Preparamos um estudo com o
seguinte título: “É o casamento um concerto vitalício?” Que você poderá ler no
seguinte link.
No entanto, alguns sentiram a
necessidade de que algo fosse dito ou explicado sobre alguns textos de Ellen
White que parecem apoiar o novo casamento principalmente em base de divórcio
como é o caso de Walter C. ou irmão J, e com base em adultério como aparece no
texto do livro Lar Adventista pág. 344.
Vamos primeiramente fazer alguns
considerações sobre o texto do livro Lar Adventista:
“Vi que a irmã ------, por ora,
não tem direito de desposar outro homem; mas se ela, ou qualquer outra mulher,
obtiver um divórcio legal na base de adultério por parte do marido, então está
livre para casar com quem quiser.” Manuscrito 2, 1863 (Carta 4a, 1863).
Talvez este texto seja o que mais
parece dar à parte inocente o direito de um novo casamento. Algumas
considerações, porém, mostrar-nos-á que os que apoiam o novo casamento com base
nesta passagem estão apoiados em um fundamento frágil e sem estrutura teológica
e histórica. Vejamos os motivos:
1º - Textos de Cartas Pessoais de
Ellen White.
Geralmente todos os textos que
parecem dar direito ao novo casamento são retirados de cartas pessoais de Ellen
White, como é o texto que estamos considerando. Isto é perigoso, pois Ellen
White escreveu muitas coisas de natureza totalmente comuns e não baseada em
alguma revelação Divina.
"Há vezes
porem, em que se devem ser declaradas coisas comuns, pensamentos comuns
precisam ocupar a mente, cartas
comuns precisam ser escritas e informações dadas, as quais passaram de um a
outro dos obreiros. Tais
palavras, tais informações, não são dadas sob a inspiração especial do Espírito
de Deus." Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 39.
Apesar de que na maioria das cartas, a irmã White se encontrava sob
a influência do Espírito Santo, esta verdade não pode ser aplicada em todos os
momentos de sua vida em que ela escrevia cartas pessoais à pessoas específicas,
como é afirmado:
“Isto não quer dizer, de
modo algum, que toda carta que a Sra. White tenha escrito, fizesse-o sob
inspiração do Espírito do Senhor.” O Testemunho de Jesus,
pág. 64. Casa Publicadora Brasileira.
“Eram dados pela Srª. E.G. White testemunhos individuais e testemunhos
de caráter geral. Muitos desses testemunhos individuais se acham incluídos em
seus livros publicados. Alguns deles tratam de assuntos particulares da vida pessoal ou do lar do indivíduo, e não foram incluídos na coleção dos
Testemunhos for the Chrrch (Testemunhos para a Igreja).”
A igreja Adventista não respeitou essa separação entre escritos
inspirados e escritos pessoais que não revelavam a expressa vontade de Deus
através da revelação e acabou publicando textos que não deveriam ser publicados
como ocorreu nestas cartas pessoais sobre a questão de casamento divórcio e
novo casamento, as quais tratam de assuntos pessoais e que não revelam uma diretriz
ou que estas cartas estabelecessem um padrão ou uma decisão a ser seguida pela
igreja em todos os lugares e em todos os momentos e circunstâncias.
“Ellen White jamais esperou que
suas cartas pessoais fossem divulgadas ao público, exceto aquelas porções que
ela mesma empregava mais tarde na elaboração de um artigo para periódico ou em
cartas que julgava serem de interesse geral. Como se sentiriam as pessoas de
hoje se sua correspondência pessoal, de repente, caísse em domínio público?
Principalmente a correspondência escrita quarenta anos atrás? Especialmente
cartas confidenciais endereçadas a membros da família? Ou cartas de reprovação
a líderes preeminentes da igreja ou às esposas deles?
"Devemos, porém, ser realistas. Boa parte
da correspondência particular e confidencial de Ellen White (cartas que ela
jamais publicou) tornou-se pública.” Mensageira do Senhor,
pág.113, 114. Casa Publicadora Brasileira.
2º - Os Conselhos Pessoais de
Ellen White e a Bíblia.
Se a passagem em foco revela um
ponto doutrinário a guiar as decisões de casamento e novo casamento no meio do
povo de Deus, então estaríamos de frente com uma grande contradição entre o que
Ellen White escreveu e o que encontramos na Bíblia. Jesus disse:
“Qualquer que deixa sua mulher, e
casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo
marido, adultera também.” Lucas
16:18.
Façamos aqui uma comparação para
entendermos melhor:
Digamos que Manuel abandonou dona
Josefa e se casou com Francisca. Ele estará em adultério com dona Francisca
segundo as palavras de Jesus e os escritos de Ellen White. Dona Josefa, que é a
parte inocente, a qual fora abandona por seu Manuel, segundo o texto de Lucas,
se voltar a casar-se novamente, mesmo sendo a parte inocente, estará também em
adultério. Mas, segundo a carta de Ellen White, ela não estaria em pecado, já
que seu marido a abandonou e cometeu adultério! E então, o que fazer?
Parece que existe, por parte de
alguns, a tendência de darem mais importância ao que Ellen White escreveu sobre
casos pessoais e comuns do que àquilo que Jesus disse. Talvez porque isto
atende a seus desejos humanos e suas concepções equivocadas de misericórdia.
Não que os escritos de Ellen
White não tenham peso doutrinário, pois cremos que eles constituem uma
revelação de Deus a Seu povo por meio de Sua serva. Porém, devemos ter certos
critérios para com certas cartas (não todas), por tratarem estas de assuntos
pessoais.
Outro detalhe a considerar é que,
mesmo algumas igrejas que apoiam o novo casamento para a parte considerada
inocente e isto baseados em poucas declarações não da Bíblia, mas de Ellen
White, acabam por permitir também o novo casamento mesmo para a parte
considerada culpada. Isto é lastimável. Geralmente, um pecado aparentemente
menor abre caminho para outro bem maior. Precisamos estar atentos para este
fato.
3º - Os Conselhos Pessoais e o
que Ellen White Escreveu de acordo com a Palavra de Deus.
Além de uma grande contradição
com a Bíblia, esta carta de Ellen White vai contra muitos outros textos que ela
escreveu. Vejamos:
“Esse votos ligam os destinos de
duas pessoas com laços que coisa alguma senão a mão da morte deve
desatar.” - Testemunhos
Seletos, vol. 1, pág 576; Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e
Divórcio, pág. 14.
Aqui, nada se falou sobre
adultério ou divórcio, mas apenas da morte como sendo a única razão ou motivo
para por fim a um casamento.
“O casamento, união
vitalícia, é símbolo da união entre Cristo e a igreja.” - Testemunhos para a Igreja,
vol. 7, pág. 46.
Vitalício: Que dura a vida
inteira. Ou seja, nos escritos inspirados de Ellen White o casamento é um
concerto vitalício, pois o mesmo deve durar a vida toda. Isto está sem dúvida
alguma de acordo com o propósito e o plano de Deus como encontrado na Bíblia
Sagrada!
“O casamento é um passo que se dá
por toda a vida. Tanto o homem como a mulher devem
considerar cuidadosamente se podem viver um ao lado do outro através de todas
as dificuldades da vida enquanto ambos viverem.” - Lar Adventista pág. 340.
“O voto matrimonial que une o
marido à sua esposa deve permanecer intacto...”. - Testemunhos sobre Conduta Sexual
Adultério e Divórcio, pág. 78.
“Herodes sentiu-se afetado ao
ouvir os poderosos, diretos testemunhos de João, e com profundo interesse
indagou o que precisava fazer para tornar-se seu discípulo. João estava
familiarizado com o fato de que ele estava prestes a casar-se com a mulher de
seu irmão, estando o marido ainda vivo, e fielmente declarou
a Herodes que isto não era lícito.” - Primeiros Escritos, pág. 154.
Devemos nos lembrar ou não
esquecer que a obra do povo de Deus nestes últimos dias é simbolizada pela de
João batista (Conselhos sobre Regime Alimentar, pág. 71).
Então, eu fico me perguntando por
que estes textos muitas vezes não são citados? Percebe-se assim que muitos são
bastante tendenciosos e unilaterais quando expõem a questão.
Quando afirmamos que os escritos
de Ellen White não se contradizem com a Bíblia, nos referimos às revelações do
Espírito de Deus a ela. Em seu dia a dia, apesar de ter sido uma profetiza, ela
tinha suas deficiências e erros. Ela mesma escreveu:
“Com relação à infalibilidade,
nunca a pretendi; unicamente Deus é infalível. Sua palavra é a verdade, e não
há nEle mudança ou sombra de variação.” - Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 37.
4º - Não Tomar os Escritos de
Ellen White Como Regra na Questão do Casamento.
O que Ellen White escreveu sobre
casamento não deve ser tomado como regra se o que ela escreveu não for abonado
pela Bíblia. Vejamos:
“Quando foi solicitado a W.C.
White que apresentasse uma declaração de sua mãe, a qual pudesse servir
como padrão pelo qual se analisassem os casos de casamento
em desacordo com as Escrituras, ele respondeu: Depois de você
ler os documentos que hoje lhe enviei, você dirá: Bem, ele não apresenta nenhuma
declaração taxativa da irmã White que responda diretamente a
questão. Acredito, contudo, que você perceberá através dos documentos que lhe
envio, que foi intenção da Sra. White que não saísse de sua pena
coisa alguma que pudesse servir como lei ou regra, segundo a qual devesse ser
tratada esta questão do casamento, divórcio, novo casamento e adultério.
Ela sentia que os diferentes casos em que o diabo conseguira envolver as
pessoas seriam tão variados e sérios, que, escrevesse ela algo que
pudesse ser tomado como regra para tais casos, ocorreria compreensão errônea e
mau uso de seus escritos.” – W. C. White, em carta a C.P. Bollman,
6 de janeiro de 1931.” -
Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 8,9.
Mesmo a profetiza tomando todos
os cuidados, hoje se faz uso de algumas cartas pessoais dela sobre esta
questão, e querem fazer com que estas cartas sejam palavra decisiva na questão
de divórcio e novo casamento. Ellen White jamais intencionou tal coisa, pois
ela sabia que diversas situações envolveriam esta questão e, portanto, não se
poderia fazer uma regra única para definir todos os casos. Usar suas cartas
pessoais, as quais tratavam sobre assuntos singulares de casos específicos e
utilizar estas cartas para definir outros casos que podem ser parecidos, mas em
contexto totalmente diverso e diferente, é fazer mau uso dos escritos de Ellen
White.
5º - Nenhum Conselho Diferente de
Paulo.
Nos últimos anos de vida de Ellen
White ela se recusou a dar qualquer opinião sobre esta questão de divórcio ou
separação. Mesmo porque ela sabia que sua opinião, ainda que pessoal, poderia
ser utilizada de forma errônea. Lemos:
“Mamãe recebeu durante os últimos
vinte anos muitas cartas indagando acerca dos assuntos
que você escreve, e muitas vezes ela escreveu em resposta, dizendo que não
tinha conselho algum a dar diferente daquele do apóstolo Paulo.
Recentemente ela se recusou a lidar com cartas desse tipo,
dizendo que não as levássemos a seu conhecimento.” Testemunhos sobre Conduta
Sexual Adultério e Divórcio, pág. 219.
Como se pode notar, ela percebeu
que não deveria opinar sobre este ponto, que o único conselho que tinha para
dar, era o mesmo do apóstolo Paulo. Lembremos o que Paulo escreveu sobre isto:
“Porque a mulher que está sujeita
ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela
lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido.
De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera
se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está
da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido.” Romanos 7:2-3.
“Todavia, aos casados mando, não
eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se
apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o
marido; e que o marido não deixe a mulher.” I Coríntios 7:10-11.
“A mulher casada está ligada pela
lei todo o tempo que o seu marido vive; mas, se falecer o
seu marido fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no
Senhor.” I Corintios 7:39.
Esta postura de Ellen White sobre
o casamento, com certeza não era a mesma que ela havia deixado transparecer em
alguma carta pessoal no tempo em que não tinha ainda luz suficiente sobre o
assunto.
Então perguntamos: Nos escritos
inspirados de Ellen White, é o casamento um concerto vitalício? Respondemos:
Sem dúvida alguma, e graças a Deus por isto!
Ou seja, no fim de sua vida,
Ellen compreendia que esta era a posição mais segura, e justamente esta posição
é que nós como igreja temos adotado ao longo dos anos!
6º - A Igreja Deve Decidir com
Base no “Está Escrito”.
Apesar de esta ser a posição
geral que a profetiza adotou, a saber, que somente a morte de um dos cônjuges
desfaz uma união segundo a Bíblia, atitude adotada até hoje por nós como
povo, a igreja deve estar capacitada a dar uma posição de
acordo com “os diferentes casos em que o diabo conseguira envolver as
pessoas.” Comparando o que ela muitas vezes pensava com o que ela lia
nas páginas sagradas, Ellen White chegou à conclusão que não era dever dela
ditar nenhuma regra única a ser seguida baseada nos “tão variados e sérios”
casos de casamento e separação. Sobre isto Ellen White escreveu:
“Não acredito que quaisquer
questões como estas devessem ser postas diante de mim. Não creio ser meu
trabalho lidar com tais casos, a não ser que eles sejam plenamente abertos
diante de mim. Na igreja devem existir irmãos capazes de falar
decididamente a respeito deste caso. Não consigo compreender tais
coisas.” - Testemunhos
sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 219.
Em alguns casos, a decisão da
igreja, relativamente a alguém, pode ser a de que tal pessoa “se for
para o Céu, deverá ir sozinho, sem a comunhão da igreja. Uma
permanente censura da parte de Deus e da igreja deve estar sobre ele, para
que o padrão de moralidade não seja rebaixado ao pó.” -
Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 215.
7º - O Povo de Israel e Moisés,
Ellen White e a Igreja Adventista.
Existe um paralelo interessante
entre o povo de Israel e o povo adventista em muitos detalhes, e, nesta questão
de casamento e divórcio, de forma especial. Jesus disse que foi por causa da
dureza do coração que Moisés havia dado permissão para o divórcio (Mateus
19:8). Moisés, mesmo sendo o profeta de Deus, falou algo, segundo
as circunstâncias da época, que na verdade nunca esteve no coração de
Deus, a saber, que um homem pudesse dar carta de divórcio à sua esposa
(Deuteronômio 24:1), “pois o Eterno, o Deus Todo poderoso de Israel,
diz: Eu odeio o divórcio; eu odeio o homem que faz uma coisa tão
cruel assim.” (Malaquias 2:16. BLH).
Semelhantemente, Ellen White,
ainda nos primórdios de seu ministério profético, também deu certos conselhos
sobre a questão do casamento que, em realidade, segundo as circunstancias
da época, não retratavam a perfeita vontade Divina. O tempo e a vontade de
Deus, porém, revelada em sua Palavra, a ensinou sobre isto.
No tempo de Israel, o divórcio
foi permitido por causa da dureza do coração. E como foi a experiência da
igreja Adventista comparando-a com a nação israelita? Lemos:
“A mesma desobediência
e o mesmo fracasso observados na igreja judaica têm caracterizado
em maior grau o povo que recebeu esta grande luz do Céu
através das últimas mensagens de advertência.” - Testemunhos Seletos, vol.
2, pág. 157.
Isto justifica também a posição
inicial de Ellen White sobre casamento e divórcio na igreja Adventista, igreja
que possuía a mesma fraqueza da igreja Judaica, porém, em maior grau em todos
os aspectos, inclusive na questão matrimonial, posição corrigida no futuro,
quando Deus convidou então Seu povo para uma “completa reforma” atendida
por 2% da igreja Adventista. - Testemunhos para Ministros, pág. 514; Serviço
Cristão pág. 40,41.
Algumas pessoas questionam por
que Ellen White nesta carta escreve como se Deus tivesse dado a ela uma
revelação especial, ao escrever: "Vi que...". No entanto, esta
expressão pode ser compreendida de duas formas:
1ª - O "vi que"
pode significar que ela "entendeu que...", ou seja, um ponto
de vista humano da profetiza.
2ª - Que Deus havia dado a ela uma
revelação especial sobre aquele assunto. Neste caso, entendemos perfeitamente o
motivo da igreja Adventista repetir em muitos aspectos a mesma história do povo
de Israel também na questão do divórcio. Moisés, sendo o profeta da igreja
naquele tempo, disse, sob orientação e inspiração Divina, que um homem podia
divorciar-se de sua esposa se encontrasse nela alguma coisa que o desagradasse.
Semelhantemente, Ellen White, por volta do ano de 1863, como profetiza da
igreja, deu um parecer similar ao que Moisés havia dado devido à dureza de
coração do povo do advento. Mesmo Moisés dando ao povo um conselho sobre
inspiração Divina semelhante ao de Ellen White, Jesus deixou claro que isto não
estava nos planos originais de Deus, e que o divórcio fora permitido por causa
da dureza do coração do povo. Se na igreja Adventista esta dureza de coração
foi maior, o que se poderia esperar da profetiza à semelhança do que fez
Moisés? No entanto, é sempre bom ter em mente que o plano original de Deus tão
defendido por Jesus em Mateus 19:4-8, sempre foi o ideal Divino, e que "no
tempo do fim, toda instituição divina deve ser restaurada." - Profetas
e Reis, pág. 678.
Esta compreensão sobre casamento
inundou a vida Ellen White quase no fim de seu ministério.
Se alguns se firmam baseados
no “vi que” para apoiar hoje o divórcio e o novo casamento,
semelhantemente deveriam hoje ainda se alimentar de carne de porco e não
condenar também os que assim fazem. Ellen White escreveu:
“Vi que suas
ideias sobre a carne de porco não seria prejudicais se vocês as retivessem para
sim mesmos, mas, em seu julgamento e opinião, os
irmãos têm feito dessa questão uma prova...” – Testemunhos para a
Igreja, vol. 1, pág. 206, 207.
“Ao passo que diríamos aos que
estão dispostos a importunar os que cultivam lúpulo e fumo e criam porcos entre
nosso povo que eles não têm o direito de fazer destas coisas, em
qualquer sentido, uma prova de comunhão cristã,...”. - Mensagens Escolhidas,
vol. pág. 338.
Se o “vi que” deve
ser hoje uma base para a igreja permitir novo casamento, o mesmo “vi
que” deveria levar a igreja também a não fazer da carne de porco uma
prova de comunhão. No entanto, mesmo a igreja Adventista acredita que algumas
revelações de Deus a Ellen White, dadas a ela no início de seu ministério, não
devem servir como base, para as decisões da igreja no tempo atual quando a
vontade de Deus foi de forma mais claramente expressa (Conselhos sobre
Regime Alimentar, págs. 405, 412, 413).
Hoje, a igreja mencionada, faz da carne de porco uma prova de comunhão baseados
não nos escritos de Ellen White sobre o assunto, mas no que a Bíblia fala sobre este ponto (Levítico 11:6-8; Isaias 65:3; 66:17). No
caso do divórcio, a igreja deveria utilizar o mesmo critério, o qual nós
adotamos!
Em nossos dias, seria tão errado
buscar apoiar o divórcio com base nos escritos de Moisés como fizeram os
fariseus nos dias de Jesus, como também nos dias atuais procurar apoiar o
divórcio com base em algumas palavras de Ellen White!
Aos que citam pequenos textos das
cartas de Ellen White para dar apoio equivocado ao divórcio, repetimos as
palavra de Jesus: “Mas no princípio não foi assim.” Mateus 19:8. Sem
contar que quase no fim do ministério de Ellen White, no que se refere a ela,
também não foi!
O caso de J ou Walter C.
No livro Mensagens Escolhidas
volume 2, na página 340 se pode ler sobre o caso de J. Esta mesma carta pode
ser encontrada também no livro Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e
Divórcio, publicado pela casa Publicadora Brasileira. Neste livro, você
encontra esta mesma carta em sua forma completa. Neste livro, a carta menciona
Walter C. Já no livro mensagens escolhidas, este mesmo jovem aparece com apenas
uma letra para identifica-lo: “J”.
Citaremos apenas as partes mais
interessantes da carta. Uma parte, a que é mais citada pelos defensores daquilo
que Deus odeio, o divórcio, lemos:
“J não se separou de sua esposa.
Ela o deixou e separou-se dele, e casou com outro homem. Não vejo nada na
Escritura que o proíba de tornar a casar-se no Senhor. Ele tem direito à
afeição de uma mulher.” -
Mensagens Escolhidas vol. 2, pág. 340.
Alguns pontos devem ser
esclarecidos aqui nesta carta. Vejamos:
1º - Esta, assim como a
primeira carta que analisamos, é também uma carta de aconselhamento pessoal, e
não reflete a soberana vontade de Deus ou algum ponto de doutrina. É fácil ver
isto de forma bem prática e clara. Vejamos, Ellen White escreveu:
“...pode ser que
esse casamento esteja no desígnio de Deus...” - Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 339; Testemunhos sobre
Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 67.
Perguntamos: Com Deus
existe “pode ser”????? É muito fácil ver que esta carta
se trata de um conselho totalmente pessoal, e não de alguma revelação Divina a
Ellen White ou alguma inspiração, ao dar ela tal conselho.
Ellen White deixou claro tratar-se
de um parecer unicamente pessoal. Na carta, ela fez questão de escrever:
“Como pediste MEU conselho,
dou-o francamente.” -
Mensagens Escolhidas vol. 2, pág. 340. Testemunhos sobre Conduta Sexual
Adultério e Divórcio, pág. 72.
Não é, portanto o parecer de
Deus, mas o parecer de Ellen White apenas como uma humana passível de erro como
qualquer profeta ou profetiza, ao dar sua própria opinião. Veja exemplo
em II Samuel 7:1-13 quando o profeta Natã aconselhou Davi que edificasse o
templo, quando, na verdade, Deus tinha outros planos. Mas o profeta deu apenas
sua opinião no caso.
A irmã White ainda escreveu:
“Este é o MEU ponto
de vista.” - Testemunhos sobre
Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 69.
2º - Se o caso de muitos que
usam esta carta para se casarem novamente for o mesmo caso de Walter “C” então
não vemos tanto problema assim. Mas qual era o problema de Walter? Vejamos:
“Ele (Walter C ou J) tem direito
à afeição de uma mulher que, sabedora de seu defeito físico,
decide devotar-lhe seu amor. Chegou o tempo em que ser estéril não é pior coisa
que pode ocorrer.” - Testemunhos
sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 68.
Bem, esterilidade não é defeito
físico, mas um defeito fisiológico! Ellen White, estava então não falando
meramente de um problema de esterilidade, mas de um defeito físico. Qual era
ele? Lemos:
“Quando ainda bastante jovem,
Walter C levou a cabo o que lhe pareceu uma sugestão, em Mateus
19:12, tornando-se eunuco. Segundo Walter, Laura casou com ele
conhecendo plenamente sua condição. Contudo, ela inesperadamente se divorciou
dele e desposou outro homem. Depois disso, Walter tornou a casar. As cartas
transcritas nesta seção revelam o sincero esforço de Ellen White no sentido de
proteger a santidade do compromisso matrimonial mesmo em face de
circunstâncias extremamente difíceis.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual
Adultério e Divórcio, pág. 54.
Eis o defeito físico de Walter
C., ele fez algo como uma cirurgia tornando-se literalmente eunuco. Por isso
disse que, se o caso das pessoas que utilizam esta carta escrita a Walter, para
contrair novo casamento, tiver o mesmo problema dele, não vemos tanta
dificuldade. ...
Nestas circunstâncias, qual era o
relacionamento de Walter C. com sua segunda esposa? Eis a resposta:
“Poderá acompanhar o marido em
suas viagens e ser-lhe de ajuda; quando permanecer no lar, poderá
servir ao senhor como se não fosse casada. Este é o meu ponto
de vista.” - Testemunhos
sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 69.
Portanto, o caso de Walter não
tem nenhuma semelhança com os casos existentes hoje nas igrejas que professam
fé na mensagem do terceiro anjo, então, querer aplicar o caso de Walter às
circunstâncias de hoje no que se refere ao casamento, desvirtua a beleza da
verdade como ela é em Jesus! E, não devemos nos esquecer das primeiras
considerações que fizemos neste artigo no texto do livro Lar Adventista.
Sempre que nos depararmos com
certos textos que parecem contradizer a verdade, devemos sempre avaliar o
tempo, as circunstâncias, o lugar em que estes textos foram escritos. Isto nos
ajuda a harmonizar a mensagem e vemos perfeita simetria, beleza e harmonia na
mensagem que pregamos.
“Quanto aos testemunhos,
coisa alguma é ignorada; coisa alguma é rejeitada; o tempo e o
lugar, porém, têm que ser considerados”. - Mensagens Escolhidas vol. 1, pág.
57.
As outras passagens que são
utilizadas com o objetivo de dizer que o adultério dá motivos suficientes para
dissolver uma união matrimonial (Lar Adventista pág. 344 e
345; Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, págs. 78,79;
158,159; 250), mostram apenas que tal pecado pode separar um casal. Estes
textos não mencionam jamais um novo casamento e, segundo Lucas 16:18, mesmo à
parte inocente nestas condições é vedado um novo matrimônio.
A igreja tem sobre si a missão de
restaurar os lugares antigamente assolados e restaurar os fundamentos de
geração em geração (Isaias 58:12). O casamento precisa ser restaurado como Deus
o criou. Foi feita pelo inimigo, através do divórcio, uma brecha na família. O
divórcio é invenção diabólica, coisa que Deus odeia. À Sua igreja, Deus deu a
sublime e solene missão de, assim como João Batista, proteger a família através
da restauração dos princípios edênicos do casamento. Que Jesus, aquele que deu
a própria vida em prol da família humana, una os lares, coração de pai ligado
ao da mãe e os destes aos dos filhos.
Existem muitos lares sendo destruídos.
O diabo deseja ver pais separados e lares infelizes e desfeitos. Os pais se
tornam egoístas ao sentirem-se livres para unir suas vidas a uma nova pessoa,
sem que se comovam do trauma que causarão na mente de seus filhos por toda a
vida e a ruína que estão causando na família.
Apelo aos casais do mundo todo
para que se apeguem a Jesus. Orem para que Jesus aumente ou até mesmo implante
novamente o amor em vosso coração e em vosso lar.
“Você poderá dizer que não ama o
esposo. Deve isto ser razão para tentar não amá-lo? Porventura é a presente
vida tão longa e de tanto valor que decidirá seguir o próprio caminho e
apartar-se da lei de Deus?” - Testemunhos
sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 55.
“Portanto, o que Deus ajuntou,
não o separe o homem.” Mateus
19:5.
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