por esses tristes eventos, combate o pecado e a abominação, eliminando-a de seu meio. Por esse motivo é que em diversos textos a igreja de Deus é apresentada sendo a igreja militante, ou seja, aquela que milita, que luta. O verbo “militar” tem exatamente esse sentido, a saber, “combater, lutar.” https://dicionario.priberam.org/militar

 

O problema maior não está nas abominações que se comete no meio da igreja, mas nas abominações que a igreja comete. E o que ocorre com as organizações que não são de Deus, é justamente as abominações que estas igrejas cometem em suas alianças com o mundo.

 

A igreja militante luta contra a apostasia e a abominação e não vê lógica alguma em usar o pecado ou abominações como argumento de legitimidade eclesiástica! Alguns têm feito uso equivocado de Ezequiel 9, dizendo que Jerusalém representa a igreja, na qual são cometidas abominações, com o objetivo de tentarem assim, justificar uma igreja apostatada e unida ao mundo. Mas as abominações cometidas na igreja, jamais deveriam ser usadas como um distintivo da igreja! A igreja de Deus tem como característica e distinção a guarda dos mandamentos e a de Jesus e não por praticar abominações:

 

“Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apocalipse 14:12.

É contra uma igreja que é fiel aos mandamentos de Deus, que Satanás está irado, e não contra uma organização que comete e pratica abominações:

 

“E o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.” Apocalipse 12:17.

 

Como Deus tiraria um povo das abominações do mundo para coloca-lo na igreja onde teria que enfrentar estas mesmas abominações?

 

Deus está tirando Seu povo das abominações do mundo, a fim de que guardem Sua lei; e, por causa disto, a ira do "acusador de nossos irmãos" não tem limites. "O diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo." Apoc. 12:10 e 12. A terra antitípica da promessa está precisamente diante de nós, e Satanás está resolvido a destruir o povo de Deus, e separá-lo de sua herança. O aviso: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação" (Mar. 14:38), nunca foi mais necessário do que hoje.” Patriarcas e Profetas, pág. 689.

 

No caso de pecados e abominações declaradas na igreja, a inspiração mostra o caminho a ser seguido para que o desagrado de Deus não fique sobre a igreja:

 

“Ora, se teu irmão pecar contra ti vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir ganhaste a teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar à igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo que desligardes na Terra, terá sido desligado no Céu." Mateus 18:15-18.”

 

Como um povo que professa ser reformador, de posse das mais solenes e purificadoras verdades da Palavra de Deus, devemos elevar a norma, muito mais do que está acontecendo agora. Deve-se tratar prontamente com o pecado e os pecadores na igreja, para que outros não sejam contaminados. A verdade e a pureza exigem que façamos uma obra completa para purificar o acampamento de Acãs. Que os que ocupam posições de responsabilidade não sofram pecado num irmão. Mostrai-lhe que ele, ou tira o seu pecado, ou é separado da igreja.” Testemunhos para a Igreja, vol. 5, págs. 141-147.

 

Sejam os filhos do engano e falso testemunho agasalhados por uma igreja que tem tido grande luz, grande evidência, e essa igreja desfar-se-á da mensagem que o Senhor lhe enviou e acolherá as mais desarrazoadas afirmações, e falsas suposições, e falsas teorias. Satanás ri-se de sua loucura; pois ele sabe o que é a verdade.” - Testemunhos para Ministros, pág. 409.

 

Uma igreja que agasalha os filhos do engano, que cometem as abominações, que se desapossa assim da mensagem que o Senhor enviou, não pode ser a mesma igreja militante que está lutando contra o pecado e que será purificada na sacudidura para concluir a obra de Deus.

 

A aplicação da visão de Ezequiel, onde Jerusalém representa a igreja, é bastante restrita. Existe uma aplicação de Jerusalém mais ampla, representando o mundo, e, neste caso, as abominações cometidas são as que são praticadas de forma mais plena e completa no mundo, e não na igreja. Lembre-se que a obra do selamento apresentada em Ezequiel 9 em verdade não ocorre apenas em Jerusalém, mas em toda a Terra.

“E, depois destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.” Apocalipse 7:1.

 

“O povo de Deus suspira e geme pelas abominações cometidas na Terra. Com lágrimas advertem os ímpios de seu perigo em pisar a pés a lei divina, e com indescritível pesar humilham-se perante o Senhor, por causa de suas próprias transgressões... Enquanto Satanás instava com suas acusações, santos anjos, invisíveis, passavam para e para lá, colocando sobre eles o selo do Deus vivo.” White, E. G. Meditações Matinais de 1977, pg. 211.

 

Perceba como a inspiração menciona a obra do selamento em conexão com as abominações que são cometidas na Terra:

 

“Sentimo-nos deprimidos, muito deprimidos, ao contemplarmos o mundo e sua impiedade. O mundo professamente cristão acha-se envolto nas trevas que cobrem a Terra. Suspiramos e choramos pelas abominações que se praticam. Por que será que toda essa impiedade não irrompe em decidida violência contra a justiça e a verdade? É porque os quatro anjos estão retendo os quatro ventos, para que não soprem sobre a Terra. Mas as paixões humanas estão alcançando um alto nível, e o Espírito do Senhor está sendo retirado da Terra. Não fosse haver Deus ordenado que instrumentos angélicos controlassem os instrumentos satânicos que lutam por soltar-se e destruir, e não haveria esperança. Mas os ventos serão detidos até que os servos de Deus estejam selados na fronte.” – Meditações Matinais de 1968, pág. 96.

 

“No tempo do fim o povo de Deus suspirará e chorará por causa das abominações que se fazem na Terra.”

Profetas e Reis, pág. 590.

 

“Se sois realmente cristãos, haveis de sentir-vos mais inclinados a entristecer-vos por causa das trevas morais que há no mundo do que a condescender com a leviandade e o orgulho no vestuário. Achar-vos- eis entre os que choram e gemem por causa das abominações que se fazem na Terra.” Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 355.

 

“O dia da vingança de Deus está precisamente diante de nós. O selo de Deus será colocado somente na testa daqueles que suspiram e clamam por causa das abominações cometidas na Terra. Aqueles que se ligam ao mundo por laços de simpatia, estão comendo e bebendo com os ébrios, e certamente serão destruídos com os que praticam a iniqüidade. "Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males." I Ped. 3:12.” Testemunhos Seletos, vol.2, pág. 67.

 

Percebeu quantos textos mencionando que as abominações são cometidas na Terra? Assim, temos uma visão mais geral e ampla de Ezequiel 9.

Não somente na visão de Ezequiel Jerusalém é utilizada para representar o mundo, mas em diversos momentos a cidade é usada como símbolo do mundo e não da igreja.

Nos dias de Ezequiel, como vimos, Jerusalém foi mencionada para representar as abominações cometidas no mundo e a destruição pronunciada sobre a cidade representando a destruição final onde os que não receberem o sinal de Deus serão destruídos: 

“Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis.” Ezequiel 9:6.

 

Somente os que tem o selo do Deus vivo, serão abrigados da tempestade de ira que brevemente

cairá sobre a cabeça dos rejeitaram a verdade.” Present Truth, Setembro 1849.

 

“Os que hão de receber o selo do Deus vivo, e ser protegidos, no tempo de angústia,..” Meditações Matinais de 1977, pg. 240.

 

Nos dias de Jesus, o Salvador usou mais uma vez Jerusalém como símbolo do mundo:

“As lágrimas que Cristo derramou no Monte das Oliveiras, ao contemplar a cidade escolhida, não eram somente por Jerusalém. No destino de Jerusalém, viu a destruição do mundo.” – Parábolas de Jesus, pág. 302.

 

“As advertências que Cristo deu a Jerusalém não se limitavam a eles só. Os juízos sobre Jerusalém eram um símbolo dos acontecimentos da vinda de Cristo para julgar no último dia, quando diante dEle se reunirão todas as nações.” Testemunhos para Ministros, pág. 232.

 

Cristo viu em Jerusalém um símbolo do mundo endurecido na incredulidade e rebelião, e apressando- se ao encontro dos juízos retribuidores de Deus. As desgraças de uma raça decaída, oprimindo-Lhe a alma, arrancavam de Seus lábios aquele clamor extremamente amargurado.” O Grande Conflito, pág, 22.

 

“A profecia do Salvador relativa aos juízos que deveriam cair sobre Jerusalém há de ter outro cumprimento, do qual aquela terrível desolação não foi senão tênue sombra. Na sorte da cidade escolhida podemos contemplar a condenação de um mundo que rejeitou a misericórdia de Deus e calcou a pés a Sua lei. Tenebrosos são os registros da miséria humana que a Terra tem testemunhado durante seus longos séculos de crime.” O Grande Conflito, pág. 36.

 

Em Jerusalém contemplou Jesus um símbolo do mundo que Lhe rejeitara e desprezara a graça.” – O Maior Discurso de Cristo, pág. 151.

 

Nitidamente essa é a aplicação mais ampla e correta das abominações cometidas em Jerusalém e recebendo o justo castigo Divino.

 

As abominações do Mundo x Abominações na Igreja.

Não se pode, contudo, ignorar uma aplicação mais restrita que a inspiração faz de Jerusalém como símbolo da igreja. Porém, é necessário também fazer uma distinção entre as abominações cometidas na igreja de Deus, com as abominações cometidas na terra. Não podem ser as mesmas abominações. As abominações cometidas na Terra e os pecados declarados trazem o desfavor, a rejeição e condenação de um Deus zeloso.

“E não andeis nos estatutos da gente que eu lanço fora de diante da vossa face, porque fizeram todas estas coisas; portanto, fui enfadado deles.” Levítico 20:23.

 

“Ele nos mostra que, quando Seu povo se encontra em pecado, devem-se tomar imediatamente medidas positivas para tirar esse pecado do meio deles, a fim de que Seu desagrado não fique sobre todos.” – Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 334.

 

Existem, no entanto abominações que as vezes passam despercebidas pela maioria dos olhos humanos e, quando muito, são discernidas por alguns, mas que, apesar de trazerem tristeza e angústia por serem muitas vezes cometidas na igreja, nem sempre é possível acabar decididamente com estes pecados:

 

“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável. Provérbios 28:9.

 

Todos os métodos egoístas no serviço de Deus, são uma abominação aos Seus olhos.” – Conselhos sobre Educação, pág. 137.

 

“Não prometais uma porção ao Senhor e então dela vos aproprieis para o vosso próprio uso, a fim de que as vossas orações para Ele não se tornem uma abominação. É a negligência desses deveres claramente revelados que traz trevas sobre a igreja.” – Review and Herald, 17 de dezembro de 1889.

 

A hipocrisia é para Ele uma abominação. O seguidor de Cristo deve andar pela fé, como quem vê o invisível. Cristo será seu mais caro tesouro, seu todo em tudo.” Meditações Matinais de 1974, pág. 269.

 

O egoísmo é abominação à vista de Deus e dos santos anjos. Por causa deste pecado muitos têm deixado de alcançar o bem que estão capacitados a desfrutar. Olham com olhos egoístas para suas próprias coisas, e não amam nem buscam o interesse de outros como os seus próprios.” – Testemunhos para a Igreja, vol. 2, págs. 550 e 551.

 

Lábios mentirosos são-Lhe uma abominação. Ele declara que na cidade santa "não entrará ... coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira". Apoc. 21:27. Seja a verdade dita sem disfarces nem frouxidão.” Atos dos Apóstolos, pág. 76.

 

“Uma religião legal nunca poderá conduzir almas a Cristo; pois é destituída de amor e de Cristo. Jejuar ou orar quando imbuídos de um espírito de justificação própria, é uma abominação aos olhos de Deus. A solene assembleia para o culto, a rotina das cerimônias religiosas, a humilhação externa, o sacrifício imposto, mostram que o que pratica essas coisas se considera justo, e com títulos ao Céu, mas tudo é engano. Nossas próprias obras jamais poderão comprar a salvação.” Desejado de Todas as Nações pág. 280.

 

“Por toda parte se vê o seu rastro viscoso. Cria o descontentamento e a dissensão nas famílias; provoca a inveja e ódio dos pobres contra os ricos; inspira a opressão cruel do rico ao pobre. E este mal não existe somente no mundo, mas na igreja também. Quão comum é achar mesmo ali o egoísmo, a avareza, a ganância, a negligência da caridade, e o roubo a Deus "nos dízimos e ofertas"! Entre membros da igreja, considerados idôneos e cumpridores do dever existem, triste é dizer, muitos Acãs! Muito homem vem majestosamente à igreja, e senta-se à mesa do Senhor, enquanto entre as suas posses se acham ocultos

lucros ilícitos, coisas que Deus amaldiçoou.” Patriarcas e Profetas, pág. 497.

 

“Algumas pessoas parecem pensar que ao entrar na igreja ser-lhes-ão cumpridas as expectativas, e só encontrarão os que são puros e perfeitos. São zelosas na fé, e ao verem faltas nos membros da igreja, dizem: "Abandonamos o mundo para não nos associarmos com pessoas de mau caráter, mas aqui também está o mal"; e perguntam, como os servos da parábola: "Por que tem, então joio?" Mat. 13:27. Mas não precisamos ficar assim desapontados, pois o Senhor não nos autorizou a chegar à conclusão de que a igreja é perfeita; e todo o nosso zelo não terá êxito em tornar a igreja militante tão pura como a igreja triunfante. O Senhor nos proíbe proceder de qualquer maneira violenta contra aqueles que julgamos estarem em erro, e não devemos espalhar excomunhões e denúncias contra os que estão em falta.” Testemunhos para Ministros, pág. 47.

 

Apesar de muitos erros trazerem tristeza ao povo de Deus,

 

“O verdadeiro caráter desses pretensos crentes não é plenamente manifesto– Parábolas de Jesus, pág. 72.

 

E esse fato muitas vezes dificulta uma ação de disciplina eclesiástica. A inspiração adverte:

 

“Se tentássemos desarraigar da igreja os que supomos serem cristãos espúrios, certamente cometeríamos

erro.” Parábolas de Jesus, pág. 71.

 

Certamente muitas dessas abominações infelizmente irão existir na igreja, as vezes cobertas com um manto de religião. Mas pelo fato de a inspiração mencionar que podem existir tais abominações na igreja, isso não deve ser desculpa para que na igreja sejam toleradas e mantidas todas as espécies de abominações e pecados.

 

Veja algumas abominações que jamais podem estar dentro da igreja:

 

A teoria do tormento eterno é uma das falsas doutrinas que constituem o vinho das abominações de

Babilônia. O Grande Conflito, pág. 536.

 

Poderia a igreja adotar ou tolerar a doutrina do tormento eterno com a desculpa de que na igreja devem existir abominações?

 

Se nos desviamos do testemunho da Palavra de Deus, aceitando falsas doutrinas porque nossos pais as ensinaram, caímos sob a condenação pronunciada sobre Babilônia; estamos a beber do vinho de suas abominações.” O Grande Conflito, pág. 536.

 

A igreja cristã apostatada, poderia citar Ezequiel 9, como prova de que as abominações mencionadas pelo profeta, estavam identificando a igreja durante o processo de união com o paganismo, a fim de com isso dar legitimidade à sua causa? Não, jamais! Veja:

 

“Foi necessária uma luta desesperada por parte daqueles que desejavam ser fiéis, permanecendo firmes

contra os enganos e abominações que se disfarçavam sob as vestes sacerdotais e se introduziam na igreja. A Escritura Sagrada não era aceita como a norma de fé. A doutrina da liberdade religiosa era

chamada heresia, sendo odiados e proscritos seus mantenedores.” História da Redenção, pág. 324.

 

Uma conclusão totalmente equivocada poderia levar estes fiéis, com base em Ezequiel 9, acharem que a profecia de Ezequiel 9, dava autenticidade à causa daquela igreja apostatada e unida ao mundo, pelo fato de Ezequiel mencionar que, em Jerusalém, se cometem abominações, e que cabe aos fiéis apenas gemer e suspirar?

 

O costume de tratar com os espíritos familiares foi denunciado como abominação ao Senhor, e solenemente proibido sob pena de morte (Lev. 19:31; 20:27). O próprio nome de feitiçaria é hoje tido em desdém. A pretensão de que os homens podem entreter comunicações com os espíritos maus é considerada como fábula da Idade Média.” O Grande Conflito, pág. 556.

 

Logicamente tal abominação jamais deve estar no meio da igreja de Deus.

 

“Vi que, havendo Jesus deixado o lugar santo e entrado para dentro do segundo véu, as igrejas têm-se tornado esconderijo de toda espécie de ave imunda e detestável. Vi nas igrejas grande iniqüidade e vileza; contudo, os seus membros professam ser cristãos. Sua profissão, suas orações e exortações constituem uma abominação aos olhos de Deus. Disse o anjo: "Deus não Se agradará de suas assembleias. Egoísmo, mentira e engano são por eles praticados sem reprovações da consciência. E sobre todos esses maus traços lançam o manto da religião." Foi-me mostrado o orgulho das igrejas nominais. Deus não está em seus pensamentos; sua mente carnal demora-se neles mesmos; decoram os seus pobres corpos mortais, e olham então para si mesmos com satisfação e prazer. Jesus e os anjos olham para eles com ira. Disse o anjo: "Seus pecados e orgulho alcançaram o Céu. Sua porção está preparada. Justiça e juízo têm dormido por muito tempo, mas despertarão logo. Minha é a vingança, e Eu darei a retribuição, diz o Senhor." Primeiros Escritos, pág. 274.

 

Os fiéis dentro das igrejas protestantes apostatadas, poderiam usar tais abominações como prova de serem a igreja onde ocorre o selamento, mesmo porque existem também fiéis gemendo e suspirando por causa desses pecados e abominações que atraem a ira de Jesus e dos anjos?

 

É fato que a igreja sempre lutou para manter o mundo fora de suas portas. A igreja sabe que a união com o mundo e suas abominações coloca a igreja em inimizade direta contra Deus (Tiago 4:4). O povo do Advento se manteve livre das formas mais temíveis de abominações por um tempo. Mas depois houve uma triste mudança. Falando da igreja Adventista, a irmã White escreveu:

 

“Quando estudo as Escrituras, fico alarmada por causa do Israel de Deus nestes últimos dias. São exortados a fugir da idolatria. Receio que estejam adormecidos, e tão conformados com o mundo que seria difícil discernir entre o que serve a Deus e o que O não serve. Está aumentando a distância entre Cristo e Seu povo, e diminuindo entre eles e o mundo. Os sinais distintivos entre o professo povo de Cristo e o mundo quase que desapareceram. Como o Israel de outrora, seguem as abominações das nações que os cercam.” Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 277.

 

Alguns pontos importantes:

 

1   – Problemas de apostasia que estavam levedando a igreja Adventista não eram pecados comuns enfrentados pela igreja ao longo de sua história desde o início do mundo. A inspiração menciona que, na igreja, estava penetrando as abominações das nações.” E isso é muito grave. Lembre-se do texto: E não andeis nos estatutos da gente que eu lanço fora de diante da vossa face, porque fizeram todas estas coisas; portanto, fui enfadado deles.” Levítico 20:23.

 

2  Nitidamente a igreja passou por um período onde não tinha dentro de si as abominações das nações. Estava então descaracterizada a igreja, como a igreja de Deus, neste tempo onde deveria haver, segundo alguns, as abominações pelas quais os fiéis gemem e suspiram?

 

3   – Claramente irmã White, ao escrever este texto, se coloca entre os féis que estavam gemendo e suspirando pelas abominações que estavam penetrando na igreja. Mas as abominações mencionadas pela profetisa, não eram quase nada comparadas à presente situação existente na mesma organização atualmente! Note que, nas palavras da serva do Senhor, estava apenas ficando difícil discernir um adventista de um mundano, hoje isso é impossível! Naquele tempo, estava apenas “aumentando a distância entre Cristo e Seu povo”, atualmente esse distanciamento se tornou astronômico e irreversível. Nos dias da profetisa os “sinais distintivos entre o professo povo de Cristo e o mundo (haviam) quase que (desaparecidos)”, mais de 150 anos depois, estes sinais muito que desapareceram.

 

Isso tudo sem mencionar o fato de que naquele tempo, os valores morais da sociedade eram melhores do que os existentes atualmente, o que poderia tornar uma comparação do mundo com a igreja não muito distinta. Hoje, a igreja assimilou totalmente o mundo em um estado imoral imensamente mais rebaixado e deplorável, perdendo sua característica como igreja de Deus. Um exemplo disse, é o estilo de vestuário usado nos dias da irmã White. Apesar do vestuário usado no mundo naqueles dias ser um vestuário bastante modesto, comparado com o atual, o fato da igreja ter estado inclinada a usar o mesmo vestuário, trouxe dezenas de reprovações por parte da profetisa:

 

“Se sois realmente cristãos, haveis de sentir-vos mais inclinados a entristecer-vos por causa das trevas morais que há no mundo do que a condescender com a leviandade e o orgulho no vestuário. Achar-vos- eis entre os que choram e gemem por causa das abominações que se fazem na Terra.” – Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 355.

 

Existem muitas outras abominações que podem separar definitivamente um povo de Seu Deus.

 

“Há uma crescente tendência de as mulheres adotarem em seu vestuário e aparência tão semelhantes ao outro sexo quanto possível e de confeccionarem seu vestuário muito semelhante ao do homem, mas Deus declara que isso é uma abominação. "Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia." I Tim. 2:9. Orientação da Criança, pág. 427.

 

O que diria a irmã White nos dias de hoje, caso visse a forma como os que se dizem cristãos se vestem atualmente? Pensaria ela que assim deve ser, pois abominações devem existir na igreja? Ou diária ela:

 

Vocês pensam que Deus receberá, honrará e reconhecerá um povo tão misturado com o mundo

que apenas difere dele no nome?” White, Ellen G. Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 287.

 

“Jesus está para vir; encontrará Ele um povo em harmonia com o mundo? E reconhecê-lo-á Ele como Seu povo, que purificou para Si? Oh! Não. Ninguém senão os puros e santos há de Ele reconhecer como Seus. Os que foram purificados e branqueados por meio do sofrimento, e se mantiveram separados, imaculados do mundo, receberá como Seus” Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 287.

 

Estes textos acima, transmitem uma mensagem bem diferente, daquela que faz uso do texto de Ezequiel

9 em conexão com os pecados existentes na igreja, para tentar justificar assim uma apostasia denominacional.

 

4 – Por seguir as abominações de outras nações, Israel foi rejeitado, e a igreja Adventista deveria ter ficado atenta ao fato de que “se Deus não poupou os ramos naturais, teme que te não poupe a ti também.” Romanos 11:21.

 

“O Senhor diz: "Deixaria Eu de castigar estas coisas?" Jer. 5:9. Por não haverem cumprido o propósito de Deus, os filhos de Israel foram abandonados e o convite divino foi estendido a outros povos. Se estes (Os adventistas) também se provarem infiéis, não serão da mesma maneira rejeitados?” Parábolas de Jesus, pág. 304.

 

O capítulo 9 de Ezequiel fala de destruição e castigo, especialmente para aqueles que viraram ou que estão virando as costas para a verdade, os quais não cumpriram ou que não estão realizando a missão para qual foram chamados. Por outro lado, este capítulo não trata apenas de destruição ou de uma calamidade que traz a morte para aqueles que tiveram luz e conhecimento, mas que não foram fiéis a este santo legado. Este texto fala também de salvação, de graça e misericórdia para os que tiverem o selo de Deus na testa. Pois,

 

“O dia da ira para os inimigos de Deus é o dia de final livramento para a Sua igreja.” Profetas e Reis, pág. 727.

 

Amém!

 

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