"O problema maior não está nas abominações que se
comete no meio da igreja, mas nas abominações que
a igreja comete."
“Então me gritou aos ouvidos
com grande voz, dizendo: Fazei chegar os intendentes da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão. E
eis que vinham seis homens a caminho da porta superior, que olha para o norte, e cada um com a sua arma destruidora na mão, e entre eles um homem vestido de linho, com um tinteiro
de escrivão à sua cintura;
e entraram, e se puseram
junto ao altar
de bronze. 3 - E a glória
do Deus de Israel se levantou de sobre o querubim, sobre o qual estava,
indo até a entrada da casa; e clamou
ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua cintura. E
disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio
da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens
que suspiram e que gemem por causa de
todas as abominações que se cometem no meio dela. 5 - E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade
após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, jovens,
virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não
vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais
velhos que estavam diante da casa. E
disse-lhes: Contaminai a casa e enchei os átrios de mortos; saí. E saíram, e
feriram na cidade. Sucedeu, pois, que, havendo-os ferido, e
ficando eu sozinho, caí sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor
Deus! dar-se-á caso que destruas
todo o restante de Israel,
derramando a tua indignação sobre Jerusalém? Então me disse:
A maldade da casa de Israel e de Judá é grandíssima, e a terra
se encheu de sangue e a cidade se encheu de
perversidade; porque dizem: O Senhor abandonou a terra, e o Senhor não vê. Pois,
também, quanto a mim, não poupará o meu olho,
nem me compadecerei; sobre a cabeça deles
farei recair o seu caminho. Eis que o homem que estava vestido de linho,
a cuja cintura estava o tinteiro, tornou
com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.” –
Ezequiel 9:1-11.
Ao contemplar as circunstâncias descritas neste capítulo,
Ezequiel as aplicava ao seu próprio povo e a
si mesmo. A cidade de Jerusalém é mencionada juntamente com o templo e
outras circunstâncias contemporâneas do profeta. A conclusão a que Ezequiel
poderia chegar, é que aquela obra de selamento
deveria ocorrer em seus dias e meio da cidade de Jerusalém.
O profeta sente como se tudo estivesse relacionado à realidade dele naquela ocasião. Ele afirma:
“Sucedeu, pois, que, havendo-os ferido, e ficando eu sozinho, caí sobre a minha face,
e clamei, e disse: Ah! Senhor
Deus! dar-se-á caso que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua
indignação sobre Jerusalém?” – Ezequiel 9:8.
Comentando aquele
momento de destruição, a inspiração diz:
“Vemos aí que a igreja - o santuário do Senhor - foi a primeira a sentir
o golpe da ira de Deus. Os anciãos,
aqueles a quem Deus dera grande luz, e que haviam
ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo, haviam traído
o seu depósito.” – Testemunhos Seletos, vol. 2, págs.
65.
Pode-se perceber que o comentário da profetisa é sobre as circunstâncias que ocorreram no evento que aconteceu
na visão de Ezequiel, onde as pessoas que compunham o santuário foram as
primeiras a serem atingidas. Então, é usado esta verdade em uma aplicação mais contemporânea e individual, sobre
alguns que são os líderes do povo:
“Colocaram-se no ponto de
vista de que não precisamos esperar milagres e as assinaladas manifestações do poder de Deus, como nos dias da antiguidade. Os tempos mudaram.
Estas palavras fortaleceram-lhes a incredulidade, e dizem: O Senhor não fará bem nem mal. É demasiado misericordioso para visitar Seu povo em juízos. Assim,
paz e segurança é o grito de homens que nunca mais erguerão a voz como trombeta para mostrar
ao povo de Deus suas transgressões, e à casa de Jacó os seus pecados. Esses
cães mudos, que não querem
ladrar, são aqueles que sentirão a justa vingança
de um Deus ofendido. Homens,
virgens e crianças,
todos perecerão juntos.” – Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 65
e 66.
Por que o santuário na visão de Ezequiel, não pode ser a
igreja de Deus, que será a primeira a sentir o
golpe de Sua ira? Existem
vários motivos que nos levam a esta inescapável conclusão. Vejamos:
“Digo-vos, meus irmãos, que o Senhor tem um corpo organizado por cujo intermédio Ele irá operar.” –
Mensagens Escolhidas, vool.3, pág. 17.
Como a igreja
de Deus organizada, por cujo meio Deus vai operar para concluir Sua obra e salvar almas,
seria a primeira a sentir o golpe de Sua ira?
Apesar da ira de Deus atingir primeiramente os “que haviam
ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo”, não se pode entender que estas pessoas
infiéis estarão compondo
a igreja de Deus no início das pragas. Por que se
pode afirmar isso? Primeiro porque,
como se pode notar, a inspiração fala
dessas pessoas como tendo ocupado no passado o lugar de depositários do povo. Perceba: “haviam ocupado o lugar de
depositários dos interesses espirituais do povo.” Veja este outro texto que transmite a mesma ideia:
"E começaram pelos
homens mais velhos que estavam diante da casa." Ezeq. 9:1-6. A obra de
destruição se inicia entre os que professaram ser os guardas espirituais
do povo. Os falsos vigias são os primeiros a
cair. Ninguém há de quem se compadecer ou a quem poupar. Homens,
mulheres, donzelas e criancinhas perecem juntamente.” – Meditações Matinais de 1977, pág. 294.
Em algum momento
deixaram de ocupar
tal posição de “depositários dos interesses espirituais do povo”
e de “serem os guardas espirituais” da igreja. Quando foi isso?
É importante lembrar
que, por ocasião
da chuva serôdia,
período em que a obra de Deus será concluída
pela Sua igreja organizada, naquele tempo, a igreja estará purificada. A
sacudidura, que antecede a chuva serôdia,
eliminará da igreja
os “cães mudos, que não querem ladrar.”
“Todos os que desejarem abandonar
a congregação, terão oportunidade. O grande tempo do peneiramento está justamente diante de
nós. Os ciumentos e os descobridores de faltas, que praticam o mal serão sacudidos para fora.” – Testemunhos para a Igreja, vol. Pág. 251.
“A prosperidade multiplica a
massa dos que professam. A adversidade expurga-os
da igreja. Como uma classe, não
tem o espírito firme em Deus. Saem de nós, porque não são de nós,
pois quando surge tribulação ou
perseguição por causa da Palavra, muitos se escandalizam.” –
Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 479.
“E por aquele tempo a classe
dos superficiais, conservadores, cuja influência tem retardado decididamente o progresso da obra, renunciará a fé e tomará sua posição com os fracos
inimigos dela, para os quais
havia muito tempo
tendiam as suas simpatias.” – Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 164.
“Não vem distante o tempo em que toda alma terá de ser provada... Por esse tempo o ouro será separado da escória, na igreja. A verdadeira
piedade distinguir-se-á então claramente daquela que consiste na aparência. Muitas estrelas cujo brilho temos admirado, então se apagarão
transformando-se em trevas.
A palha, como nuvem,
será levada pelo vento, mesmo de lugares
onde só vemos ricos campos
de trigo.” – Serviço Cristão, pág. 49.
“A grande questão que está
tão próxima eliminará aqueles a quem
Deus não designou, e Ele terá um ministério puro, leal, santificado e
preparado para a chuva serôdia...” – Mensagens
Escolhidas, vol.3, pág. 385.
“Até ao fim do tempo, a
presença do Espírito deve ser encontrada com a verdadeira igreja.” –
Atos dos Apóstolos, pág. 55.
Como um ministério puro, santificado, leal,
cheio do Espírito
Santo e unido em um só corpo,
poderia ser o mesmo santuário a receber as pragas, o
golpe da ira de Deus depois de ter pregado o evangelho no mundo todo?
Ao contrário da igreja ser punida, a inspiração fala da
igreja sendo guardada e coberta pela justiça de Cristo:
“A Igreja há
de ser alimentada com o maná do Céu e guardada
unicamente sob a proteção de Sua graça.
Vestida com a completa armadura
de luz e justiça ela entra em seu conflito final.” – A Igreja Remanescente, pág. 14.
Não se pode
pensar que em tal condição a igreja seja objeto da
ira de Deus!
Veja estes outros textos:
“A hora mais negra da luta
da igreja com os poderes do mal, é a que imediatamente precede o dia do seu livramento
final. Mas ninguém que confie em Deus precisa temer; pois quando "o
sopro dos opressores é como a tempestade contra o muro" Deus será para a Sua igreja como
"um refúgio contra a tempestade". Isa. 25:4.” – Profetas e Reis, pág. 725.
“Jesus vê na Terra a Sua
igreja verdadeira, cuja maior ambição é com Ele cooperar na grande obra de salvar a humanidade. Ouve-lhes as orações,
apresentadas em contrição e poder, e a Onipotência não lhes pode resistir aos rogos para a salvação
de qualquer membro
provado e tentado
do corpo de Cristo. Jesus
sempre vive para interceder
por nós. Por nosso Redentor, que bênçãos não poderá o verdadeiro crente receber? A igreja, prestes a entrar no seu mais duro conflito, será para Deus o
objeto mais querido na Terra. A
confederação do mal será estimulada com poder de baixo e Satanás lançará todo o
opróbrio possível sobre os escolhidos
que ele não pode enganar e iludir com suas invenções e falsidades satânicas. Mas, exaltado "a Príncipe e Salvador,
para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados" (Atos 5:31), fechará Cristo, nosso Representante
e Cabeça, o coração, ou encolherá Sua mão, ou falsificará Sua promessa? - Não; nunca, nunca.” – Testemunhos Para Ministros, págs. 15, 16,
19 e 20.
Não se pode crer que este mesmo santuário, a igreja de Deus,
Seu “objeto mais querido na Terra” seja a primeira a sentir os efeitos das sete últimas pragas, o
golpe de Sua ira. A aplicação desse evento é
individualmente apenas sobre
“aqueles a quem Deus dera grande
luz, e que haviam ocupado o lugar de
depositários dos interesses espirituais do povo, (e que) haviam traído o seu depósito” os quais
haviam abandonado, portanto, tal posição e se retiraram da igreja por ocasião da sacudidura.
A igreja de Deus Permanece
Organizada até o Fim.
Outro ponto a ser considerado e esclarecido, é a ideia equivocada
de algumas pessoas que acreditam que,
no fim de todas as coisas, a organização da igreja de Deus será desfeita e que
os fiéis agirão independentes de organização religiosa
ou independentes de qualquer igreja.
Ou seja, durante
a sacudidura, estes fiéis
sairiam da igreja e os remanescentes de toda a Terra se uniriam sob a verdade, ficando
a igreja que abandonaram, exposta
assim à ira de Deus. A inspiração, porém, contradiz frontalmente esta teoria, com as seguintes
palavras:
“Alguns tem apresentado a ideia de
que, ao aproximar-nos do fim do tempo, cada
filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta
obra não há isso de cada qual ser
independente.” – Mensagens Escolhidas, vol.3, pág. 26.
Apesar de que em um tempo muito próximo a organização da igreja de Deus não será mais reconhecida pelos
governos terrestres, a mesma continuará existindo sob os olhos de Deus e
de Seu povo:
“Sei que o Senhor ama Sua igreja. Ela não deve ser desorganizada ou esfacelada em átomos independentes.
Não há nisto a mínima coerência; não
existe a mínima evidência de que tal coisa venha a se dar.” – Eventos Finais, pág. 46.
“Deus tem na Terra uma igreja que é Seu povo escolhido, que guarda Seus mandamentos. Ele está guiando não ramificações transviadas, não um aqui e outro ali, mas um povo.” –
Testemunhos para a Igreja. Vol.1, pág. 207.
A ideia ou ensinamento de que, no tempo da sacudidura, vai sair da igreja - que guarda
os mandamentos de Deus
- um remanescente para concluir a obra, é uma ideia
que procede de Satanás:
“Tomais passagens dos Testemunhos
que falam do fim do tempo da graça, da
sacudidura do povo de Deus, e
falais da saída dentre esse povo de um outro povo mais puro, santo, que
surgirá. Ora, tudo isso agrada ao inimigo.” – Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 179.
Voltando ao texto de Ezequiel
9, a única forma de harmonizarmos esta questão, portanto,
é entendermos que a inspiração
faz uso de um texto aplicado ao santuário nos dias de Ezequiel para representar aqueles entre o povo de Deus
que “haviam ocupado o lugar de
depositários dos interesses espirituais
do povo, (e que) haviam traído o seu depósito... Esses cães mudos, que não
querem ladrar, são aqueles que
sentirão a justa vingança de um Deus ofendido. Homens, virgens e crianças,
todos perecerão juntos.”
Ao terem se retirado da igreja, por ocasião da sacudidura,
estarão perdidos e serão então os primeiros
a sentirem o golpe da
ira de Deus.
O Tempo do Selamento e o Livramento da Igreja.
Sabemos também que os acontecimentos no capítulo 9 de
Ezequiel são proféticos. Essa visão de Ezequiel
encontra seu paralelo em Apocalipse 7, onde a mesma obra de assinalamento é
mostrada. Em Apocalipse 7, porém, é
mencionada esta obra ocorrendo não apenas em Jerusalém, mas entre as doze tribos de Israel espalhadas no mundo, indicando uma aplicação mais ampla e vasta da visão de Ezequiel. No tempo da visão de Ezequiel e do
Apóstolo João, mencionando a mesma obra do selamento, as doze tribos de Israel já não mais existiam.
Essa profecia, deve assim, ter uma aplicação futura mais ampla dos eventos
nela descritos, do que
poderiam ocorrer nos dias de
Ezequiel e João.
Mostrando uma obra de selamento mundial, em Apocalipse 7, lemos:
“E, depois destas coisas, vi
quatro anjos que estavam sobre os quatro
cantos da terra, retendo os quatro ventos
da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem
contra árvore alguma. E vi outro anjo
subir da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande
voz aos quatro
anjos, a quem fora dado o poder
de danificar a
terra e o
mar, dizendo: Não danifiqueis
a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado na testa os servos do nosso Deus. “E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta
e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. – Apocalipse 7:1-4.
Neste texto acrescenta-se também outro ponto
importante, não encontrado em Ezequiel: o número dos que
são selados. Na visão de Ezequiel - assim como Elias (I Reis 19:14;18) ele tem
a sensação de ter ficado sozinho
(Ezequiel 9:8), mas em Apocalipse 7, lemos de 144.000 que não dobram os joelhos
a Baal. A inspiração afirma,
mostrando a relação da obra do selamento com a certeza da proteção Divina sobre
a igreja:
“Esse selamento dos servos
de Deus é o mesmo que foi mostrado em visão a Ezequiel. João também
fora testemunha dessa tão assustadora revelação.” – Testemunhos para Ministros, pág. 445.
“São João vê os elementos da
natureza - terremoto, tempestade, e lutas políticas - representados como sendo retidos por quatro anjos.
Esses ventos estão
sendo controlados, até que Deus dê a ordem para serem soltos.
Nisto está a segurança da igreja de Deus. Os anjos de Deus obedecem
às Suas ordens,
controlando os ventos da
Terra, para que não soprem sobre a Terra, nem no mar, nem nas árvores, até que
os servos de Deus sejam assinalados
na fronte. O poderoso anjo é visto subindo do Oriente (ou nascente do Sol). O mais poderoso dos anjos tem na mão o selo
do Deus vivo, ou dAquele que é o único que pode dar a vida, que pode gravar nas frontes o sinal ou
inscrição, dizendo a quem será concedida a imortalidade, a vida eterna. É a voz desse mais elevado dos
anjos que tem autoridade para ordenar aos quatro anjos que segurem
os quatro ventos
até que se realize esta obra, e até que ele ordene que os soltem.” – Testemunhos para Ministros, pág. 444.
Assim, portanto, as profecias e as informações nelas
encontradas se somam. A revelação de Deus a Seu povo é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais
(Provérbios 4:18). Desta forma, sabemos que
essa profecia do selamento ou assinalamento tem um cumprimento após 1844 e não
nos dias de Ezequiel ou do Apóstolo João:
“Esta porta não foi aberta até que a mediação de Jesus no lugar santo do santuário terminou em 1844... Vi que a presente prova do sábado não poderia vir até que a mediação de Jesus no lugar santo terminasse e Ele passasse para dentro do segundo véu; portanto os cristãos que dormiram antes que a porta fosse aberta no santíssimo, quando terminou o clamor da meia-noite no sétimo mês, em 1844, e que não haviam guardado o verdadeiro sábado, agora repousam em esperança, pois não tiveram a luz e o teste sobre o sábado que nós agora temos, uma vez que a porta foi aberta Satanás está agora usando cada artifício neste tempo de selamento a fim de desviar a mente do povo de Deus da verdade presente e levá-los a vacilar. Vi que Deus estava estendendo uma cobertura sobre o Seu povo a fim de protegê-lo no tempo de angústia; e que cada alma que se decidia pela verdade e era pura de coração devia ser coberta com a proteção do Todo-poderoso Satanás estava procurando lançar mão de todas as suas artes a fim de
mantê-los onde estavam, até que o selamento passasse, até que a proteção
fosse tirada de sobre o povo de Deus
e este ficasse desprotegido da ardente ira de Deus nas sete últimas pragas.
Deus está começando a estender a cobertura sobre o Seu povo, e
ela logo será estendida sobre todos os que devem
ter um abrigo no dia da
matança.” – Primeiros Escritos, págs.
43 e 44.
A matança
mencionada no final do texto
é uma referência à visão de Ezequiel
9, onde serão mortos
“velhos, jovens,
virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los.”
No texto acima, vemos quando Deus começou a estender este
sinal ou “cobertura sobre o Seu povo, a Sua
igreja, Seu Santuário, a fim de protegê-lo no tempo de angústia” e da
matança, foi após Jesus passar do lugar santo
para o santíssimo em 1844 e a prova do sábado começasse a vigorar.
“Nossos pioneiros viram o tempo da expiação final (de 1844 até o
fim do tempo da graça) como o tempo
do selamento. E divisaram a mensagem que pregavam, convidando o povo a
prestar obediência a todos os
mandamentos de Deus, como a mensagem do
selamento.” – Revista Adventista semana de Oração 5-12 de Outubro de 1988.
“O tempo do selamento é muito curto, e logo passará. Agora, enquanto os quatro anjos estão contendo os ventos,
é o tempo de fazer firme a nossa vocação
e eleição.” – White, E. G. Primeiros Escritos,
pg. 58.
As Abominações.
“Notai cuidadosamente este
ponto: Os que receberem o puro sinal da verdade, neles gravado pelo poder do Espírito Santo, representado pelo sinal
feito pelo homem vestido de linho, são os que, "suspiram e gemem por todas as abominações que se
cometem" (Ezeq. 9:4) na igreja.” -
Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 336.
Logicamente, a igreja de Deus durante todo o tempo teve que
lutar contra abominações. Isso não significa,
no entanto, que a igreja aceita e convive tranquilamente com tais abominações e
pecados em seu meio.
“A igreja verá ainda dias trabalhosos. Profetizará vestida de saco.
Mas se bem que tenha de enfrentar heresias e perseguições, embora tenha de
combater contra infiéis e apóstatas, pelo auxílio de Deus, ainda ela está esmagando a cabeça de Satanás.” – Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 590.
Note que a igreja de Deus enfrenta
as heresias e combate contra
infiéis e apóstatas, e, nesta luta, ela tem saído
vitoriosa, tem esmagado a cabeça de Satanás. As abominações na igreja podem
surgir, mas a igreja, além de gemer e suspirar
por esses tristes
eventos, combate o pecado e a abominação, eliminando-a de seu meio. Por esse motivo é que em diversos
textos a igreja de Deus é apresentada sendo
a igreja militante, ou seja, aquela que milita, que luta. O verbo “militar” tem
exatamente esse sentido, a saber, “combater, lutar.” https://dicionario.priberam.org/militar
O problema maior não está nas abominações que se
comete no meio da igreja, mas nas abominações que a igreja comete. E o que
ocorre com as organizações que não são de Deus, é justamente as abominações que
estas igrejas cometem em suas alianças com o mundo.
A igreja militante luta contra a apostasia e a abominação e
não vê lógica alguma em usar o pecado ou abominações como argumento de legitimidade eclesiástica! Alguns têm feito uso equivocado de Ezequiel 9, dizendo
que Jerusalém representa a igreja, na qual são cometidas abominações, com o objetivo de tentarem assim, justificar uma
igreja apostatada e unida ao mundo. Mas as abominações cometidas na igreja, jamais deveriam ser usadas como um
distintivo da igreja! A igreja de Deus tem como característica e distinção a guarda dos mandamentos e a fé de Jesus e não por praticar
abominações:
“Aqui está a paciência dos santos;
aqui estão os que guardam os mandamentos
de Deus e a fé em Jesus.” – Apocalipse 14:12.
É
contra uma igreja que é fiel aos mandamentos de Deus, que Satanás está irado, e
não contra uma organização que comete
e pratica abominações:
“E o dragão irou-se contra a
mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.” – Apocalipse 12:17.
Como Deus tiraria
um povo das abominações do mundo para coloca-lo na igreja onde teria que enfrentar estas mesmas abominações?
“Deus está tirando
Seu povo das abominações do mundo, a fim de que guardem
Sua lei; e, por causa disto,
a ira do "acusador de nossos irmãos" não tem limites. "O diabo
desceu a vós, e tem grande ira, sabendo
que já tem pouco tempo." Apoc. 12:10 e 12. A terra antitípica da promessa
está precisamente diante de nós, e
Satanás está resolvido a destruir o povo de Deus, e separá-lo de sua herança. O
aviso: "Vigiai e orai, para que
não entreis em tentação" (Mar. 14:38), nunca foi mais necessário do que
hoje.” – Patriarcas e Profetas, pág. 689.
No caso de pecados e abominações declaradas na igreja, a
inspiração mostra o caminho a ser seguido para que o
desagrado de Deus não fique sobre a igreja:
“Ora, se teu irmão
pecar contra ti vai, e repreende-o entre
ti e ele só; se te ouvir ganhaste a teu irmão;
mas se não te ouvir, leva
ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as
escutar, dize-o à igreja; e, se também
não escutar à igreja, considera-o
como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na
Terra será ligado no Céu, e tudo
que desligardes na Terra, terá sido desligado no Céu." – Mateus 18:15-18.”
“Como um povo que professa ser reformador, de posse das mais solenes
e purificadoras verdades da Palavra
de Deus, devemos elevar a norma, muito mais do que está acontecendo agora. Deve-se tratar prontamente com o pecado e os pecadores na igreja, para que
outros não sejam contaminados. A verdade
e a pureza exigem que façamos uma obra completa para purificar o acampamento de
Acãs. Que os que ocupam posições
de responsabilidade não sofram pecado
num irmão. Mostrai-lhe que ele, ou tira o seu pecado, ou é separado
da igreja.” – Testemunhos para a Igreja,
vol. 5, págs. 141-147.
“Sejam os filhos do engano e falso
testemunho agasalhados por uma igreja que tem tido grande luz, grande evidência, e essa igreja desfar-se-á da mensagem que o
Senhor lhe enviou e acolherá as mais
desarrazoadas afirmações, e falsas suposições, e falsas teorias. Satanás ri-se de
sua loucura; pois ele sabe o que é
a verdade.” - Testemunhos para Ministros, pág. 409.
Uma
igreja que agasalha os filhos do engano, que cometem as abominações, que se
desapossa assim da mensagem que o
Senhor enviou, não pode ser a mesma igreja militante que está lutando contra o pecado
e que será purificada na sacudidura para concluir a obra de Deus.
A aplicação da visão de Ezequiel, onde Jerusalém representa
a igreja, é bastante restrita. Existe uma aplicação
de Jerusalém mais ampla, representando o mundo, e, neste caso, as abominações
cometidas são as que são praticadas
de forma mais plena e completa no mundo, e não na igreja. Lembre-se que a obra do selamento apresentada em Ezequiel
9 em verdade não ocorre apenas em Jerusalém, mas em toda a Terra.
“E, depois destas coisas, vi
quatro anjos que estavam sobre os quatro
cantos da terra, retendo os quatro ventos
da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem
contra árvore alguma.” – Apocalipse 7:1.
“O povo de Deus suspira e
geme pelas abominações cometidas na
Terra. Com lágrimas advertem os ímpios de seu perigo
em pisar a pés a lei divina,
e com indescritível pesar humilham-se perante o Senhor,
por causa de suas próprias transgressões... Enquanto Satanás instava com
suas acusações, santos anjos, invisíveis, passavam para cá e para lá, colocando sobre eles o selo do Deus vivo.”
– White, E. G. Meditações Matinais de 1977,
pg. 211.
Perceba como a inspiração menciona a obra do selamento em
conexão com as abominações que são cometidas na Terra:
“Sentimo-nos deprimidos,
muito deprimidos, ao contemplarmos o
mundo e sua impiedade. O mundo professamente
cristão acha-se envolto nas trevas que cobrem a Terra. Suspiramos e choramos pelas abominações que se praticam. Por que será que toda essa impiedade
não irrompe em decidida violência contra a justiça e a verdade? É porque os quatro anjos estão retendo os quatro ventos, para que não soprem
sobre a Terra.
Mas as paixões humanas estão alcançando um alto nível,
e o Espírito do Senhor
está sendo retirado da
Terra. Não fosse haver Deus ordenado que instrumentos angélicos controlassem os instrumentos satânicos que lutam por soltar-se e destruir, e não haveria
esperança. Mas os ventos serão
detidos até que os servos de Deus estejam selados na fronte.” –
Meditações Matinais de 1968, pág. 96.
“No tempo do fim o povo de Deus suspirará
e chorará por causa das abominações que se fazem na Terra.”
– Profetas
e Reis, pág. 590.
“Se sois realmente cristãos,
haveis de sentir-vos mais inclinados a entristecer-vos por causa das trevas morais que há no mundo do que a
condescender com a leviandade e o orgulho no vestuário. Achar-vos- eis entre os que choram e gemem por causa das abominações que se fazem na Terra.” – Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 355.
“O dia da vingança de Deus
está precisamente diante de nós. O selo
de Deus será colocado somente na testa
daqueles que suspiram e clamam por causa das abominações cometidas na Terra. Aqueles que se ligam ao mundo por laços de simpatia,
estão comendo e bebendo com os ébrios, e certamente serão destruídos com os que praticam a
iniqüidade. "Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos
às suas orações;
mas o rosto do Senhor é contra
os que fazem males." I Ped. 3:12.” – Testemunhos Seletos, vol.2, pág. 67.
Percebeu quantos textos
mencionando que as abominações são cometidas na Terra? Assim, temos uma visão mais geral e ampla de Ezequiel 9.
Não somente na visão de Ezequiel Jerusalém é utilizada para
representar o mundo, mas em diversos momentos a cidade
é usada como símbolo do mundo e não da
igreja.
Nos dias de Ezequiel, como vimos, Jerusalém foi mencionada para representar as abominações cometidas no mundo e a destruição pronunciada sobre a cidade representando a destruição final onde os que não receberem o sinal de Deus serão destruídos:
“Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos
compadeçais. Matai velhos, jovens,
virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o
sinal não vos chegueis.” – Ezequiel
9:6.
“Somente os que tem o selo do Deus vivo, serão abrigados
da tempestade de ira que brevemente
cairá sobre a cabeça
dos rejeitaram a verdade.” – Present Truth,
Setembro 1849.
“Os que hão de receber o selo do Deus vivo, e ser protegidos, no tempo de angústia,..” – Meditações Matinais
de 1977, pg. 240.
Nos dias de Jesus, o Salvador usou mais uma vez Jerusalém como símbolo do mundo:
“As lágrimas que Cristo derramou no Monte das
Oliveiras, ao contemplar a cidade escolhida, não eram somente por Jerusalém. No
destino de Jerusalém, viu a destruição do mundo.” – Parábolas de Jesus, pág. 302.
“As advertências que Cristo
deu a Jerusalém não se limitavam a eles
só. Os juízos sobre Jerusalém eram um
símbolo dos acontecimentos da vinda de Cristo para julgar no último dia,
quando diante dEle se reunirão
todas as nações.” – Testemunhos para Ministros, pág. 232.
“Cristo viu em Jerusalém um símbolo do mundo endurecido na incredulidade e rebelião, e apressando- se ao encontro
dos juízos retribuidores de Deus. As desgraças de uma raça decaída, oprimindo-Lhe a alma, arrancavam de Seus lábios aquele clamor
extremamente amargurado.” – O Grande Conflito,
pág, 22.
“A profecia do Salvador
relativa aos juízos que deveriam cair sobre Jerusalém há de ter outro cumprimento, do qual aquela terrível
desolação não foi senão tênue sombra. Na sorte da cidade escolhida podemos contemplar a condenação de um mundo que
rejeitou a misericórdia de Deus e calcou
a pés a Sua lei. Tenebrosos são os registros da miséria humana que a Terra tem
testemunhado durante seus longos séculos de crime.” – O Grande Conflito, pág. 36.
“Em Jerusalém contemplou Jesus um símbolo do mundo que Lhe rejeitara
e desprezara a graça.” – O Maior Discurso de
Cristo, pág. 151.
Nitidamente essa é a aplicação mais ampla e correta das
abominações cometidas em Jerusalém e recebendo o justo
castigo Divino.
As abominações do Mundo x Abominações na Igreja.
Não se pode, contudo, ignorar uma aplicação mais restrita
que a inspiração faz de Jerusalém como símbolo da igreja. Porém, é necessário também fazer uma distinção entre
as abominações cometidas na igreja de Deus,
com as abominações cometidas na terra. Não podem ser as mesmas abominações. As abominações cometidas na Terra e os
pecados declarados trazem o desfavor, a rejeição e condenação de um Deus zeloso.
“E não andeis nos estatutos
da gente que eu lanço fora de diante da vossa face, porque fizeram todas estas coisas;
portanto, fui enfadado
deles.” – Levítico 20:23.
“Ele nos mostra que, quando
Seu povo se encontra em pecado, devem-se tomar imediatamente medidas positivas para tirar esse pecado do meio
deles, a fim de que Seu desagrado não fique sobre todos.” – Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 334.
Existem, no entanto
abominações que as vezes passam
despercebidas pela maioria
dos olhos humanos
e, quando muito,
são discernidas por alguns, mas que, apesar
de trazerem tristeza
e angústia por serem muitas
vezes cometidas na igreja, nem sempre é possível acabar
decididamente com estes pecados:
“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.” Provérbios 28:9.
“Todos os métodos egoístas no serviço de Deus, são uma abominação aos Seus olhos.” – Conselhos sobre Educação, pág. 137.
“Não prometais uma porção ao
Senhor e então dela vos aproprieis para o vosso próprio uso, a fim de que as vossas orações para Ele não se tornem uma abominação. É a negligência desses
deveres claramente revelados que traz trevas
sobre a igreja.” – Review and Herald, 17 de dezembro de 1889.
“A hipocrisia é para Ele uma abominação. O seguidor de Cristo deve
andar pela fé, como quem vê o invisível. Cristo
será seu mais caro
tesouro, seu todo em tudo.” – Meditações Matinais de 1974, pág. 269.
“O egoísmo é abominação à vista de Deus e dos santos
anjos. Por causa deste pecado muitos têm deixado de alcançar o bem que estão capacitados a desfrutar. Olham com olhos
egoístas para suas próprias coisas,
e não amam nem buscam o interesse de outros como os seus próprios.” –
Testemunhos para a Igreja, vol. 2, págs. 550 e 551.
“Lábios mentirosos são-Lhe uma abominação. Ele declara que na cidade
santa "não entrará ... coisa alguma
que contamine, e cometa abominação e mentira". Apoc. 21:27. Seja a verdade
dita sem disfarces nem frouxidão.” – Atos dos
Apóstolos, pág. 76.
“Uma religião legal nunca poderá conduzir
almas a Cristo; pois é destituída de amor e de Cristo.
Jejuar ou orar quando imbuídos de um espírito de
justificação própria, é uma abominação
aos olhos de Deus. A solene
assembleia para o culto, a rotina das cerimônias religiosas, a humilhação
externa, o sacrifício imposto,
mostram que o que pratica essas coisas se considera justo, e com títulos ao
Céu, mas tudo é engano. Nossas próprias obras jamais poderão
comprar a salvação.” – Desejado de Todas as Nações pág. 280.
“Por toda parte se vê o seu
rastro viscoso. Cria o descontentamento e a dissensão nas famílias; provoca a inveja e ódio dos pobres contra os ricos;
inspira a opressão cruel do rico ao pobre. E
este mal não existe somente no mundo, mas na igreja
também. Quão comum é achar
mesmo ali o egoísmo, a avareza, a ganância, a negligência da caridade, e
o roubo a Deus "nos dízimos e ofertas"! Entre membros da igreja,
considerados idôneos e cumpridores do dever existem,
triste é dizer, muitos Acãs! Muito homem vem majestosamente à igreja, e senta-se à mesa do Senhor, enquanto
entre as suas posses se acham ocultos
lucros ilícitos, coisas
que Deus amaldiçoou.” – Patriarcas e Profetas, pág. 497.
“Algumas pessoas parecem
pensar que ao entrar na igreja ser-lhes-ão cumpridas as expectativas, e só encontrarão os que são puros e perfeitos. São zelosas na fé, e ao verem faltas nos membros da igreja, dizem: "Abandonamos o mundo para não nos associarmos com pessoas de mau caráter,
mas aqui também está o mal"; e perguntam, como os servos da parábola:
"Por que tem, então joio?" Mat. 13:27. Mas não precisamos ficar assim desapontados, pois o Senhor
não nos autorizou a chegar à conclusão de que a igreja é perfeita; e todo o nosso zelo não terá êxito em tornar a igreja militante tão pura como a igreja
triunfante. O Senhor nos proíbe
proceder de qualquer
maneira violenta contra
aqueles que julgamos estarem
em erro, e não devemos espalhar excomunhões e denúncias contra
os que estão em falta.”
– Testemunhos para Ministros, pág. 47.
Apesar de muitos
erros trazerem tristeza
ao povo de Deus,
“O verdadeiro caráter desses pretensos crentes não é plenamente manifesto” – Parábolas
de Jesus, pág. 72.
E esse fato
muitas vezes dificulta uma ação de disciplina eclesiástica. A inspiração adverte:
“Se tentássemos desarraigar da igreja
os que supomos serem
cristãos espúrios, certamente cometeríamos
erro.” – Parábolas de Jesus, pág. 71.
Certamente
muitas dessas abominações infelizmente irão existir na igreja, as vezes
cobertas com um manto de religião.
Mas pelo fato de a inspiração mencionar que podem existir tais abominações na igreja, isso não deve ser desculpa para
que na igreja sejam toleradas e mantidas todas as espécies de abominações e pecados.
Veja algumas abominações que jamais podem estar dentro
da igreja:
“A teoria
do tormento eterno
é uma das falsas doutrinas
que constituem o vinho das abominações de
Babilônia. ”
– O Grande Conflito, pág. 536.
Poderia a igreja
adotar ou tolerar
a doutrina do tormento eterno
com a desculpa de que na igreja devem existir
abominações?
“Se nos desviamos do testemunho da Palavra de Deus, aceitando
falsas doutrinas porque nossos pais as ensinaram, caímos sob a condenação pronunciada sobre Babilônia; estamos a beber do vinho de suas abominações.” – O Grande Conflito, pág. 536.
A igreja cristã apostatada, poderia citar Ezequiel 9, como
prova de que as abominações mencionadas pelo profeta,
estavam identificando a igreja durante
o processo de união com o paganismo, a fim de com isso
dar legitimidade à sua causa? Não, jamais! Veja:
“Foi necessária uma luta desesperada por parte daqueles que desejavam
ser fiéis, permanecendo firmes
contra os enganos e abominações que
se disfarçavam sob as vestes
sacerdotais e se introduziam na igreja. A Escritura Sagrada
não era aceita como a norma de fé. A doutrina da liberdade religiosa
era
chamada heresia,
sendo odiados e proscritos seus mantenedores.” – História da Redenção, pág. 324.
Uma conclusão totalmente equivocada poderia levar estes
fiéis, com base em Ezequiel 9, acharem que a
profecia de Ezequiel 9, dava autenticidade à causa daquela igreja apostatada e
unida ao mundo, pelo fato de Ezequiel
mencionar que, em Jerusalém, se cometem abominações, e que cabe aos fiéis
apenas gemer e suspirar?
“O costume de tratar com os espíritos familiares foi denunciado como
abominação ao Senhor, e solenemente proibido sob pena de morte
(Lev. 19:31; 20:27). O próprio nome de feitiçaria é hoje tido em desdém.
A pretensão de que os homens podem entreter comunicações com os espíritos
maus é considerada como fábula da Idade Média.” – O Grande Conflito,
pág. 556.
Logicamente tal abominação jamais
deve estar no meio da igreja de Deus.
“Vi que, havendo Jesus
deixado o lugar santo e entrado para dentro do segundo véu, as igrejas têm-se tornado esconderijo de toda espécie de ave imunda e
detestável. Vi nas igrejas grande
iniqüidade e vileza; contudo, os seus membros professam ser cristãos.
Sua profissão, suas orações e exortações constituem uma abominação aos olhos de Deus. Disse o anjo: "Deus não Se agradará
de suas assembleias. Egoísmo, mentira e engano são por eles praticados
sem reprovações da consciência. E sobre todos esses maus traços
lançam o manto da religião." Foi-me mostrado
o orgulho das igrejas nominais. Deus não está em seus pensamentos; sua mente carnal
demora-se neles mesmos;
decoram os seus pobres
corpos mortais, e olham então para si mesmos com satisfação e
prazer. Jesus e os anjos olham para eles com ira. Disse o anjo: "Seus
pecados e orgulho alcançaram o Céu. Sua
porção está preparada. Justiça e
juízo têm dormido por muito tempo, mas despertarão logo. Minha é a vingança, e Eu darei a
retribuição, diz o Senhor." – Primeiros
Escritos, pág. 274.
Os fiéis dentro das igrejas protestantes apostatadas,
poderiam usar tais abominações como prova de
serem a igreja onde ocorre o selamento, mesmo porque existem também
fiéis gemendo e suspirando por causa
desses pecados e abominações que atraem a ira de Jesus e dos anjos?
É fato que a igreja sempre lutou para manter o mundo fora
de suas portas. A igreja sabe que a união com
o mundo e suas abominações coloca a igreja em inimizade direta contra Deus
(Tiago 4:4). O povo do Advento se
manteve livre das formas mais temíveis de abominações por um tempo. Mas depois houve uma triste mudança. Falando da igreja Adventista, a irmã White escreveu:
“Quando estudo as Escrituras, fico alarmada por causa do Israel de Deus nestes
últimos dias. São exortados a fugir da idolatria. Receio que estejam adormecidos, e tão conformados com o mundo que seria
difícil discernir entre o que serve
a Deus e o que O não serve. Está aumentando a distância entre Cristo e Seu povo, e diminuindo entre eles e o mundo.
Os sinais distintivos entre o professo povo de Cristo e o mundo quase que desapareceram. Como o Israel de
outrora, seguem as abominações das
nações que os cercam.” – Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 277.
Alguns pontos
importantes:
1 –
Problemas de apostasia que estavam levedando a igreja Adventista não eram pecados
comuns enfrentados pela igreja ao
longo de sua história desde o início do mundo. A inspiração menciona que, na igreja, estava penetrando “as
abominações das nações.” E isso é muito grave. Lembre-se do texto: “E
não andeis nos estatutos da gente que eu lanço
fora de diante da vossa face, porque fizeram todas estas coisas; portanto,
fui enfadado deles.” – Levítico 20:23.
2 – Nitidamente a igreja passou por um período onde não tinha dentro de si as abominações das nações. Estava
então descaracterizada a igreja, como a igreja
de Deus, neste tempo onde deveria haver,
segundo alguns, as abominações pelas quais os fiéis gemem e
suspiram?
3 –
Claramente irmã White, ao escrever este texto, se coloca entre os féis que
estavam gemendo e suspirando pelas
abominações que estavam penetrando na igreja. Mas as abominações mencionadas pela profetisa, não eram quase nada
comparadas à presente situação existente na mesma organização atualmente! Note que, nas palavras da
serva do Senhor, estava apenas ficando difícil discernir um adventista de um mundano, hoje isso é
impossível! Naquele tempo, estava apenas “aumentando
a distância entre Cristo e Seu povo”, atualmente esse distanciamento se tornou astronômico e irreversível. Nos dias da profetisa os “sinais distintivos entre o professo povo de
Cristo e o mundo (haviam) quase que (desaparecidos)”, mais de 150 anos depois,
estes sinais há muito
que desapareceram.
Isso tudo sem mencionar o fato de que naquele tempo, os
valores morais da sociedade eram melhores do
que os existentes atualmente, o que poderia tornar uma comparação do mundo com
a igreja não muito distinta. Hoje, a
igreja assimilou totalmente o mundo em um estado imoral imensamente mais rebaixado e deplorável, perdendo sua
característica como igreja de Deus. Um exemplo disse, é o estilo de vestuário usado nos dias da irmã White.
Apesar do vestuário usado no mundo naqueles dias ser um vestuário bastante modesto, comparado com o atual, o fato da igreja
ter estado inclinada a usar o mesmo vestuário, trouxe dezenas de reprovações por parte da profetisa:
“Se sois realmente cristãos,
haveis de sentir-vos mais inclinados a entristecer-vos por causa das trevas morais
que há no mundo do que a condescender com a leviandade e o orgulho no vestuário. Achar-vos- eis entre os que choram e gemem por causa
das abominações que se fazem na Terra.” –
Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 355.
Existem muitas
outras abominações que podem separar
definitivamente um povo de Seu Deus.
“Há uma crescente tendência
de as mulheres adotarem em seu vestuário e aparência
tão semelhantes ao outro sexo
quanto possível e de confeccionarem seu vestuário muito semelhante ao do homem, mas Deus declara que isso é uma abominação.
"Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e
modéstia." I Tim. 2:9.
” – Orientação da Criança, pág. 427.
O que diria a irmã White nos dias de hoje, caso visse a
forma como os que se dizem cristãos se vestem
atualmente? Pensaria ela que assim deve ser, pois abominações devem existir na igreja? Ou diária ela:
“Vocês pensam que Deus receberá,
honrará e reconhecerá um povo tão misturado com o mundo
que apenas difere dele no nome?”
– White,
Ellen G. Testemunhos para a Igreja,
vol. 1, pág. 287.
“Jesus está para vir; encontrará Ele um povo em harmonia com
o mundo? E reconhecê-lo-á Ele como
Seu povo, que purificou para Si? Oh! Não. Ninguém senão os puros e santos há de Ele reconhecer como Seus. Os que foram purificados e branqueados por meio do sofrimento, e se mantiveram separados, imaculados do mundo, receberá
como Seus” – Testemunhos para a Igreja,
vol. 1, pág. 287.
Estes textos acima, transmitem uma mensagem bem diferente, daquela
que faz uso do texto de Ezequiel
9 em conexão com os pecados existentes na igreja, para tentar justificar
assim uma apostasia
denominacional.
4 – Por seguir as abominações de outras nações, Israel foi
rejeitado, e a igreja Adventista deveria ter
ficado atenta ao fato de que “se Deus não poupou os ramos naturais, teme
que te não poupe a ti também.” – Romanos 11:21.
“O Senhor diz:
"Deixaria Eu de castigar estas coisas?" Jer. 5:9. Por não haverem
cumprido o propósito de Deus, os
filhos de Israel foram abandonados e o convite divino foi estendido a outros
povos. Se estes (Os adventistas) também se provarem
infiéis, não serão
da mesma maneira
rejeitados?” – Parábolas de Jesus, pág. 304.
O capítulo 9 de Ezequiel fala de destruição e castigo,
especialmente para aqueles que viraram ou que
estão virando as costas para a verdade, os quais não cumpriram ou que
não estão realizando a missão para
qual foram chamados. Por outro lado, este capítulo não trata apenas de
destruição ou de uma calamidade que
traz a morte para aqueles que tiveram luz e conhecimento, mas que não foram
fiéis a este santo legado. Este texto
fala também de salvação, de graça e misericórdia para os que tiverem o selo de
Deus na testa. Pois,
“O dia da ira para os inimigos de Deus é o dia de final livramento para a Sua igreja.”
– Profetas e Reis, pág. 727.
Amém!
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